Miranda Priestly consegue me deixar confusa. Ás vezes acredito que ela possa sentir algum tipo de apreço por mim, e ás vezes rio de mim por pensar que ela pode ter algum tipo de apreço por mim.
Mas a gente transou, não tem como transar com alguém que não se tenha algum tipo de afinidade, apreço...
"As prostitutas riem de mim nesse momento".
A questão é que tem momentos, como o fato dela ter ido ao hospital, dela ligar para Nigel, e algumas concessões em relação a mim, parece que ela tem algum tipo de carinho a mais, mas aí ela muda completamente, ela age de maneira fria e cruel e indiferente e isso me faz sentir apenas mais uma que corre o risco de não sobreviver um ano trabalhando para ela.
Por que ela não poderia ser mais simplista? Por que dentro dela parece que habita dois seres? E por que não estou pensando nas minhas questões e sim nela?
Como eu faço para parar de pensar nesse demônio em Prada?
Esfrego uma mão na outra suspirando enquanto olho para um ponto qualquer da sala do Nigel.
Não é como se eu tivesse todo tempo do mundo para ficar assim divagando, mas é que estou esperando ele terminar de se arrumar para vir esconder os hematomas da surra que levei do Nate. Quando eu fiz uma matéria sobre violência domestica, eu me perguntava como as mulheres deixavam aquilo acontecer? Por que não pegavam uma cadeira e arremessava na cabeça do agressor? Por que não gritava?
Fizesse qualquer coisa, mas não deixasse isso acontecer. Parece tão fácil quando a gente tá do outro lado da historia.
É irônico que hoje eu entendo perfeitamente cada relato que eu ouvi. A sensação é que nos é sugada toda a dignidade, a primeira sensação que dá é incredulidade, e aí em diante não conseguimos mais racionalizar, é como se a irá do homem o deixasse ainda maior diante de nossos olhos e a gente apenas entra em uma hélice: Incredulidade, impotência, medo, desespero, inferioridade. É como se ali, ele estivesse dando o selo de fracasso. E a gente fica sem saber o que fazer, e mesmo que se tentarmos reagir, o físico tem uma enorme diferença e a vantagem é dele.
— Venha querida. – Nigel me tira do devaneio.
— Nigel, eu agradeço todo o seu cuidado, mas, estou informando que vou para meu apartamento ao terminar meu expediente. – Informo enquanto ele me maquia.
— Por que você é tão teimosa?
— Eu tenho que ir lá algum momento não é? Que seja logo.
— Ele pagou fiança.
Aquela informação me fez tremer na base. A segurança que estava em afirmar que eu iria para o apartamento já não existe mais.
— Miranda disponibilizou os seguranças dela para ir com você.
Olhei para ele surpresa e ele para o que fazia me olhando com uma das sobrancelhas arqueadas e um sorriso presunçoso nos lábios.
— A Miranda o quê?
— Isso mesmo querida. Agora fecha esse olho. – Ele volta a me maquiar.
...
Na Runway Miranda agiu com indiferença comigo, e isso me irritou, me deixou incomodada, a mulher deixa seus seguranças a minha disposição, mas nem olha na minha cara. A gente transa e no outro dia ela diz que foi calor do momento. Eu reviro os olhos e sigo até o departamento de arte.
— Com licença, Miranda, aqui estão. – Me aproximo de sua mesa e ela sequer tira os olhos do notebook.
— Confirmou com Demarchelier? – Ela questiona e eu arregalo os olhos, eu não me lembrei dessa ordem.
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Louca para Amar
RomanceAndréa tenta abandonar Miranda em Paris, mas minutos depois se arrepende, ainda confusa do porquê do arrependimento, tenta voltar, tenta continuar sendo assistente de Miranda e em busca de descobrir o que a prende naquela mulher fria e sem coração.