Eu não fui buscar o café da Miranda bufando não, né?
É eu fui, e o mais engraçado é que quando a gente tá meio que irritado, as coisas tendem a favorecer para a irritação crescer.
Quando estava atravessando a rua para voltar com o café de Miranda, uma mulher esbarra em mim, fazendo com que eu derrame café na minha mão. "Essa droga está tão quente." Entretanto o que me fez esquecer completamente a dor da queimadura é que no momento em que meu corpo gira para o lado, ao lado do Starbucks, vejo Nate a paisana com um dos pés escorados na parede e as mão no bolso. Ele tem um sorriso sínico no rosto. Deixo o copo cair ao chão e saio correndo para dentro do prédio da Elias Clack.
Paro por impulso ao ver Miranda na porta de sua sala, provavelmente dando alguma ordem para Emily.
— Certamente Starbucks tenha tecnologia de ultima ponta para vender cafés invisíveis, Andréa? – Miranda fala baixo, e irônica.
Eu estava sentindo todas as terminações do meu corpo dando curto circuito, minha respiração ofegante, meus olhos parecia turvos, nervosa, com o coração batendo na boca. É visível que eu não estou no meu estado normal e a Miranda estava preocupada com o café?
Sinto meu corpo quente, como se estivesse febril, uma vontade de chorar e uma raiva tão grande dominá-lo.
— É porque eu derrubei a droga do seu café, Miranda. – Respondo já dentro de sua sala. Eu nem sei como cheguei ali.
— Você caiu e bateu com a cabeça? – Ela pergunta levantando-se e indo em direção à porta.
— Não, eu não cai, ou bati a cabeça. – Sinto minha voz embargar.
Eu só consigo ouvir o nome de Emily sendo proferido por ela. Não consigo compreender o que Miranda fala a mais, mas vi que fez Emily sair. Provavelmente Miranda ordenou que ela buscasse seu precioso café.
— Você ficou maluca, Andréa? – Miranda cruza os braços. Só consigo ver desaprovação em seu semblante.
— É! Eu devo ter ficado maluca mesmo por achar que você poderia sentir alguma coisa por mim, eu fiquei maluca por desejar que você me protegesse do Nate que está do outro lado do prédio me vigiando. Eu fiquei maluca por pensar que a minha mão queimada seria mais importante para você, que o a droga do seu café. – As lágrimas já caem copiosamente dos meus olhos e eu sequer faço questão de controlá las.
Miranda aproxima-se de mim, ela parece relutante? Que droga...
— Eu não queria ter me apaixonado por você, Miranda, mas que merda! – Levo as duas mãos para meu rosto. — Você é como falam mesmo, é fria, e cruel, egoísta, é uma idiota, que só está preocupada com seu próprio umbigo, que acha que tudo é dinheiro... Quis comprar até meu silêncio sobre nossa transa como se eu fosse espalhar para todo mundo que a dama de gelo é quente na cama, como se eu fosse capaz de fazer algo para prejudicar. Eu te odeio!
Limpo as lágrimas do meu rosto, sem me preocupar com a maquiagem qual estava escondendo meu olho roxo.
— Você nem vai falar nada, por que você não fala nada, hein? Demite-me dessa droga de emprego pelo menos.
— Beba Andréa! – Ela traz até minha boca sua garrada d'água. – Que momento ela pegou essa garrafa?
— Não, muito obrigada, Miranda Priestly.
— Você tá nervosa, se acalme. Vou ligar para Rondel em busca de saber o que esse cozinheiro ainda faz aqui que não foi em busca da sua tão almejada promoção.
— O quê?
— Por favor, controle-se, chega de exposição.
— Você não vai falar nada, Miranda?
— Como se você fosse ouvir alguma coisa. – Ela senta-se em sua cadeira. — No meu banheiro tem maquiagem, se recomponha, depois peça para Roy levar você para o apartamento de Nigel.
— Como você consegue ser tão fria assim? Como você consegue Miranda?
— Uma descontrolada já é o suficiente, Andréa. Vá, antes que eu te demita.
Balanço a cabeça em descrença, e ao invés de ir para o banheiro dela, vou em direção à saída. Ouço-a chamar meu nome, mas eu não dou ouvido.
A minha vontade era de sair e nunca mais olhar na cara dela, não sei se por vergonha de surtar na frente dela e ela simplesmente cagar para isso, não sentir nada, ou por ter chegado ao meu limite. Os dois de certa forma estão ligados. Raciocínio nesse momento é o que me falta e porra desse elevador que parece que não vai chegar nunca.
— Venha! – A voz dela sai dura enquanto ela segura meu braço.
— Eu vou embora.
— Vai sim, mas do meu jeito, ou você quer novamente cair nas mãos do seu ex-namorado para ele terminar de bater em você?
— Faz alguma diferença para você?
— Para você não faz? – Miranda parece bufar.
— Esquece! – Tento sair da sua sala, mas ela me segura novamente.
— An-dré-a, você não vai sair sozinha desse jeito, com seu ex. lá fora. Senta aí e aguarde alguns minutos.
— Se você tá com medo que eu acabe falando algo a mais, não se preocupe, Miranda, não farei isso. Agora com licença.
— Nem minhas filhas são tão teimosas assim, Andréa, chega! – Ela me arrasta para o banheiro, mesmo eu relutante.
E então ela passou a chave na porta? Tira a chave e coloca em seu bolso. Nossa, que maduro.
Escoro-me na porta cruzando os braços. Miranda abre uma das portas do armário, tira uma caixa de lenço umedecido, aproxima-se já com um lenço em mãos, segura meu queixo e com a outra delicadamente passa em baixo do meu olho machucado.
Miranda me olha nos olhos e eu me perco naquela imensidão azul enquanto sinto seus lábios tomarem os meus.
Por que seus lábios são tão macios e gostosos? Por que sua boca é tão quente e saborosa? Por que ela beija tão bem?
Arrasto minhas mãos para seu pescoço, sinto o corpo dela encostar ao meu.
—Sssss – Emito quando ela aperta minha cintura, e dói por causa dos machucados.
Miranda assusta-se, afastando-se de mim, pigarreia indo para mais longe. Que droga!
— Limpe essa maquiagem. Mandarei Roy ficar a postos. Ela abre a porta do banheiro e sai me deixando sozinha ali, ainda sentindo o efeito do seu caloroso e intenso beijo.
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Louca para Amar
RomanceAndréa tenta abandonar Miranda em Paris, mas minutos depois se arrepende, ainda confusa do porquê do arrependimento, tenta voltar, tenta continuar sendo assistente de Miranda e em busca de descobrir o que a prende naquela mulher fria e sem coração.