Com a ajuda de Ruggero, Bruno levou Antonella até seus aposentos e pediu ao filho que saísse, pois ele cuidaria dela.
O próprio rei estava atônito com o que Ravi disse, mas a sua surpresa teria que esperar, já que a esposa ainda estava fora de si, desnorteada e acabava de acordar do desmaio que o impacto da noticia a causou.Ele se sentou na beirada da cama e tomou a mão da esposa nas suas.
Aflito, o rei encarou a rainha.
─ Diga que aquilo foi uma grande mentira. ─ Ela disse com a voz rouca, entalada. ─ Bruno, diga que foi só um pesadelo, que meu filho não vai se casar com aquela mulherzinha. Diga!
─ Antonella, acalme-se.
─ Como?! Como eu posso me acalmar se o Ravi quer cometer uma heresia dessa? Ele não pode se casar com ela! Não pode!
Bruno exalou com força.
─ Eu tenho certeza que há uma boa explicação. O nosso filho jamais agiria assim.
─ E que explicação isso teria? Pelo amor de Deus! Ele está cego!
─ Não acredito que seja para tanto. Ravi é um homem, é inteligente, estudado, tem perfeita consciência do que é certo ou errado...
─ Mas você, meu marido, mais do que ninguém sabe como o amor pode cegar um homem. Ou não? Retruque se eu estiver errada. Vá!
O rei abanou a cabeça e soltou a mão dela, ficando de pé.
Antonella sempre achava uma forma de jogar o passado em sua cara, trazendo à tona feridas que aparentemente nunca cicatrizaram - ao menos para ela.
─ Vai começar com isso?
─ E o que quer que eu diga se já vi essa história antes? Quer dizer, por sorte você foi mais esperto e soube perceber que aquela mulher estava te enganando, manipulando seus sentimentos, só para ocupar o trono ao seu lado. Era uma aproveitadora!
─ Não fale assim da Lily! Eu não permito!
A rainha abriu um sorriso de escárnio. Sempre que falava daquela mulher, Bruno perdia as estribeiras, até alterava o tom de voz. E isso a magoava. Magoava muito, porque se seu marido ainda se sentia tão afetado por Lily, era óbvio que algum sentimento permanecia em seu peito.
Enojada, Antonella desceu da cama.
─ Vai defendê-la na minha cara?! Você é um estúpido!
─ Estou sendo coerente! ─ Bruno retrucou, exasperado. ─ Lily sequer está aqui para se defender. Nós dois sabemos que ela sumiu depois...
─ Depois da noite que vocês passaram juntos anos atrás? Da noite em que você me traiu friamente, mesmo que estivéssemos no inicio do casamento?
O rei soltou o ar pela boca e andou até a janela, então voltou, agoniado.
Não queria trazer as dores daquele assunto à tona. Não valia a pena. Lily foi embora, sumiu no mundo, deixo-o para trás. O que mais Antonella queria?
Já tinha acabado.─ Eu já implorei pelo seu perdão. ─ Murmurou. ─ Errei em tê-la traído aquela noite e não me orgulho disso. O que você ainda quer de mim? Se está esperando que eu me ajoelhe, não irei. Lily foi o grande amor da minha vida e nunca lhe escondi esse fato. Mas assim como esperavam, eu a deixei para cumprir o meu destino. E estou aqui, ou não? Então, por favor, pare. Pare de remexer em algo que só é capaz de nos magoar, Antonella. Tenha discernimento.
Fitando-o por trás de todo seu ressentimento, a rainha secou o rosto com o antebraço, depois puxou o ar, empinando o queixo.
Ela o amava. Amo-o no primeiro momento que o viu, mesmo que ainda estivesse completamente afetada pela morte de seu primeiro marido. Havia doído muito perder Albert, ainda mais por toda a estória que tiveram juntos. Mas amor mesmo ela só sentiu com Bruno e queria muito que fosse o mesmo para ele.
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A Face do Anjo
FanfictionSINOPSE:"No inverno de 1840 o Reino de Áquila, situado ao Sul da Inglaterra, fora bombardeado por fofocas em torno de uma moça que havia sido encontrada desmaiada na floresta. A jovem tivera a sorte de ser resgatada pelos irmãos mais importantes de...