O dia mal tinha amanhecido e uma discussão já ia se formando por entre as paredes do castelo.
Sem que a esposa soubesse, Ravi a estava esperando perto da porta do quarto dela, andando para lá e para cá, disposto a pedir perdão mais uma vez e implorar que acabassem com aquele distanciamento todo, principalmente porque o baile de mascaras já se aproximava e todos precisavam ver uma boa relação entre eles.Na cabeça dele, ele já havia dado muito tempo a esposa, permitindo que ela acalmasse as idéias e deixasse de lado os acontecimentos do passado que em nada podiam mudar o futuro, já que o rei se sentia diferente, muito melhor e mais controlado.
Era como se o antigo Ravi estivesse de volta.
Entretanto, quando a rainha abriu a porta e viu o marido, foi como se todo o trauma ainda estivesse ali ao alcance das mãos e, sinceramente, isso lhe embrulhava o estômago tão forte que ela decidiu dar uns passos para trás, segurando a maçaneta com a mão gelada.
─ Eu já disse que não quero você perto do meu quarto, Ravi. Vou chamar os guardas...
─ Não precisa, querida... ─ Ele respirou fundo cruzando os braços, tomando um pouco de distância. ─ Eu só queria perguntar se posso acompanhá-la até as obras da escola. Veja, já posso andar sem a bengala e estou melhorando.
Karol o olhou de cima a baixo e assentiu vagamente.
─ Você quer parabéns pela sua melhora? Porque se eu bem me recordo, você ficou assim por ter...
─ Não precisa falar. ─ Engoliu em seco, corando. ─ Estou ciente do meu erro e, por favor, permita-me consertá-lo. Eu sei que posso fazer isso. Deixe-me ficar perto de você como antes, conversar, quem sabe até andar a cavalo no campo aberto... Apenas, deixe-me ser o marido que você merece, meu amor.
Uma risada desdenhosa escapou da boca da rainha.
─ Você não seria o marido que eu mereço nem se estivesse coberto de ouro ou com as intenções mais puras do mundo. E sabe por quê? Porque nós dois sabemos que a sua mudança não é real, simplesmente você resolveu agir assim, mas logo voltará tudo de novo, porque aquele homem é você! E quanto mais reprimimos o nosso lado ruim, mais ele fica forte e capaz de nos dominar. E eu não quero estar por perto quando isso acontecer, Ravi.
Agoniado, ele tentou tocá-la, mas Karol encolheu o corpo, afastando-se mais da porta e dele.
Ravi pigarreou, dando uns passos para trás.
─ Perdão. Eu só quero que veja que é real. Dei-me uma chance de provar. Eu quero salvar o nosso casamento, o nosso reinado. O povo precisa que estejamos bem para governar Áquila da melhor forma.
─ Mas eu estou indo muito bem em meus projetos, inclusive, hoje além de ir à obra da escola, passarei em um dos centros de doação para deixar roupas e agasalhos. Acredito que o povo precisa disso e não ficar assistindo a um romance fingido.
─ Engraçado, porque você aceita muito bem a ajuda do meu irmão, do Theodoro, da Nelly e de qualquer outro estranho que cruze o seu caminho.
─ E mesmo assim não ficou claro para você que estou te evitando? ─ Rebateu com sarcasmo. ─ Eu pensei que você era mais inteligente.
Ravi tencionou o maxilar e fechou as mãos em punho.
─ Eu sou o seu marido e você me deve respeito. E eu sei que podemos endireitar essa união da forma que deve ser.
A rainha franziu o cenho.
─ Endireitar? Ah meu Deus! Ravi, por favor, pare de tentar. Vá fazer alguma coisa, apaixone-se por alguém que o queira, viva a sua vida, porque entre nós dois não haverá absolutamente nada! Eu não amo você!
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A Face do Anjo
FanfictionSINOPSE:"No inverno de 1840 o Reino de Áquila, situado ao Sul da Inglaterra, fora bombardeado por fofocas em torno de uma moça que havia sido encontrada desmaiada na floresta. A jovem tivera a sorte de ser resgatada pelos irmãos mais importantes de...