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— Poderia pelo menos disfarça, Andy, ou melhor, me respeitar. – Ele bufa, e eu o olho sem entender o que ele quer dizer.

— Você aí babando pela sua chefe. Desde quando você tem interesse em mulheres, Andy?

— Eu não tenho interesse em mulheres, tá louco, Nate? – Falo alarmada demais.

Olho ao redor e noto que chamei atenção para nossa mesa. — Se me trouxe aqui para começar a dar seu show, é melhor irmos para casa.

— Então para de ficar olhando para ela, caramba. – Ele espalma a mesa, me fazendo estremecer assustada e surpresa.

Olho de lado e Miranda está olhando em minha direção. Sinto meu rosto esquentar, e confesso que estou me sentindo coagida tanto por ela, quanto por Nate.

"Já disse o quanto fico sem saber ser eu perto de Miranda, não é?"

O matrîe nos traz um vinho tinto que definitivamente eu tenho certeza que custa o olho da cara, e como Nate é extremante mão de vaca, jamais pagaria algo assim, principalmente por estarmos em atrito. Então definitivamente ele ganhou mesmo esse jantar para comemorar algo importante.

— Então me fale o que vamos comemorar? – Questiono tentando ignorar o jeito grosso dele.

— O seu querido namorado, e subchefe recebeu uma proposta para ser chefe em Boston.

Meus olhos brilharam. Ser chefe é o que Nate almeja há muito tempo, realmente fico extremamente feliz por ele.

— Essa noticia é maravilhosa, Nate. Fico feliz.

Ele suspende a taça oferecendo um brinde, e claro, o acompanho. O tilintar delas ao se tocarem me fascina.

Eu adoro vinhos, quem sabe um dia conheça um pouco dessa bebida tão antiga e que eu tanto aprecio.

— Um brinde ao meu futuro novo emprego, um brinde a nós, e a nossa futura vida em Boston.

Eu ouvi direito? Sou capaz de ouvir as engrenagens que minha mente faz ao processar o que ele fala. Nate não está pensando que irei com ele, eu só posso ter ouvido errado.

Tomo um gole de vinho dessa vez sem apreciar o sabor, e isso deveria ser ilegal.

— Nate, eu fico realmente feliz que você está conseguindo alcançar seus objetivos, que você esteja prosperando, fico feliz com essa oportunidade sua, mas, Boston nunca esteve em meus planos. – Assisto o sorriso dele se desfazer, e me sinto extremamente culpada por isso. — Eu sinto muito Nate, mas não irei acompanhar você no seu sonho, preciso alcançar o meu.

— Cara, cadê a aquele Andy que prometeu que estaríamos sempre juntos? Aquela Andy que veio para cá comigo, que não se importava com moda, que riam de como as garotas se vestiam, que se importava com o namorado? Você jurou que sempre estaria ao meu lado, Andy, e agora que eu tenho essa oportunidade você quer soltar a minha mão?

— Eu continuo sendo aquela Andy, Nate, porém, mas madura e que não vai abandonar seu sonho, para seguir o seu.

— Você pode trabalhar sendo realmente jornalista, lá, e não sendo uma faz tudo dessa vadia. – Ele olha para Miranda.

— Meu sonho é aqui, onde estou Nate. – Eu não sei por que cargas d'água eu olho para Miranda ao falar isso.

Essa mulher só pode ter um imã, não é possível.

— Seu sonho é o quê? Ir para cama com ela? – Ele eleva a voz, mas logo volta ao timbre normal. — Seu sonho é ser tratada como escrava para no fim da noite abrir as pernas para essa velha? Realizar os desejos dela não só no trabalho como na cama dela também?

— Para com isso, Nate.

— Para é o caralho, Andy, há tempo venho aturando você mudar comigo, você não é mais a mesma nem quando transamos, e agora eu sei por quê. Eu te trouxe aqui porque hoje é um dia importante para mim, e olha o que você fez. Você estragou tudo, e tudo isso por quê? Por causa dessa velha!

— Não vou ficar aqui ouvindo você falar desse jeito comigo. – Profiro e ao me levantar, ele segura meu pulso com força.

— Vai correr para ela não ver a vagabunda que você é? Por isso você ficou esquisita quando viu ela aqui também? – Ele me força a sentar, eu sento, com medo e vergonha que ele chame mais atenção do que já estamos chamando. — Eu te trouxe aqui nesse lugar bacana porque você é a única pessoa que importa para mim, a que eu queria dar a noticia de primeira mão, para gente jantar felizes, comemorar e findar a noite de maneira romântica. – Ele esfrega as mãos no rosto. — E você estraga tudo, sempre estraga tudo, parece que sente prazer em fazer isso.

— E você acha que agindo assim, vai me fazer pensar em ir para Boston com você? – Ele está me deixando nervosa e irritada.

— Vocês duas se merecem sabia? – Ele encosta as costas na cadeira, e eu passo a mão no meu pulso o qual ele apertava.

Tento me levantar para ir embora mais uma vez, mas ele me impede novamente, e eu já estava começando a ficar ainda mais preocupada com o comportamento dele. Sinto meu coração batendo mais acelerado, sinto a pressão subir.

— Vamos terminar essa conversa em casa? – Falo manso.

Ele nega com a cabeça e começa a me chamar de todos os adjetivos de baixo calão existentes, e as palavras de Nigel me vêm à mente. Nigel tem total razão em cada palavra que me disse.

— Eu posso pelo menos ir ao banheiro?

Ele olha em direção ao banheiro, talvez procurando se existe alguma saída, percebe que não tem. Então se encosta novamente da cadeira e balança a cabeça em concordância.

Levanto e sigo em direção ao banheiro como um foguete preste a dar pane. Meu coração parece que vai sair pela minha boca a qualquer momento.

Apoio minha mão no WC de frente a um grande espelho e me sinto completamente tremula.

A tensão, medo, nervosismo volta a dominar meu corpo ao ouvir a porta de entrada se abrindo. A possibilidade de ser ele vindo aqui para me agredir é grande.

E então eu a vejo, seus cabelos da cor de nuvens, seu olhar gélido e caminhar firme entrando e por um momento eu sinto alivio.

Abraço Miranda com toda força do medo que eu estou sentindo, e deixo as lágrimas que eu estava segurando cair.

Sinto suas mãos tocarem minhas costas, sinto meu corpo se puxado mais para ela, e isso me dar segurança em afundar meu rosto no vão do seu pescoço. O cheiro da sua pele invadiu minha narina, seu corpo é tão, tão... Me falta palavras para descrever a sensação dos seus seios tocando o meu, da sua respiração perto, do seu abraço...

— Ele vai me bater, Miranda. – Sussurro assim que consigo controlar a crise de choro. — M-me desculpa. – Me afasto bruscamente dela, assim que o juízo volta para meu ser.

"Em hipótese alguma toque em Miranda, ela odeia qualquer tipo de contato."

As falas de Emily me vieram à mente. Olho para a blusa dela e tem respingos das minhas lágrimas, e eu tenho certeza absoluta que o pavor está estampado na minha cara.

— Me desculpa Miranda, eu faço tudo errado mesmo. – Vou em direção à porta.

— Fique, vou mandar o segurança daqui tirá-lo. – Miranda pega seu celular e liga para alguém que eu não faço ideia de quem seja e ordena que tire Nate dali, sem soltar o meu braço.

— Obrigada! – Profiro ao por impulso abraça-la mais uma vez.

— Você tem onde ficar até essa criatura sumir em busca da promoção dele?

— Tem o apartamento da Lily e do Doug, mas eles estão... – O celular de Miranda toca, ela atende sem me deixar terminar o que iria falar.

— Vamos! Você fica na minha casa até conseguir falar com seus amigos. 

Louca para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora