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O nervosismo toma conta do meu ser, não é como se eu tivesse voltado de férias, nem licença eu tinha. Isso significa que vai me faltar grana no fim de mês...

— Senhorita divagação, o que tanto pensas? – Nigel me olha curioso.

— Estou nervosa. E se eu não fizer as coisas direito? – Olho para ele apreensiva.

— Que tipo de coisas você se refere?

— Se eu voltar a não conseguir suprir as demandas dela como no começo? – Volto a olhar para fora da janela do carro.

— Pelo amor de Cher, Six, considerando que você não trabalha sábado e domingo, você só passou quatro dias longe do trabalho. Pensei que estivesse com medo de não seduzi-la isso sim. – Ele dar um encontrão com seu ombro no meu.

— Eu não quero sofrer, Nigel. – Abaixo a cabeça.

Antes que ele falasse qualquer outra coisa, o carro para evidenciando que chegamos a Elias-Clarke.

Assim que meus pés tocam a calçada, sinto meu coração acelerar, olho em volta buscando algum vestígio de Nate pelas redondezas e não o avisto, sinto minhas mãos suarem.

— Você está hiperventilando, Six? – Sinto sua mão tocar em minhas costas e a outra em meu braço.

— Está tudo bem. – Profiro com a voz trêmula.

Subimos para o andar da Runway, claro que Miranda ainda não havia chegado. Emily me olha arqueando uma das sobrancelhas.

— Até que enfim apareceu à margarida, não aguentava mais fazer o seu trabalho. – Ela profere irritada. Mas, seu sorriso e olhar carinhoso diz o contrário.

— E a substituta? – Aproximo da minha mesa.

— Uma incompetente que não deixou somente a Miranda, como a mim, irritada. — Isso que você está usando é...

— Chanel! – Afirmo sorrindo para ela.

Emily me passa a agenda da Miranda, me inteira de toda a situação da revista e eu pude com calma me situar, já que nas primeiras horas do dia, Miranda não estar na revista e sim na esteticista.

Por volta das nove e quarenta, Emily recebe mensagem dizendo que Miranda está chegando.

As pessoas correndo de um lado para outro, outras se arrumando e trocando sapatos me faz suspirar melancólica. Eu definitivamente estava morrendo de saudades desse ambiente toxico. Balanço a cabeça em negação. O bip do elevador faz Emily correr em direção a ele.

O barulho dos saltos dela me causa frisson. Quanto mais alto o barulho fica, mais nervosa eu fico. E assim que a vejo, prontamente me coloco de pé.

Miranda para por fração de segundos, talvez surpresa? Mas ela sabe que hoje eu estaria aqui, não é?

Sinto minhas bochechas ficando vermelhas, ela volta a falar com Emily.

— Bom dia, Miranda! – Desejo esticando as mãos para receber seu casaco e bolsa. Ela o joga na mesa de Emily e entra em sua sala.

Dirijo-me para copa para pegar seu café tendo plena certeza de que em poucos minutos ela pediria.

Sinto meu coração ainda acelerado, talvez esse seja o novo ritmo que ele decidiu bater. Suspiro mordendo internamente meu lábio inferior.

— Com licença, Miranda, seu café. – Miranda não eleva a cabeça para me olhar, apenas seus olhos, aquela posição me olhando de baixo para cima faz com eles ficassem ainda mais intensos que já são. Novamente sinto minhas bochechas esquentarem.

— Miranda, gostaria de lhe pedir desculpas. – Profiro ao deixar o café em sua mesa.

Ela por fim para de me olhar daquela maneira que estava me deixando incomodada, e recosta suas costas na cadeira. E talvez a forma que ela me olhava antes nem era tão ruim...já que agora ela me olha com os olhos semicerrados enquanto brinca com as perolas do cordão em sua boca. Sexy e ao mesmo tempo tão intimidadora.

— Eu não tinha e nem tenho o direito de incomodar você com minhas questões sentimentais. – A vejo revirar os olhos. — Precisa de mais alguma coisa? – Corto o assunto que eu mesma tentei iniciar depois da revirada de olhos enfadada dela. Tudo o que eu não quero ser é alguém cansativa para ela.

— Chame Nigel, ligue para o pai das minhas filhas e lembre-o da reunião de pais e professores, busque os acessórios da nova coleção de Jimmy Choo. Isso é tudo! – Ela balança as mãos no ar me dispensando.

Balanço a cabeça em concordância me retirando de sua sala e indo fazer o meu trabalho.

— Ela quer você na sala dela, Nigel. – Profiro assim que chego á sala de Nigel, após ligar para o pai das gêmeas.

— Como está sendo a missão "tentando o dragão"? – Ele sorrir juntando alguns papéis, provavelmente para levar para ela.

— Não está. Eu não nasci para fazer isso Nigel, e Miranda visivelmente se arrepende do que aconteceu.

— Você se deprecia demais, Six, pelo amor de Cher. – Ele revira os olhos e vai em direção à saída. Eu faço o mesmo.

Ele segue em direção à sala dela e eu para o elevador. Eu não sou muito de me lamentar, mas sei lá, talvez me sinta um pouco frustrada, nada anda nos trilhos ultimamente e isso é cansativo.

Sinto como se meu corpo tivesse o peso de tantas palavras não ditas. Grito ao sentir um carro tocando a lateral do meu corpo, a minha sorte é que o carro foi parado a tempo de não fazer um grande estrago em mim.

— Eu preciso de um banho de sal grosso, não é possível. – Resmungo depois de me recuperar do susto.

Quase que as sacolas com os acessórios voam, respiro fundo e atravesso a rua correndo. E instintivamente novamente olho pelas redondezas com medo que Nate esteja ainda me observando.

Talvez eu esteja ficando paranoica. Entro no prédio e a passos apressados sigo para o elevador quando Emily me manda mensagem dizendo que ela quer café. Respiro fundo dando meia volta para providenciar o seu precioso café.

O dia se arrastou entre muitas demandas da Miranda, ou eu quem já havia perdido o pique, não sei, mas já é fim de expediente e eu me sinto tão cansada, talvez porque minha cabeça não sossegou um momento sequer.

Aproveito que só estamos esperando Miranda nos liberar para ligar para o apartamento que era meu e dele. Longos segundos de chamada e ninguém atende. Busco o contato do dono do apartamento e depois de algumas chamadas, ele atende. Pergunto se ele sabe se Natanael ainda estaria no apartamento, expliquei que separamos e que preciso buscar minhas coisas, mas não quero encontra-lo.

Ele disse que veria se ele ainda estiver por lá e ainda cobrou os alugueis atrasados. Eu fiquei indignada, como assim havia aluguel atrasado?

Todos os meses Nate me garantia pagá-lo. Trinco os dentes com raiva, como ele pode fazer isso? Como eu sou tão idiota?

Eu quase encerro a chamada quando vejo Miranda na porta, parecia atenta a minha conversa. Mas é claro que ela não estava.

— Estou saindo em quinze minutos. – Ela fala olhando para Emily e voltando para sua mesa.

Emily avisa Roy.

Louca para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora