Louca para Amar

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Assimilar o que aconteceu para quê se eu iria continuar sem entender?

Peço para o taxista parar em frente a um pub, adentro ao ambiente com cores quentes. Peço uma dose de tequila e fico observando as pessoas como se eu não tivesse problema algum na minha vida. Mas, não tomei tantas doses como desejo, pois, Nigel me ligou e nesse exato momento tá vindo me buscar. Chega até ser engraçado como ele cuida de mim, não imaginava que ele fosse tão paternal como vem sendo comigo.

— Eu posso saber o que foi que aconteceu? – Ele interroga assim entramos em seu apartamento. — E essa marca no teu rosto, Six? – Ele aproxima-se visivelmente preocupado.

— Foi o Stephen!

— Meu Deus! Ele pegou vocês duas no flagra e partiu para agressão. – Nigel afirmou assustado.

— Não, ele estava sendo escroto com ela, Nigel, ela estava tão diferente da postura que costuma ter, seu olhar não era de predadora e ele parecia se divertir com a situação. – Sento no sofá deixando meu corpo relaxar.

— Mas em que mundo Miranda deixou você assistir uma discussão calorosa com Stephen? – Ele senta curioso ao meu lado. Mas curioso por saber como assisti do que ela e Stephen brigando.

— Ela não deixou, fui entregar o livro e acabei ouvindo, e ele se alterou e ia agredir ela, então eu me coloquei na frente e acabei levando o tapa por ela.

Nigel suspirou pesadamente, coçou a cabeça, tirou os óculos e voltou a olhar para mim.

— Eu nunca gostei dele, espero que dessa vez ela termine com ele.

— Como assim dessa vez?

— Stephen adora se embriagar e tentar ridicularizar Miranda nos eventos com piadas, ou comentários impróprios, mas agredir foi demais.

— Nunca imaginei que Miranda permitiria aceitar alguém assim como ele.

— Ah, Six, a dama de ferro só é de ferro na vida profissional, ela nunca teve muito tato para emocional. O pouco que conversamos e ela solta entrelinhas, eu sinto que ela é louca para amar, mas infelizmente as desilusões com os três casamentos a fez ficar assim.

— Ela é louca para amar, mas, não se deixa amar, Nigel, como pode isso?

— Há uma linha tênue entre ser louca para amar, e ter coragem de amar e se deixar ser amada, Six. Mas, eu ainda acho que você pulou todas essas linhas. – Ele sorrir me dando uma piscadela.

Sorrio balançando a cabeça em negação, ele me dá mais algumas broncas por ir sozinha a um bar, e eu respondo mal criada dizendo que ele não é meu pai e que eu sou maior de idade.

Na segunda, confesso que não queria ir trabalhar, não trabalhar em si, mas encontra-la. Se as coisas que Nigel falou procedem, provavelmente ela se sentiu invadida por mim, e eu sei o quanto ela odeia que seus funcionários vejam algo a respeito do seu pessoal.

Sinto meu peito bater acelerado durante todo o percurso para a revista, e quando saio do trem, olho assustada para trás com a sensação de que alguém me acompanha. Mas, claro que muitos me acompanham, porém, eles não parecem atentos a mim, e sim, em cada particular seu.

Adentro a revista e uma Emily com o nariz vermelho e olho inchado me encara.

— Miranda tá chegando.

— Você tá bem?

— Eu pareço bem, Andréa? – Ela revira o olho, o convívio a Miranda é contagiante... — Eu amo meu trabalho, eu amo meu trabalho. – Ele repete enquanto eu sigo para sala da Miranda.

Organizo com pressa sua mesa, mas sem tempo suficiente para sair sem encontrar com ela adentro a sala. Miranda me encara.

— Bom dia Miranda!

Ela volta a andar depois de um pigarreio e senta-se em sua cadeira, imponente como eu sempre a vi.

— Ligue para Joyceline e diga para ela fazer o impossível para amenizar a mídia em relação ou meu divorcio.

Olho surpresa para ela. É impossível não olhar satisfeita com o que eu acabei de ouvir, eu não esperava menos que isso.

— Traga o mostruário dos novos tecidos, a proposta da capa para o próximo mês. Isso é tudo! – E quando eu me viro para sair de sua sala, ouço-a me chamar. — Obrigada! – Saiu como um sussurro e ela não sustenta o olhar por muito tempo, mas acredito que ela olhou tempo suficiente para ver um sorriso se formando em meus lábios.

Quando volto depois de cumprir as demandas dela, encontro Emily conversando sozinha, dizendo como se fosse um mantra que precisa melhorar até quarta.

— Algum encontro quarta? – Sorrio para ela.

— AFF! Quem me dera, Miranda tem viagem marcada para Milão para quarta e claro, sou eu que sempre a acompanho, se eu não melhorar, estou ferrada.

Antes que eu pudesse falar algo, Miranda me chama mais uma vez já dando sinal que hoje será um dia extremamente corrido.

Dito e feito, Miranda teve muito compromissos, e só depois entendi que eram compromissos que precisam ser resolvidos antes da sua viagem.

Cheguei ao apartamento do Nigel, exausta, e ele ainda não havia chegado. Jogo-me no sofá e meu celular toca, atendo sem olha para tela e me arrependo. Conversar com minha mãe nesses últimos dias tem sido difícil, ela não me apoia como gostaria que apoiasse.

A terça-feira também não é diferente de ontem, Miranda parece ter ligado o modo turbo. Coitada da Emily que mal se aguenta em pé, e consequentemente com isso, todo trabalho veio para cima de mim. Já no fim do expediente, Miranda nos chama.

— Sabemos que amanhã irei para Milão, e que eu preciso de alguém saudável que não tenha pegado alguma praga viral. Então Emily, troque a passagem e o quarto do hotel para o nome de Andréa. Isso é tudo!

Saímos de sua sala com Emily notoriamente chateada e eu nervosa. Meu plano nesse tempo que Miranda passaria fora era para me mudar, e agora terei que viajar com ela. Arregalo os olhos lembrando-se de Paris e que eu quase abandonei.

Ao invés de me sentar, sigo direto para sala de Nigel.

— Ora, ora, o romance vem!

— Para, Nigel! – Dou-lhe um tapa em suas costas.

— Já imaginou chegar lá e só ter um quarto disponível para as duas? Que clichê. – Ele revira os olhos.

— Impossível! Tudo já estava reservado, apenas os nomes vão ser trocado.

— Nada é impossível, rani, agora passa daqui, me deixe trabalhar. Miranda precisa levar isto amanhã. – Quando vou saindo da sua sala, ele me chama. — Não me espere para jantar, cherry.