Sentimentos ignorados

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POV. NARRADORA

- Cheguei - Mob falou entrando na casa de Voltan que já esperava por ele.
Voltan correu e abraçou o amigo apertado.
- Achei que não fosse vir.
- Estou aqui, consegui me livrar um pouco do meu pai - Mob falou sorrindo simpático - Vou ficar com você o final de semana.
- Por mim, está ótimo - Voltan falou sorrindo ainda abraçando o amigo.

Voltan ajudou Mob a se acomodar no quarto, e os dois estavam largados no sofá comendo besteiras e conversando conversas aleatórias.

Mob queria perguntar, mas não sabia se Voltan queria ser questionada sobre a anjo, ela não tinha mencionada nada ainda em nenhum momento.

E Mob analisou bem a amiga, e parecia que ela não tinha nenhum arranhão se quer em seu corpo.

Então começou por onde achou conveniente.
- E o Level, como estão as coisas entre vocês? - Mob perguntou se ajeitando melhor no sofá, Voltan estava deitada com a cabeça em seu colo.
- Boas - Voltan respondeu indiferente, Mob encarou seus olhos e levantou uma sobrancelha.
- Tem mais alguma coisa aí, me diz - Mob falou, e Voltan negou, ele começou a fazer cócegas na amiga ate ela render-se.
- Tudo bem, tudo bem - Ela falou se sentando - Nós nos beijamos - Mob levou a mão até a boca, e depois sorriu.

- Não acredito. Então?
- Então nada - Voltan respondeu dando de ombros.
- Nem vem com essa. Diz, o que aconteceu? - Mob falou se aproximando mais da amiga.
- Nada. A gente se beijou, e só - Mob gesticulou com as mãos para Voltan prosseguir - Se você quiser saber se eu gosto dele, eu não sei, eu só acho ele um cara legal, mas não quero falar mais sobre - Voltan falou encostando a cabeça no ombro do amigo, ele apenas assentiu.

- E a anjo, demônio, não sei o que ela é, apareceu de novo? - Mob perguntou.

Voltan ficou em silêncio, por um tempo e disse :
- Não, não apareceu.
- Certeza ? - Mob questionou e Voltan apenas assentiu. Ele percebeu o desconforto da amiga ao falar sobre a anjo, e resolveu não falar mais sobre.

O problema era; Que Voltan não queria pensar na anjo, e ela simplesmente não saía de sua cabeça.
Principalmente depois de ontem.
Voltan não entendia porque se sentia assim, ou porque a anjo chegou tão perto de beijá-la, e porque ela quis que beijasse.

Voltan simplesmente não queria se sentir assim, mas quando ela olhava nos olhos da anjo, e via um pouco de bondade, talvez, era inevitável não pensar, que possa existir alguém bom ali, mesmo que não pareça tanto.

Do mesmo jeito que Voltan estava pensando: Se era mesmo a anjo que queria machucá-la, ou se era alguém por trás disso, o problema é que,  Bárbara nunca explicava direito, sempre mudava de assunto, e ela não chegava a nenhuma conclusão sobre a anjo.

Do outro lado, Babi sabia o que sentia por Voltan. Sabia o que tudo isso significava, e também sabia, que não queria sentir isso, e que teria que matar esse sentimento, mesmo que tivesse que tomar decisões drásticas.

Babi sabia, não porque ela queria exatamente, mas porque ela tinha que acabar com isso, não por ela, mas por causa de Praedo.
Babi iria ignorar esses sentimentos, e faria o que tem que fazer, assim como fez com outras.

Só precisa estar melhor de seus cortes e dores por seu corpo.

O que deixava a anjo intrigada sobre a garota era : porque Voltan ajudou ela? Não tinha motivos, deveria ter deixado ela ali, sangrando até que morresse, seria mais fácil para a anjo.

A noite chegou e Babi ainda continuava em sua forma humana, foi até a casa de Voltan e fechou o buraco que tinha em seu quintal onde seu corpo caiu, com um pouco de dificuldade.

Babi subiu a janela do quarto de Voltan que estava aberta, as luzes do quarto estavam apagadas, e lá estava Voltan, deitada em baixo das cobertas, encolhida sobre a cama.

Babi sentou na janela e ficou observando Voltan dormir, seu rosto estava virado na direção da janela.

Babi sabia que Voltan tomava remédios para dormir graças a ela, porque não teria uma noite de sono se não fizesse isso, mas era isso que a anjo queria, que ela sentisse medo, certo?!

A anjo percebeu as olheiras, a magresa de Voltan, ela percebia tudo, nada passava por seus olhos.

Babi continuou na janela observando Voltan atentamente.

Ela não queria se sentir assim,
Ela já se sentiu assim, mas não é igual, é mais intenso?

Porque seu coração doia tanto ao ver Voltan com medo dela?

Seu coração já não tinha vida a muito tempo, seu sentimentos já estavam vazios.

Porque alguém como ela acordou todos esses sentimentos que ela  queria tanto manter mortos? Uma simples mortal.

Babi olhou a fruta que estava em suas mãos, e saiu da janela caminhando lentamente em direção a cama de Voltan parando ao lado, colocou a fruta em cima da escrivania.

Encarou o rosto calmo de Voltan mais uma vez, fechou os olhos com força abrindo-os e logo depois saindo pela janela indo embora dali.

Iria ser a última vez.

Pelos menos ela queria que fosse a última vez.

O fruto da macieira velha - Babitan G!POnde histórias criam vida. Descubra agora