Não posso deixar minha vida parar e ficar apenas focada em Miranda, pelo amor de Cher, passaram cincos anos. Eu sei que isso que veio a tona e ficou mais intenso por causa do casamento do Nigel, mas, eu não posso me condicionar a isso. Preciso desviar minha atenção para outras coisas, para o momento especial que é do Nigel.
Só queria que fosse fácil agir, como é fácil falar... Respiro fundo tentando engolir o controle de mim, que se esvaiu pelo meu pulmão por causa da maldita ansiedade.
Coloco o celular dentro da minha bolsa, desligo o carro e saio antes que eu passe mais longos minutos enrolando para sair.
Não importa o tempo que passar, ou quantas vezes venho. A sensação de olhar para o nome Elias-Clarke sempre irá mexer comigo.
Alinho minha roupa tentando controlar meu nervosismo e adentro o prédio que sempre me deixa nostálgica. A cada andar que o elevador passa, meu coração acelera um pouco mais. A porta se abre, e eu só rezo para que as gêmeas não estejam lá. Principalmente Cassidy, a garota é insuportável.
Arrumo meus cabelos jogando para trás, e ouço meus próprios passos pelo corredor da Runway vazia. O burburinho se faz mais audível, respiro fundo mais uma vez, e abro a porta. Preciso pensar em chegar mais cedo, talvez assim, não seja a ultima a aparecer e nem terei tantos olhos em cima de mim.
— Desculpa o atraso, Nigel, tive um compromisso importante. – Beijo no rosto tentando esconder dos outros meu nervosismo. — Boa noite! – Falo olhando em trezentos e sessenta graus, assim não precisa cumprimentar um por um.
— Oi, Andy! – A garota vem em meu encontro.
— Oi Caroline! – Recebo seu beijo no rosto olhando para Miranda que nos olha diferente, talvez surpresa por eu aceitar quem seja?
— Oi! – Cassidy também se aproxima, mas diferente da irmã que me abraçou e beijou, ela apenas me estica a mão e me olha desafiadora e ao mesmo tempo debochada. Semicerro os olhos e aperto a mão dela com mais força que o habitual e retribuo o deboche. Ela reclama do aperto.
— Nossa, Nigel, que magnifico. – Não escondo o quanto aprecio seu talento.
— Gostou? – Ele pergunta como um pavão se mostrando.
— Exuberante! – Falo encanta.
— É o da Miranda. – Sua voz sai mais jocosa. — Aliás, que ela vai experimentar nesse exato momento.
— Você como sempre, perfeito em tudo que faz. – Tento disfarçar o impacto em mim, sobre o que ele acabara de falar.
Miranda aproxima de nós, e consequentemente eu me afasto. Sigo para a outra extremidade do ambiente, fingindo olhar outras coisas.
— Me ajudem meninas. – A ouço falar e meu coração acelera. Sua voz sempre foi algo que me atraiu bastante.
— Andy, ajuda mamãe, você trabalhou para ela, sabe melhor que nós.
Eu olho para as meninas sem esconder a surpresa, olho para Nigel que esconde um sorriso, e olho para Miranda que parece tão surpresa quanto eu.
— An-dre-ah já não trabalha para mim, venham. – Miranda fala sem tirar os olhos de mim, e eu como sempre, me sinto presa aos seus.
Miranda leva o vestido para o provador e as meninas as seguem. As meninas estão tão grandes que se não fosse pelo salto de Miranda, ficariam as três do mesmo tamanho.
— Enxuga! – Nigel me tira da inércia.
— O que? – Pergunto confusa, sem entender.
— A baba! – Ele gargalha e eu reviro os olhos.
— O seu é esse, Six. Quando Miranda sair, você entra.
Balanço a cabeça em concordância, e quando Nigel se vira, automaticamente verifico o canto da minha boca.
— Me der uns minutos, preciso descer para pegar uma encomenda que acabou de chegar. – Nigel profere mexendo no celular e indo em direção à saída.
— Eu vou com você. – Me sinto desesperada.
— Não mesmo, volto logo, é lá embaixo. Quando voltar, já quero você com o vestido.
Eu coço a cabeça me sentindo desesperada em saber que estou naquela sala com os três demônios. Nem o fotografo que estava na primeira vez, estar.
Ouço passos, e me viro para assistir Miranda saindo do provador com um vestido na cor marsala, todo em brilho, colado até o meio da coxa e rodado até embaixo. Engulo a seco sem tirar meus olhos dela. Corro os olhos por toda curva do seu corpo, de cima para baixo e de baixo para cima lentamente. Ao perceber o que estou fazendo, meus olhos logo buscam os seus olhos, Miranda me encara com intensidade, e em seus lábios tem um leve sorriso.
— Gostou Andréa? – Ela questiona ainda me encarando, sorrindo sutilmente de lado.
— Nigel como sempre, sabe valorizar muito bem quem vai vestir suas obras.
— Isso é um elogio? – Ela segue com o sorriso de lado.
— Tanto faz! – Reviro os olhos.
— Não revire os olhos para mim.
"Não revire os olhos para mim" ela desbloqueia uma memória que faz meu estômago arder em pedido de socorro. Sinto o amargo em minha boca, e formigamento em meu rosto.
— Mãe, por que a Andréa não trabalha mais para você? – Cassidy pergunta quebrando o longo silêncio que se instaurou.
— Ela tinha muito o que voar, querida. – Miranda segue até o grande espelho, parando em frente.
Pego o meu vestido, e tento não olhar para seus olhos que me acompanham através do espelho.
— Eu ajudo você. – Cassidy profere.
— Não, obrigada. – Entro no provador.
E assim que fico sozinha ali, tento controlar as lágrimas que enchem meus olhos. Escoro minha testa na parede mordendo o interior das minhas bochechas e tentando controlar o meu coração que tenta sair pela boca. Respiro fundo e começo a tirar minha roupa. Engulo o choro.
Reviro os olhos quando percebo que preciso realmente de ajuda. Engulo a seco, respiro fundo e ameaço chamar para ver se minha voz sai sem vacilo, respiro fundo mais uma vez e de olhos fechado chamo por Caroline.
— Elas foram atrás do Nigel. Posso te ajudar! – Miranda me assusta ao adentrar o provador.
Fecho os olhos mais uma vez, o abro lentamente, puxo o ar e me viro, ficando de costas para ela, indicando o que ela deve fazer. Estremeço ao sentir suas delicadas mãos tão perto novamente. O barulho do zíper subindo nunca me pareceu tão alto antes.
— Você tem o mesmo cheiro. – Sua voz sai como sussurro. – Ela toca em meus cabelos, alinhando-os. — Você ainda se arrepia com meu toque.
— O que você quer Miranda? – Viro-me ficando de frente para ela.
Ela me olha atentamente, parece não saber o que falar. Seus olhos não são intensos, não são firmes, parece distante, parecem inseguros.
— Você acha mesmo que eu sei fingir como você? – Minha voz sai dura. – Você mesmo que tá tudo bem a gente se falar como se não tivesse acontecido o que aconteceu? – O nó na minha garganta parece aumentar. – E você ainda manda as suas filhas me atazanar. Eu não quero contato com você, eu não quero contato com elas, eu não quero fingir que você não me machucou, eu só quero que você e suas filhas fiquem longe de mim. – Minha voz é elevada, meu dedo aponta na cara dela.
— O que minhas filhas têm a ver com essa historia? – Seus olhos agora voltaram a ter o gelo de sempre.
— Pergunte para elas, e ordene que não vá mais ao meu trabalho atrás de mim.
De gélido, seus olhos mudaram para surpresa. Ela estremece, afasta-se como se estivesse chocada?
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Louca para Amar
RomanceAndréa tenta abandonar Miranda em Paris, mas minutos depois se arrepende, ainda confusa do porquê do arrependimento, tenta voltar, tenta continuar sendo assistente de Miranda e em busca de descobrir o que a prende naquela mulher fria e sem coração.