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Há quem diga que a durabilidade de um trovão e do raio são as mesmas, mas o raio parece que demora bem menos que o barulho do trovão. E eu sou jornalista e não meteorologista. Só acho que na minha percepção o trovão dar mais medo que os raios. E eu acabo de me assustar com o barulho estrondoso de mais um trovão, e esse pareceu bem mais longo. Sem muito pensar, dominada pelo susto, me aproximo de Miranda, e a abraço por trás. Miranda não se mexe, provavelmente estar dormindo.

Agora com certeza, ela provavelmente já sabe, ou percebeu que eu não só tenho medo de viajar quando o tempo está fechado, como também tenho medo de dormir.

Respiro fundo e o cheiro dos cabelos dela me invade, seu corpo é quente, talvez devesse me afastar dela, o céu parece que acalmou. A palavra do Nate me vem à mente, e meu corpo esquentou de maneira inexplicável.

Afastei-me dela com cuidado, o medo dela acordar só me deixa ainda mais tensa. Dormir será difícil. E eu deveria estar triste e pensando nos últimos acontecimentos com Nate. Eu já nem sei mais. Sou um coas ambulante.

— Não precisa ter medo, Andréa, é apenas um chuvisco.

Meu corpo foi lá no céu e cumprimentou o Thor, Deus do trovão e voltou. Miranda estar acorda e agora sinto meu corpo todo enrijecer.

— Me desculpa! – Sussurrei com medo de ela tirar meus órgãos ali.

— Tudo bem! – Ela emitiu ainda virada de costas.

Ainda pouco a vontade e muito constrangida, volto a olhar para o teto, onde pequenas sombras volteavam... Ouço Miranda mexer-se, e eu prendo a respiração tentando ficar o mais imóvel possível.

— Como uma mulher cheia de vontade de crescer como você, tem medo de chuva? – Sinto o hálito quente e viro à cabeça para olhar aqueles olhos azuis que brilham na penumbra. Tem um leve e quase imperceptível sorriso em seus lábios.

— Quando eu era criança, eu e meu pai estávamos protegendo os cavalos da chuva que ameaçava cair, levando eles para o estábulo, o céu estava se fechando, relampejava muito... – Fechei os olhos e consegui reviver aquele momento. — Eu estava com cabelo curto, na altura dos ombros, arrastava um potro pela rédea, deu um clarão tão perto de nós, e trovejou muito alto, meu pai gritou por mim, e eu só consegui ver uma sombra, e a pancada de caindo em cima de mim, e eu passei sete dias internada no hospital e tenho uma cicatriz na cabeça. – Procurei a mão dela por baixo do edredom. — Bem aqui. – A fiz tatear a minha cabeça até encontrar a marca. — E bem... O medo é mais forte que eu.

Ela não puxou a mão para o lugar que estava antes. Ela não parou de sentir a cicatriz em minha cabeça, ela apenas segue tocando ali com as pontas dos dedos, com tanta delicadeza. Isso está gostoso.

— Estamos muito seguras de qualquer raio aqui nessa casa, Andréa, tem para-raios em praticamente todos os quarteirões.

Miranda está fazendo o possível para me deixar a vontade?

Ficamos ali em silêncio olhando para o nada, talvez ela esteja de olhos fechados, não sei. Mas o carinho na minha cabeça não cessa, eu posso muito bem me acostumar com esse toque. Tomo coragem e olho mais uma vez para seu lado, o azul brilhante de seus olhos já perdia lugar para a escuridão de sua pupila dilatada. Fiquei tensa, a intensidade do olhar de Miranda balança qualquer pessoa, e comigo não é indiferente. Mais uma vez a fala de Nate me vem à mente, meu corpo fica inquieto, sinto que estou ficando rubra.

Viro para ficar completamente de frente a ela. Movo minha mão esquerda, que esbarra na outra mão dela que estar debaixo do edredom. Ela apertou... Sinto-me ainda mais nervosa, o coração acelera.

Louca para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora