A semana foi bem complicada para mim, a sensação de que alguém me segue, ou me observa sempre tá presente e me causa certo incomodo, mas nada mais incomodo de que uma rotina conturbada entre tentar me organizar pessoalmente e profissionalmente.
Miranda segue praticamente ignorando a minha existência, e bem... eu sigo respeitando o seu espaço me ocupando ainda mais em me livrar dos entulhos que Nate transformou o apartamento que dividíamos. Mas, o desespero bateu em minha porta no momento em que o dono me mandou o orçamento de tudo que ele conseguiu destruir. Enquanto Nigel segue tentando me convencer em aceitar ajuda financeira da Miranda, mas, eu preferi usar todas minhas economias, e, pedir ajuda para meus pais, mesmo que isso englobasse ouvir que eu fui responsável por tudo que aconteceu, que se eu soubesse ser mais paciente e receptiva não teria despertado a fúria de um garoto tão doce. O discurso de Miranda me veio em mente e só no momento que eu ouvi meus pais me responsabilizando por tudo, compreendi completamente o que Miranda quis dizer. E em pleno século 21 a sociedade ainda joga a responsabilidade de um relacionamento todo em cima das mulheres.
— Um artigo sobre isso seria curioso.
"Eu sabia que esse espírito revolucionário atrapalharia sua vida." Ouço minha mãe bodejar e eu reviro os olhos e percebo que peguei alguns trejeitos de Miranda.
"Seria mais fácil eu aceitar um relacionamento fracassado do que exigir o mínimo de respeito." Essa frase foi suficiente para que meus pais desligasse o telefone na minha cara. Mas, se eu estou superando o término catastrófico com o namorado "perfeito", eles também vão superar. Só não quero imaginar a reação deles quando descobrirem que eu me descobri atraída por mulheres. Ressalva; não sei se é por mulheres, confesso que olho para as outras e não sinto nada, não sei se isso significa que eu não sou uma pessoa galinha, ou que eu sou apenas Mirandassexual. Sinto atração apenas por ela...
É sexta-feira e eu espero cansada, o livro ficar pronto. Era para está pronto há quinze minutos, e o pessoal responsável por ele disse que vai atrasar mais um pouco, e eu nem quero ver a cara da Miranda em respeito disso.
São quase onze horas e o livro chega. O pego respirando em alivio e chamo um táxi para ir até a casa de Miranda. A noite parece mais quente, mesmo nessa época do ano em que deveria ser mais fria, o aquecimento global embaralhando tudo para variar.
Olho para fora da janela avistando um casal beijando-se apoiados em um carro.
O táxi aos pouco vai perdendo a velocidade indicando que estamos chegando, respiro fundo torcendo que Miranda ainda não tenha chegado a casa. Ela estava em um coquetel importante que fora acompanhada de Emily.
Aproximo-me lentamente da porta e ao enfiar a chave na porta, ouço sussurros incompreensíveis. Percebo que a porta já tá aberta, franzo o cenho ao reconhecer a voz de Miranda.
Fico no dilema entre abrir a porta, ficar ali sem mexer nela, ou dar meia volta e ir embora, mas o livro precisa estar lá hoje, então diante da duvido, sigo estátua como estou.
— Eu não estava me divertindo, estava a trabalho. – Ouço a voz de Miranda impaciente.
— Toda vez é isso, te liguei inúmeras vezes, Miranda, e já que você não atendeu, fui me divertir. – Reconheci a voz de Stephen.
— Não, você não foi se divertir você foi me provocar. Você foi me intimidar e eu não tolero isso Stephen.
Talvez o mais digno a se fizer é ir embora, mas meus pés se recusam a se mover dali.
— Agora me faça o favor, vá para o quarto de hospedes e esqueça a minha existência. – Ok, eu não deveria sorrir ao ouvir isso.
— Não, Miranda, você pensa que eu sou seus funcionários? Que você fala como bem entende e pronto? Não querida.
—Me solta, Stephen. – Sua voz sai entredentes.
— Eu estou na merda desse casamento aturando há anos suas mortificações e você pensa que é só dizer para eu ir dormir, e só, e que eu vou aceitar?
— Você tá machucando meu braço.
— E vai fazer o que? Eu estou farto Miranda, de você nunca esta disponível. Agora você vai me ouvir.
— Vai me dizer o que Stephen, que já cansou de cantar mulheres mais novas que eu na minha frente? Que hoje eu não saio mais de casa com você para evitar que você me faça vergonha? Que você sempre me deixa sozinha com minhas filhas em todas as viagens de férias que fazemos para transar com outras turistas? Você vai dizer que todo domingo você tá com alguma novinha, ou modelos da revista e ainda ouvir de você que faz isso porque o problema sou eu, por eu ter tido que arrancar meu útero, e me tornado seca porque eu sou vitima de uma pielonefrite que me deixou com rins maiores e com frequência tenho que fazer uso de medicações? Você sempre repete a mesma ladainha Stephen, e eu sou ciente que não tenho mais útero, que sou seca, frígida como você mesmo cansou de repetir enquanto estamos transado.
Sabe o que é mais engraçado, Stephen? E eu ainda não te falei? É que sempre que eu vou a ginecologista, ela diz que eu sou uma mulher completamente feminina, e que não ter útero não me faz menos mulher, que eu não tenho nenhum hormônio que me faça ser diferente de outras mulheres, que eu não tenho nenhum hormônio masculino e por isso que eu não tenho tanta vontade fazer sexo sem qualidade como a maiorias dos homens...como você.
E que o meu problema pela pouca libido Stephen, se resolve rápido, com um comprimidinho, só que se eu tomar, você não vai dá conta de mim, Stephen, porque não é só sua mente que é pequena, o seu pênis também.
— Ninguém vai querer uma mulher fria como você, oca, incompleta.
Eu ouço o barulho de algo quebrando, e com o coração saindo pela boca, me atrevo a abrir a porta sem muito racionalizar.
E ver a Miranda empresada na parede, com ele segurando um de seus braços e a outra mão esticada ao ar, pronto para estapear seu rosto me deixa cega.
Sinto meu rosto queimar, com o tapa que era para ser nela, e em seguida o empurro. Não sei como tomei a frente da Miranda, mas, vê o que ele iria fazer, me deixou com um ódio.
— Você nunca mais ouse tocar em mim, Stephen, pegue suas coisas e vá embora da minha casa. – A voz dela sai cheia de irá, mas embargada.
O vejo sorrir irônico, ele sobe as escadas e eu e ela ficamos ali paralisadas naquele lugar até ele voltar com uma pequena mala e dizer que manda buscar o resto depois.
Eu não sei mais como agir, ou o que falar, eu quero abraça-la, eu estou tremendo.
— Vá, Andréa! – Miranda em tom duro também profere a mim.
Pego o livro e as roupas que ficaram no chão, abro a porta do armário e mais uma vez Miranda me manda ir, agora mais alto. Eu deixo o livro na primeira mesa que avisto e saio às pressas da sua casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Louca para Amar
RomanceAndréa tenta abandonar Miranda em Paris, mas minutos depois se arrepende, ainda confusa do porquê do arrependimento, tenta voltar, tenta continuar sendo assistente de Miranda e em busca de descobrir o que a prende naquela mulher fria e sem coração.