Abro os olhos com certa frustração em certeza de que ela não tá mais em minha frente. Fecho a porta e me sento no sofá permitindo ainda sentir o gosto e sensação dos seus lábios nos meus.
Balanço a cabeça em negação desistindo de entender Miranda. Eu disse que não olharia mais para esse assunto e a gente se beijou... Ainda sem assimilar direito minha conversa com ela. Ouço a porta sendo aberta e Nigel adentrando.
— Miranda acabou de sair.
— Eu sei cherry, a vi passar. – Ele me lança um sorriso travesso.
— E antes que você pergunte, não, a gente não se esbarrou, pois eu estava apenas fazendo hora extra lá embaixo. – Ele vai até a cozinha.
— Eu não acredito que você nos deixou a sós de proposito, eu estava precisando de você. – Olho para ele incrédula.
— Era mesmo de mim que você precisava. – Ele fala irônico. — Essa cara de quem esqueceu todos os problemas não é de quem estava precisando do meu colo e sim do dela.
Balanço a cabeça em negação sentindo meu rosto ficar rubro enquanto ele sorrir vindo em minha direção com duas taças em uma mão e na outra uma garrafa de vinho.
— Não acho que seja boa ideia, amanhã é dia de labuta.
— Uma taça não faz mal a ninguém.
Sorrio em negação, mas pego a taça e assisto-o enchendo.
— Como foi? – Ele pergunta eufórico.
— Estranho.
— Ah, Six, pelo amor de Cher, imaginei tudo, até um sexo em meu sofá, e não isso.
— Não é estranho o fato de eu me apaixonar por ela, sem antes haver sequer um dialogo voltado a algo pessoal? Eu me apaixonei pelo que descobri dela tentando adivinhar suas expressões e reações, e pela Miranda profissional, Nigel. – Balanço a cabeça em negação. — Hoje tivemos um primeiro dialogo sem que remeta a revista.
— Mas paixão é isso, cherry, primeiro você se encanta, não raciocina um palmo a sua frente, e só existe aquela pessoa, e não importa em que circunstância estão as coisas, você apenas quer viver esse desejo, essa excitação e paixão, e depois que toda essa emoção desenfreada se acalma, você vai realmente percebendo se é capaz de amar, ou se foi uma escolha idiota.
— O pior é que eu tenho ciência de que não estou cega pelo criei dela, pois eu não criei uma Miranda só para mim que foge do que ela é. Eu tenho plena convicção de ela é uma pessoa difícil para amar, e mesmo assim, com toda sua arrogância e prepotência, rigidez, eu consigo ver alguém que seja doce.
— Hum, acho que você forçou a barra chamando-a de doce, no máximo agridoce, vai! – Ele gargalha e eu o acompanho. — isso me cheira a sentimentos mais forte que paixão. – Ele vira a taça e logo volta a se servi.
— Eu não fico pensando muito em como ela seria em relação a sentimentos. Eu nem sei como tudo aconteceu dentro de mim. Eu só tenho certeza de que ela poderá me fazer sofrer caso eu insista em algo que ela sequer dar abertura para que eu tente.
— Nossa, Six, a conversa foi tão ruim assim para você pensar assim?
— Não, Nigel, pelo contrário, Miranda me falou coisas bonitas e inteligentes, é claro, mostrando toda sua sabedoria e experiência, nos beijando antes dela correr. Mas, em um dado momento, eu percebi que ela sequer ouviu, ou prestou atenção quando eu me declarei para ela à primeira vez. – Ele faz gesto me incentivando a continuar falando. — Ela se ofereceu para pagar a dividida que Nate deixou, e eu disse que não tinha me apaixonado por ela com essas intenções e ela agiu como se eu nunca tivesse falado isso antes, e é por situação assim que me faz ter certeza que esse amor é algo que eu apenas devo guardar dentro de mim, para carregar sempre a lembrança de que poderia ter sido bom, caso acontecesse. Entende?
— Não, eu não entendo. Miranda veio aqui mais uma vez preocupada com a sua situação, e inclusive, queria que eu lhe emprestasse um apartamento que na verdade é dela.
— O quê? – Questiono muito surpresa.
— E isso, e nem pela Diana Spencer ela faria, querida. Sem os outros feitos dela em relação a você, e sem contar que rolou beijo aqui na minha sala, então rani, como disse, é visível que ela sente algo por você, nem que seja uma puta atração, já que vocês transaram e isso me deixa muito eufórico em saber. – Ele pisca continuamente as pestanas.
— Eu prefiro não me iludir.
— O que falta é as duas tomarem vergonha na cara e conversarem em relação a isso.
— Ela se ofereceu para pagar as dividas e o apartamento. – Olho receosa para ele.
— E claro que você vai aceitar.
— Eu prefiro não misturar as coisas.
— Maldita minha língua então por eu falar que ela pretendia te emprestar o apartamento.
— De qualquer maneira, eu não aceitaria.
— Pois deveria. Talvez ele se tornasse o ninho de amor de vocês. – Nigel rir debochado.
Balanço a cabeça em negação, levo a taça para a pia, agradecendo mais uma vez a ele por tudo que vem fazendo por mim e sigo para o quarto de hospede.
Talvez as duas taças de vinhos que tomei auxiliou para que o sono viesse logo, pois rapidamente adormeci.
No dia seguinte, apesar de tantos problemas, e a mente inquieta, me acordei mais disposta, me arrumei com calma e fomos para revista, durante o percurso, Nigel praticamente me obrigou a aceitar o apartamento caso "ele voltasse" a oferecer, pois Miranda não poderia saber que ele havia me contado sobre o comportamento e atitudes dela em relação a mim.
— Dios me libre salir como Maria fifi. – Seguimos para a revista entre risos.
Nigel é uma pessoa ímpar, Miranda tem sorte de tê-lo como amigo, apesar de que eu tenho quase certeza que deve ser muito para ele aturá-la.
Assim que chego à minha mesa, Emily, claro, já estava na sua, e nos avisa que Miranda está a caminho. Organizo com pressa sua mesa, deixando as revistas do dia de acordo com a que ela gosta de ver primeiro. Deixo sua garrafa d'água ao lado, me retiro e em tempo suficiente para sentar em minha cadeira e ver Miranda chegar.
Desejo bom dia, mas é claro que ela não responde e passa a me ignorar praticamente toda a manhã. Tudo ela direciona para Emily e as menos importantes e mais chatas Emily repassa para mim. Isso me deixa chateada.
E já no fim do expediente Nigel aparece para irmos embora.
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Louca para Amar
RomanceAndréa tenta abandonar Miranda em Paris, mas minutos depois se arrepende, ainda confusa do porquê do arrependimento, tenta voltar, tenta continuar sendo assistente de Miranda e em busca de descobrir o que a prende naquela mulher fria e sem coração.