Abro os olhos e ao que olho para o teto cheio de arandelas, estranho. Definitivamente este não é o teto do quarto do meu apartamento que tem apenas uma lâmpada com a fiação exposta. Foco no cheiro suave do ambiente. Agora realmente abro meus olhos com rapidez ao vir flash da noite passada. Giro minha cabeça para o lado e ao meu lado estar ela, dormindo, cabelos desgrenhados, tão brancos, chega a ser reluzentes, sua respiração tão serena, como um anjo serafim. Nem parece a fera raivosa que atormenta todos seus empregados. Sorrio com minha observação e volto a arregalar os olhos.
— Eu e a Miranda? – Sussurro baixo. Assustada.
Saio da cama com cautela, porém, meu coração por dentro, bate loucamente. Levanto tentando não fazer movimentos bruscos, de maneira alguma quero acordá-la, e nas pontas dos pés retorno para o quarto onde eu deveria estar. E ao entrar, vou até minhas coisas e a primeira coisa que faço é pegar meu celular para ver a hora. São quase cinco. Visto minhas roupas com pressa, pego minhas coisas e sigo para fora da casa de Miranda, ainda atordoada.
"Você se deita com sua chefe!" As palavras de Nate ecoam em minha cabeça.
— Eu deitei com minha chefe. – Falo para mim mesma, sentindo a gélida brisa do alvorecer.
Tento buscar na mente como foi que começou. Quem começou... Mas parece que naquele momento eu estava em estado de torpor. Coço a cabeça sentindo vontade de chorar. Como isso foi acontecer?
Não tem nem um mês que eu cheguei a abandonar Miranda em Paris, e agora transei com ela. Eu transei com Miranda. Isso parece ser tão surreal.
— Meu Deus! – Exclamo em voz alta.
Não é possível! Eu não posso... Eu não devo... Eu nem sou lésbica. Seus toques e sussurros me vêm à mente. Ela é tão quente.
Sento-me na calçada sem me importa com nada, tampouco com a rua que está começando a acordar.
— Eu gostei!
Não, não e não, Será que Nate percebeu primeiro que eu?
Eu não consegui deixar Miranda em Paris porque a admiração que eu acreditei ter por ela na verdade é paixão?
Levanto-me com minha mente em completa desordem e sigo em direção a minha casa. Daqui a pouco tenho que ir para Runway, e tenho um mini ataque na rua porque irei encarar Miranda depois de ter passado a noite com ela.
Pego minha chaves na bolsa, e assim que giro a maçaneta e abro a porta, me deparo com tudo fora de ordem. Lembro-me de Nate, arregalo meus olhos. Giro para sair dali antes que ele apareça, mas, sinto uma mão segurar meu braço.
— Você estava com ela, não é sua vagabunda? – Ele questiona, fazendo encher meus olhos de lágrimas. — Amou ver ela me humilhando daquela maneira e foi agradar ela dando para ela sua puta? – Ele me empurra para dentro do apartamento.
— Nate, acalma-se, vamos resolver isso sem violência. – Pedi praticamente implorando. O medo me domina.
— Responde Andy! – Ele esbraveja, assustando-me.
— Eu estava com medo de você, e por isso fui com ela. Vamos resolver nossas pendencias e cada um seguir seu caminho, Nate. – Tento transparecer calma.
Ele sorrir irônico, e em um piscar de olhos, encontro-me com as costas na parede e sua mão segurando meu pescoço. Tento reagir, mas ele é forte, e quanto mais eu grito, quanto mais eu me debato, ele reage, puxa meus cabelos e dar tapas em meu rosto enquanto diz que eu não presto; que eu sou uma vagabunda, uma burra, que destruí com a vida dele, que me odeia e que eu não tenho o direito de fazer isso com ele. Ele fala tanto coisas ruins.
Não sei quanto tempo tudo durou, para mim, parece que está sendo uma eternidade. Até que avisto varias mãos segurando ele, tirando-o de cima de mim. Consigo reconhecer que são policiais. Devo agradecer aos vizinhos.
O olhar que ele lança para mim, enquanto os policiais os arrasta para fora, me dá calafrios, nem de longe é o Nate o qual eu acreditava que conhecia. Um policial me estende a mão ajudando-me a levantar.
— Lavaremos você para um hospital, tem algum familiar que possa te encontrar lá?
Eu balanço a cabeça em negação, e enquanto levam Nate para outro destino em outra viatura, eu sigo caminho do hospital em outra. Não preciso me olhar no espelho para ter certeza que estou horrível.
Pego meu celular e com as mãos trêmulas disco o número de Nigel, rezando para que ele me atenda.
— Espero que seja algo realmente importante. – Ele profere e eu consigo visualizar ele colocando o cabelo imaginário atrás da orelha.
— Nig! – É só isso que consigo dizer e desabo em desespero, dor.
— Onde você estar?
Eu entrego o celular para o policial que estar ao meu lado, e ele parece entender o que é para fazer sem eu sequer pedir.
Já não consigo mais observar a conversa, apenas consigo ouvir o barulho do meu choro e sentir as lagrimas molhando meu rosto.
Sinto-me tão humilhada, tão impotente, tão ridicularizada, tão sem valia. Eu me sinto tão pequena e sem dignidade.
É como se eu estivesse no automático, apenas vou seguindo as instruções e ouvindo algumas vozes.
Abro os olhos e me incomodo com a luz extremamente clara em cima de mim. Em que momento eu deitei?
— Ei! – Olho para quem segura minha mão e vejo que é Nigel. — Fica tranquila, tudo vai ficar bem, Six.
E eu começo a chorar, ele encosta sua cabeça na minha e fica comigo, sem soltar a minha mão, sem perguntar nada, sem sequer dizer que já havia me avisado. Eu agradeço imensamente por ele apenas ficar me apoiando e me passando segurança.
— O soro terminando, o medico vem aqui para liberar você, seu desmaio tudo indica que foi pelo alto nível de stress. – Ele fala brando.
— A Miran...
— Não se preocupe com a Miranda, Six, eu liguei para ela e disse que não iríamos porque ontem você passou mal e eu trouxe você ao hospital e estamos até agora aqui.
Como eu iria dizer que ela sabe que isso é mentira porque ontem eu passei a noite com ela, e que eu estava bem a ponto de transar com ela?
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Louca para Amar
RomanceAndréa tenta abandonar Miranda em Paris, mas minutos depois se arrepende, ainda confusa do porquê do arrependimento, tenta voltar, tenta continuar sendo assistente de Miranda e em busca de descobrir o que a prende naquela mulher fria e sem coração.