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Então eu estava sentindo-me liberta...

A melhor escolha que eu poderia ter tomado? É claro! A sensação de liberdade é sem igual.
Porém, ela foi passageira... É sempre assim?
Ou, o sapato da Prada está começando a ficar pesado demais, alto de mais, e as ruas iluminadas de Paris estão me causando vertigem, e aos poucos sugando a sensação maravilhosa de alforria?
Alforria da megera, El dragon, dama de ferro?

Miranda tinha sido tão cruel. Tão filha de uma P. que eu senti saudades de mim, do meu sorriso, meu olhar, meu jeitão, minha forma de pensar, e dentro do carro com ela, antes de chegar ao evento, depois de tudo que ela falou, olhei bem dentro de mim e percebi que eu não estava mais aqui, então me dei conta, que os momentos que não me encontro, são exatamente aqueles em que eu tento agradar os outros e acabo esquecendo de mim, então simplesmente resolvi me buscar novamente.

Mas... Sempre tem o raio de um maldito mas, e eu não posso negar que o que ela havia me falado dentro do carro tenha suas verdades. Não posso mais sustentar o fato de não ter escolha, eu tinha escolha, se colocar em uma posição de não ter escolha também é uma escolha, e ao aceitar vir para Paris com Miranda Priestly, mesmo sabendo que era o sonho de Emily, foi o mesmo que ela fez com Nigel, porém, em uma escala, proporção bem menor. Digamos que a dela foi a catarata do Iguaçu e o meu apenas uma gota d’água no deserto do Saara.

A quem eu quero enganar mesmo?
A verdade é que enquanto eu ando sem rumo e sem saber sequer onde estou — algo que já tá me deixando preocupada — o arrependimento de ter abandonado Miranda no ultimo dia de desfile na semana da moda aqui em Paris está roubando todo o lugar da liberdade que poucos minutos havia tomado o meu ser.

— Será que sei voltar? – Questiono-me olhando para trás e vendo que andei muitas quadras.

O anoitecer aparece tão de repente. E eu sequer tenho um celular para ligar para alguém. Com certeza o desespero está batendo na porta do meu ser.
Paro por alguns segundo pensando o que eu posso fazer.
E se eu voltasse e falasse para Miranda que precisei ir desesperada ao banheiro? Uma dor de barriga, qualquer coisa do tipo... Sei lá!
A ideia de que eu nunca mais irei ter contato algum com aquela desgraçada, está fazendo meu coração agir estranho.
A possibilidade de que eu nunca mais irei ouvir “isso é tudo”, ou meu nome com o inglês nativo carregado está fazendo meu estomago revirar.

— AAAAAAH eu não quero mais deixar Miranda, quer dizer, não quero mais deixar o meu emprego! – Por mais que me assuste tudo o que ela fez. Eu consigo entendê-la.

E agora sei que nesse meio, como em qualquer outro, você tem que saber ganhar e fazer de tudo para não te fazerem perder.
Porra! Quem se sacrificou pelos outro foi Jesus, e mesmo assim, ele recebeu o que recebeu. Seria tolice de Miranda se sacrificar por Nigel, mesmo ele sendo um único amigo aparente que ela tem.

— Que estranho, nesses longos e estressantes meses, nunca vi Miranda recebendo sequer uma ligação de algum amigo. Que triste!— Suspiro olhando lentamente as ruas iluminadas. Um taxi seria uma ótima ideia, eles sempre sabem onde fica tudo.

Será que um dia irei parar de divagar tanto? Talvez divagar se impregnou na minha personalidade, que não é nada fácil e nem grande coisa.

Arggggggg! Nenhum taxi.

Ainda preciso inventar uma desculpa para Miranda. Confesso que estou morrendo de medo. Em todos os quadros mentais que eu pinto essa situação, não sai uma bela arte.
Com certeza ela irá perguntar se cai, e bati com a cabeça, ou simplesmente balançará sua mão no ar me impedindo de falar, e me dispensará. Por que meus olhos estão enchendo de lágrimas? Por que meu coração parece está pequeno?
Por que a possibilidade de nunca mais ouvir a voz de Miranda diretamente a mim, está me fazendo sentir essas coisas?
Caramba, porque essas sensações estão me deixando assim? Eu quero a minha mãe.

— TAXIIII? – Praticamente me jogo em frente ao carro, fazendo o condutor frear abruptamente.

— Ficou maluca! – O taxista questiona com os olhos arregalados enquanto bate no volante. Parece irritado!

— Por favor, me leva para Carrousel du Louvre! – Respondo entrando no carro.

Pareceu-me que ele não entendeu nada do que eu disse além do nome: Carrousel du Louvre. O local onde acontece A Paris Fashion Week. Mas, ele balança a cabeça em concordância e começa a dirigir, e é isso que importa.

Queria ter usado esse tempo dentro do carro para pensar em um motivo plausível pelo abandono repentino, e também explicar como acidentalmente meu celular estar entre as moedas debaixo d’água na fonte dos desejos, queria ter pensado em uma desculpa de simplesmente ter a deixado quando é o momento que ela mais precisa de mim como assistente. Porém, meu cérebro simplesmente resolve fazer cosplay de um quadro em branco. Eu não estou conseguindo formular um sequer pensamento. Nada, exatamente nada se passava em minha mente.

O mais engraçado é que o taxista me tira do devaneio apontando para o local do evento. Mas que devaneio se eu não estava pensando em nada?
Se estivéssemos no The Sims, eu diria que o cara que me controla está jogando só para zuar mesmo...

Abro minha pequena bolsa tirando dinheiro para pagar o taxista, saio às pressas, em destino a minha morte, e agradeço aos deuses soberanos por eu não ter jogado minha credencial juntamente com o celular.
Mostro-a para o segurança e ele me permite entrar. Eu sento meu coração querendo sair pela boca. Sim! Eu estou com um puta medo!
Respiro fundo e sigo em direção as cadeiras da primeira fila no desfile.

Céus! E lá estar ela com seu bico torto, demonstrando desagrado, olhando para os lados sutilmente, parece preocupada, a cadeira ao seu lado tá vazia, claro! Porque aquela cadeira é a minha, e eu estou aqui ainda como uma estatua com medo de me aproximar.

Sinto o sangue do meu corpo esvair completamente quando Miranda bate suas orbes azuis diretamente em meus olhos achocolatados, imediatamente os arregalo. Sinto dificuldade em engolir minha própria saliva. Miranda semicerra os olhos ainda me encarando, e eu sem conseguir desviar meus olhos do dela, começo a andar lentamente e extremamente insegura, é como se ela quem estivem me fazendo ir até ela, movendo-me apenas com o olhar. Realmente uma bruxa. Maldita de uma gostosa bruxa. — O que raio estou pensando?

— Co-com-com licença. – Falo ao me sentar ao seu lado. Eu queria, e sei que terei que falar algo, mas eu simplesmente pareço ter esquecido como se fala qualquer palavra básica. Imagina formular uma frase nem muito curta, e nem muito longa para Miranda Priestly?

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Minha primeira fic, espero que gostem, dêem feedback.

Louca para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora