Sai por alguns minutos daquele loop de ansiedade ao focar minha atenção na aeromoça que se aproxima de Miranda. Alguns minutos depois que ela se afasta, retorna com algo para Miranda que eu não vi o que é, e aproxima-se de mim.
— Uma valeriana para você, ajuda a relaxar, e nesse copo tem algumas pedras de gelo, passe-a nos pulsos, ou fique segurando, ajudará você. Deseja comer algo?
Franzo as sobrancelhas tentando formular alguma pergunta, mas, apenas balanço a cabeça em negação. A moça sorrir, e se afasta elegantemente.
E sim, gente, a xícara de chá me ajudou de certa forma, mas o gelo, definitivamente foi algo que me fez focar minha atenção. O efeito dele sobre minha pele me fez distrair em relação à crise de ansiedade que eu estava tendo desde os primórdios.
Não sei em qual momento do voo dormi, mas ao acordar, o avião já está preparado para pousar.
Roy já tá a nossa espera. Miranda durante o caminho para sua casa faz algumas ligações pessoais. E quando o carro para em frente a grande casa, ela sai sem olhar para trás, é óbvio.
Consego respirar, confesso que a presença de Miranda me deixa extremamente mais tensa, inquieta, não consigo explicar. Abaixo a divisória para poder conversar com Roy.
— O que aconteceu por lá, menina? – Ele questiona menos formal. Como costuma ser, sem a presença de Miranda.
— Por que, Roy?
— Bem, Emily estava desesperada porque Miranda ligou para ela exigindo que você estivesse em um evento, ou cabeças iriam rolar.
Arregalo os olhos como se eu não soubesse em que momento foi esse. —Nossa. – Mas, a minha surpresa é por saber que Miranda tentou falar com outras pessoas para conseguir falar comigo.
Mas é claro que ela tentaria, ela estava em Paris, na semana mais importante da moda, sem a única assistente que ela levou. Claro que ela precisaria de alguém com urgência, sendo eu, ou não.
Assim que Roy estaciona o carro em frente ao meu prédio, ele me ajuda a tirar minha mala do porta-malas, despeço dele e sigo para dentro de casa.
Sou surpreendida assim que abro a porta do meu apartamento, aparentemente ainda tem alguém vivendo ali, além de mim.
— Oi! – Nate profere sem tirar os olhos da TV.
Confesso que pensei que ele não estivesse mais ali, já que antes de eu escolher ir para Paris com Miranda, ele tentou me fazer escolher entre ele, ou o trabalho e ficou muito decepcionado por eu não ter contado a ele minha decisão, inclusive, havia me pedido um tempo, justamente por ״escolher Miranda״.
— Oi! – Realmente não sei o que falar a ele.
— Como foi em Paris? – Sua voz soou com certo sarcasmo. — A cidade luz, com sua chefe, a estupida dama de ferro que não tem vida social?
Reviro os olhos, e quer saber? Não estou com saco nenhum para bater boca nesse momento. Apenas respiro fundo, arrasto minha mala para o quarto.
Preciso de um banho, preciso de paz, preciso de tanta coisa que antes nem fazia ideia que necessitava, inclusive, uma organização mental.
Assim que saio do banheiro, assusto-me ao encontrar Nate sentado na borda da cama, de frente para porta do banheiro, com os braços cruzados, e com cara de poucos amigos, barba por fazer, e cabelos bagunçados. Desleixado!
— Se você está afim de uma DR, saiba que eu não estou. Acabei de chegar de uma viagem estressante, preciso descansar.
— Falei alguma coisa, por um acaso?
— Ótimo. Agora poderia dar licença, quero trocar de roupa.
Pela maneira que ele me olha, é visível que ele ficou surpreso. Até eu fiquei, nunca tive vergonha de me trocar na frente dele, ou me importei por ele me ver pelada, mas agora, está estranho, é como se não fossemos mais íntimos suficiente para tal coisa.
Ele sorrir debochado e me encara. E em pleno século XXI, não sei se tenho o direito de querer que meu namorado, qual dividimos um teto e temos relações sexuais, não me veja trocando de roupa. Mas, minha mente já tem coisa demais para pensar, e isso nesse momento não é tão importante a ponto que eu precise mesmo enfatizar e decidir agora. Apenas balanço a cabeça em negação, tentando ignorar a presença dele ali, e começo a vestir uma roupa leve para deitar.
Acreditei que teria um final de semana tranquilo, mas não foi isso que aconteceu, Nate está incrivelmente insuportável, jogando na minha cara todo tempo que eu tomei o lugar da Emily, dizendo que eu a trai, rindo da maneira como me visto. E mais uma vez, confesso que pensei que tínhamos superado esse fato de como eu me visto agora, mas parece que não.
Dou graças aos céus com a chegada da segunda-feira, e isso é estranho. Desde quando passei a preferir ficar no trabalho que em casa? Logo eu que amo o aconchego do meu lar...
Emily não olha para minha cara. Eu sei que ela tem razão, sei que era o sonho dela. Mas depois das coisas que Miranda me falou, e depois das conclusões que eu tive sozinha. A única atitude cabível no meu ver; é tentar deixa-la descontar toda frustração em cima de mim.
— Olha, Emily, eu sei que você está com ódio de mim, mas, Miranda poderia ter falado a você que me queria ao lado dela, não foi algo que eu pedi, ou partiu de mim, ela também exigiu que eu te falasse, não sei por qual motivo, mas, agora eu sei que eu tinha escolha, e infelizmente fui obrigada por mim mesma, por minha vontade de ascensão, a aceitar. E também sei que se você estivesse no meu lugar, você faria exatamente igual. Ou você daria um não para Miranda Priestly? – Ela apenas semicerrou os olhos e bufou, iniciando uma digitação bruta. — Mas, gostaria de dizer também, que ganhei muitas roupas, sapatos, bolsas, que eu não conseguiria usar nem na minha próxima encarnação, e eu não sei o que fazer com elas. Você tem alguma dica? – Sorri ao notar sua mudança de postura.
— Com certeza terei que fazer uns ajustes para caber em mim, já que você é gorda. – Ela tenta ser ríspida.
Sorri aliviada, Emily apesar desse gênio forte, é uma mulher maravilhosa que batalhou muito na vida, e tem um coração lindo, apesar de tanta acidez, com certeza o convívio com Miranda influencia bastante para isso.
— Você vai me explicar tudo o que aconteceu e o porquê Miranda me ligou atrás de vo...– Ela olha para o celular. — Miranda está chegando. – Profere desesperada trocando os sapatos.
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Louca para Amar
RomanceAndréa tenta abandonar Miranda em Paris, mas minutos depois se arrepende, ainda confusa do porquê do arrependimento, tenta voltar, tenta continuar sendo assistente de Miranda e em busca de descobrir o que a prende naquela mulher fria e sem coração.