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No calor do momento a gente se ver tão decidida de algo, não é mesmo?

Mas, quando os minutos vão passando, você então passa a não ter tanta certeza assim, e ás vezes, muitas das vezes mesmo sabendo que já não nos faz mais tão bem quanto já fez antes, a gente não consegue sair de um relacionamento.

E é isso que está acontecendo comigo nesse momento. Eu me sinto culpada, me sinto responsável pelo declínio do meu relacionamento com Nate. Ele tem razão quando diz que eu mudei, tem razão quando diz que já não dou mais atenção a ele e ao relacionamento. Tem razão em dizer que eu estou me afastando dele, e que ele sente falta de como éramos antes de Miranda, quer dizer, antes da Runway. Ou melhor, costumo dividir minha vida, AR/DR (Antes de Runway, e depois de Runway), a questão é que eu não sei muito bem como adaptar tudo em uma só Andy.

— Eu sinto muito, Andy, é que ver você jogando fora o nosso relacionamento assim, me desespera. – Ele fala triste e decepcionado. — Eu não quis te machucar. Eu fiquei com raiva. O segurança disse que só estavam você e ela, você não ver que essa mulher só vive para trabalhar e enlouquecer a vida dos outros, e quer fazer com que você não viva também?

"Nunca pensei que um dia diria isso Andrea, mas vejo muito de mim em você".

A fala de Miranda ecoou dentro da minha cabeça, recordando o momento em que eu desesperei e abandonei-a.

Talvez ele não estivesse errado. Miranda provavelmente exigiu que eu contasse a Emily sobre Paris, justamente para testar se eu poderia ser como ela, ultrapassar tudo pelo trabalho.

Suspiro cansada, meu dia tinha sido cheio de emoções, trabalhos. Eu estava exausta.

— Podemos tentar mais uma vez. – Ele faz aquela cara de arrependido.

Dou um sorriso cansado para ele, balanço a cabeça em concordância. Fomos para o quarto, ele me abraça me aperta forte, me beija, diz que está com saudade, e confesso que eu não sei se estou com saudade dele. Eu só sei que estou sentindo medo de tirar ele da minha vida, e isso converter em uma decisão errada. É! Eu tenho medo de errar, apesar de viver errando.

Depois que fizemos amor, ele beijou minha cabeça e virou para lado, caindo logo no sono. Enquanto eu, apesar da exaustão, não conseguia silenciar a mente. "Ou você estava agradando a chefe de outra maneira?" Que outra maneira Nate poderia se referiu?

Levando-me tentando não acordá-lo, sigo para cozinha em busca de um chá. Pergunto-me mais uma vez como tantas coisas mudaram em tão poucos meses.

Acordo com o barulho distante do despertador. Olho para os lados e percebo que dormi no sofá da sala. — Aposto dois dólares como minhas costas irão sentir as consequências disso. –Sorrio balançando a cabeça em negação.

Nate resmunga por causa do alarme, mas logo volta a dormir. E quando me olho no espelho, após o banho, me sinto confusa, perdida dentro de mim. Meus olhos focam na mancha que a mão de Nate fez em meu braço. Meu celular toca, e já sabendo que àquela hora do dia só poderia ser Emily, corro para atender.

— A esteticista de Miranda desmarcou com ela, com certeza ela virá mais cedo, então, Andrea, corre.

Ela sequer me deixou falar algo, desligou o celular na minha cara.

Miranda ter algum compromisso desmarcado definitivamente era péssimo. Isso significa que ela já vai chegar irritada, e que teremos que modificar grande parte da sua agenda do dia.

Saio sem tomar café, passo pela Starbucks, pego um café quente para Miranda, e um café gelado para mim, e praticamente correndo sigo para Runway.

— Que mancha horrenda é essa aí? – Emily questiona assim que olha para meu braço.

— Essa na sua testa também não está tão mal.

— Não me desperte gatilho, Andrea. – Ela semicerra os olhos.

— Só vou organizar a sala da Miranda e vou pegar uma sobreposição para esconder isso.

Emily já não me ouvia mais, sorrio balançando a cabeça em negação e vou para sala de Miranda. Faço uma breve organização das revistas em sua mesa, vou atrás de uma nova garrafa com água, arrumo mais algumas coisa, e paro de frente para mesa, para buscar se tem mais alguma coisa fora do lugar, e assim que me viro, vejo-a entrando. Miranda para, eu paro automaticamente juntando as mãos atrás, e quando vejo seus olhos surpresos em cima do braço que estava roxo, meu rosto cora imediatamente.

— Bom dia, Miranda!

Ela nada responde, é claro, mas pelo menos desvia o olhar daquela mancha horrível e volta entrar em sua sala, dando atenção à pessoa a qual falava ao telefone.

Me retiro indo imediatamente para o departamento de Nigel em busca de um casaco para cobrir os braços.

— Bom dia, Nigel. – Sorrio para ele. Tinha tanto para falar com ele, mas ainda não tivemos oportunidades para conversar.

— Não me diga que o cozinheiro confundiu seu braço com o cabo de alguma panela pesada! – Ele fala ironicamente olhando para o meu braço.

— Vim em busca de algo para cobrir, antes que Miranda me demita.

— Fique a vontade, agora me conte como conseguiu isso? – Ele volta a desenhar no papel.

— Ontem ao sair, Nate estava me esperando, ele estava irritado, com ciúme. Nem sei explicar. Mas, ele queria satisfação do porque eu demorei tanto para descer e me questionou segurando o braço pelo calor do momento.

— Não preciso dizer que começa assim, não é? – Ele profere sem tirar os olhos do que estava fazendo. Enquanto passeio os olhos pelos cabides cheios de opções.

— Nate não fez intencional.

— A claro, primeiro é apertar o braço com força, depois, além de segurar o braço com força novamente, a empurra. – Escolho um suéter, e ele para me olhando. — Depois, além de te segurar com força pelos braços e te empurrar, ele te prende com força na parede, ai vem o quê?

— Você está exagerando, só estávamos brigados desde Paris, e ele sentiu ciúme de Miranda. – Visto o suéter. — Nem me olhe com essa cara, porque foi a mesma que eu fiz. Não entendi nada. – Dei um beijo em sua cara e sai. 

Louca para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora