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Nigel foi para a Runway no período da tarde, me deixou em seu apartamento, e a preocupação me veio à mente. Preciso pegar minhas coisas no apartamento antes que Nate seja solto, na verdade, preciso saber se ele segue preso. Talvez tenha pagado fiança.

Vagueio pelo apartamento, tento encontrar um sinal de como eu posso recomeçar, de como seguir novos passos. Ás pessoas sempre diz para a gente remoçar, mas nunca diz o quanto isso é difícil de fazer, principalmente sem olhar para trás.

Pego o telefone e ligo para Lily, sei que ela não estar na cidade, mas é mais fácil ela descobrir o paradeiro de Nate, do quê eu, porém, sua recepção não foi como eu esperava, e aparentemente ela sabe exatamente o que aconteceu e culpa o meu trabalho por te me mudado tanto. Encerro a ligação me sentindo um nada, e tento com Doug, ele não me atende, e sei que eles estão juntos, viajaram juntos afinal.

Deixo meu corpo afundar no sofá, sorrio ao ter a sensação de que estou em um dos clipes da Evanescence de 2002, há quatro anos.

Miranda me vem em mente, são tantas perguntas, tantas dúvidas, tantas coisas que tenho que dar foco, mas por Deus, o que é isso que eu tenho por Miranda? Por que mesmo com tudo que estou passando, eu de certa forma sinto um bem estar por ter transado com ela?

— Preciso tirar isso da cabeça! –Me dirijo em busca dos CDs de Nigel. — Simple Plan, Cristina Aguilera, The Black Eyed Peas, Avril Lavigne, Avril Nigel? – Questiono como se ele estivesse ali. — Pegada tão adolescente, não esperava... — Sigo falando sozinha.

Escolho Maroon5, se é para desgraçar a mente, que seja com ele.

— Eu estou desgraçando a minha vida! – Sorrio!

Controle emocional eu não tenho, e isso não é e nunca foi problema admitir, eu sempre sou dramática, eu sempre sinto muito, eu gosto muito, em mim, sempre é tudo tão exagero e eu sofri agressão do meu namorado, transei com minha chefe, abandonei ela na semana mais importante para ela, Não necessariamente nessa ordem.

Levanto-me e sigo em busca de um espelho, assim que encontro; surpreendo-me, até que não estou tão ruim assim, só estou péssima e decadente. Minhas costelas sãos as que mais me doem.

E então me vejo com a opção de me deixar ser tomada por todos os problemas que assolam a minha vida, ou reajo de alguma maneira. Analiso meus dentes e agradeço ao todo poderoso por eles não estarem trincados.

— Você tem noção de que tá apaixonada por uma mulher mais velha, casada, famosa, glamorosa, rica, e sua chefe? – Aguardo atentamente meu reflexo me responder, como se ele fosse me responder.

Volto para o sofá e por lá fico, nem noto que peguei no sono, acordo com o barulho da porta sendo aberta por Nigel.

— Miranda quase arranca minhas vísceras por eu ter deixado você sozinha, Six. Isso não é estranho? – Ele me olha com os olhos semicerrados indo direto para a copa.

Calada estava calada fico. Encolho-me no sofá. Mentira, eu sei que é elegante uma mulher de poucas palavras, mas eu sou matraca, vou atrás dele tentando sondar algo.

— Eu preciso ir para casa. – Exclamo depois de muito sondar.

— Você ficou maluca? Você ficará aqui pelo menos essa noite.

— Não, Nigel, eu preciso ir, não tenho nada aqui, nem meu celular, e também preciso tirar minhas coisas daquele apartamento.

— Deixe isso para fazer com calma, Miranda mandou providenciar roupas para você, daqui a pouco deve chegar.

Arregalo os olhos e sigo em busca de água, toda desconfiada, sem entender muito sobre as ações de Miranda. Ela veio me visitar, ela pagou o hospital, ela me manda roupa...

Nigel me fez sentir melhor, conversamos bastante a noite, nos conhecemos ainda mais, e eu só consigo ficar ainda mais encantada por ele.

Mas, resolvo tentar dormir cedo, estou ansiosa por encontrar com Miranda. Isso não é doido?

A abandonei, transei com ela, e fugi sem entender nada do que havia acontecido e agora estou aqui ansiosa para encontra-la.

..........................

Abro os olhos e vejo que ainda começa o alvorecer. Sinto uma leve pontada de ansiedade bater em meu estômago. Fui dormir tão decidida de que queria vê-la, e agora pela manhã já não me sinto mais tão decidida assim.

Coloco o roupão indo para cozinha para preparar um café, ainda é tão cedo. Preparo para mim, e Nigel. Deixo a mesa posta e vou até o banheiro me preparar para iniciar o dia.

Das roupas que vieram para mim, escolho uma blusa preta de manga comprida e uma calça na mesma cor em alfaiataria, sigo para a parte mais difícil. A maquiagem, eu sempre sou a favor da pele mais natural e menos reboco, então preparar uma pele não é o que eu sei fazer de melhor.

— Deixa que essa parte eu te ajude. Já que você vai mesmo trabalhar.

— Não posso faltar mais um dia, Nigal, principalmente por ter que buscar um novo lugar. Faria falta o dia de hoje.

Ele compreende, ele sabe que as leis trabalhistas daqui, apesar de primeiro mundo, não é a das melhores. Ele senta ao meu lado e começa passar a maquiagem em mim.

— Deixe-me ver. – Ele segura meu queixo e analisa meu rosto. — Até que não ficou ruim, é só não deixar ninguém chegar muito perto.

Eu sorrio e ele se levanta, o agradeço por tudo que faz por mim. Até agora fez muito mais que as pessoas que eu pensei que eram meus amigos.

— Vamos? – Nigel chama terminando de colocar o relógio.

O caminho para Runway nunca tinha parecido tão rápido. Senti minhas mãos suadas, a minha ansiedade mais uma vez mostrando presença. E assim que toquei os pés no prédio, tive a sensação de que todos me olhavam, me analisavam e talvez estivessem pensando que eu apanhei, ou que sabiam que transei com ela.

— Bom dia, Emily.

— Ah, que bom que resolveu lembrar que tem um emprego, não aguentava mais fazer o seu trabalho. – Ela dispara a reclamar.

— É! Eu tenho, pelo menos ainda.

Ela me olha sem entender, e quando abre a boca para falar algo, seu celular apita, fazendo-a desviar a atenção do que diria.

— Oh droga, droga – Ela se desespera. — Roy mandou mensagem avisando que a esteticista desmarcou e Miranda estar a caminho.

—Comecemos nosso trabalho. – Sorrio indo para meu lugar. 

Louca para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora