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— Você não pode fazer isso comigo Miranda. –Empurro-a estupefata.

— Andréah! – Ela exclama sem mover-se.

Apenas balanço minha cabeça em negação, ainda perdida sobre tantas palavras ditas por ela. Ando de costas, ainda sem conseguir desprender meu olhar do seu, minhas costas encostam-se à porta. Só assim, me desipnotizo dela. Abro a porta caminhando ainda incerta, sigo para sala em busca da saída. Sinto sua mão segurar meu braço, eu me viro com pressa e assustada. Não tenho tempo de racionalizar, ou ordená-la que me soltei, pois, suas mãos agarra minha cabeça e seus lábios devoram sofregamente os meus, e mais uma vez ando de costas, agora sendo empurrada pelo seu corpo e sua boca ágil que me toma com vontade. A parede nos para, seu corpo cola ao meu, e seu beijo parece sugar minha alma. Esse beijo, essa boca, essa pegada que só ela sabe... me deixam de pernas bambas.

O ar se faz necessário, e mesmo relutante, precisamos nos afastar para que nossos pulmões se encham. Ela encosta sua testa a minha e eu me recuso a abrir os olhos, sua respiração bate pesada em meu rosto, seu corpo ainda estar tão perto do meu. Eu balanço a cabeça em negação, e lágrimas caem de meu rosto. Afasto-a.

— UAU! Eu sabia que a mamãe era a que dominava.

Então a gente percebe que temos plateias, e a gargalhada das duas reverbera pelo ar ao assistir eu e Miranda revirando os olhos ao mesmo tempo pela fala de Cassidy.

— Com licença! – Agarro minha bolsa e saio com pressa dali.

Do lado de fora me dou conta que estou a pé, ando as pressas em busca de algum taxi, meu carro eu busco depois na Runway.

(...)

— Minha vida tá uma confusão e eu não sei o que fazer John. – Eu choro como uma criança. — Ela não pode se arrepender e chegar assim, pedir desculpas e achar que tá tudo bem.

— E você gostaria que ela chegasse como?

— Eu não sei. – Ele arqueia uma das sobrancelhas.

— Você perguntou a ela o que ela quer realmente?

— Eu não sei, eu só consigo lembrar as suas explicações e do nosso beijo, do olhar dela, ela estava tentando segurar o choro John, mas não conseguia, ela me agarrou de um jeito que eu nunca...

— Então vocês não conversaram tudo?

— Conversamos, quer dizer, eu, eu não consegui dizer que a odeio e que a quero longe.

— Por que você não quer?

— Eu só a empurrei, estapeei como uma imatura e perguntei por que ela tinha feito o que fez.

— E ela não decapitou você e tampouco jogou para leões? Afinal, a Miranda Priestly que você me trouxe, é alguém intocável, não?

Afundei-me no divã sentindo o peso das minhas confusões me sucumbirem.

— Você a ama e ainda quer ela. A sua questão pode ser o medo de se entregar como entregou a primeira vez, e depois ser rejeitada, você tem medo de amar, assim como ela, mesmo já amando. Pense sobre isso, ficamos por aqui.

— Pelo menos fiquei a terapia toda. – Ele tenta segurar um sorriso.

Dentro do carro, respiro fundo, tentando para variar, ignorar minha ansiedade e todos os pensamentos e questões que ela me traz ao mesmo tempo. Dirijo até meu trabalho, e confesso que sinto falta nessas quase duas semanas sem as meninas vindo à redação me pentelhar.

Passo todo o expediente perguntando-me qual explicação eu queria que Miranda me desse. Mas não foi tão torturador quanto o nervosismo por daqui poucos minutos encontra-la na Runway para a última prova do vestido.

Louca para AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora