Capítulo 4 - Respire

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Havia alguém na sua casa. Harry podia ouvir passos leves ocasionalmente. Franziu a testa e coçou a cabeça. Perguntou-se se havia saído na noite anterior e trazido alguma pessoa estranha para casa como ele geralmente fazia quando estava bêbado. Depois olhou para seu corpo e notou que ainda estava vestindo as calças do pijama. Ele não estava nu. Aquilo era bom ou mal? Levou alguns minutos para clarear as ideias e recompor-se. Se não era um de seus casos de uma noite, então alguém havia invadido a casa.

Harry pegou a varinha na mesa de cabeceira e a agarrou firmemente. Depois caminhou pelo corredor silencioso. Não havia ninguém à vista, mas ele podia ouvir alguém assoviando no andar de baixo. O ladrão era idiota ou descuidado se tinha a coragem de assoviar enquanto invadia sua casa. Ou talvez o indivíduo pensasse que a mansão estava abandonada. Não seria a primeira vez. Desde que Harry havia desativado as proteções ao redor da casa, adolescentes drogados costumavam furtar a velha mansão o tempo todo.

Harry suspirou. Devia ter deixado as proteções ativadas e achado um novo fiel do segredo para realizar o Fidelius Charm. Fazer aquilo traria muitas lembranças à tona, e ele não queria que isso acontecesse. Preferia lidar com tantos adolescentes bêbados ou ladrões quantos fossem necessários. Era fácil lidar com eles. Muito mais fácil do que lidar com seu passado.

Desceu as escadas cuidadosamente, tentando ser o mais silencioso possível. A Sra. Black dormia em sua pintura, o que era muito estranho. Ele podia ouvi-la roncar alto. Era a primeira vez. E aquilo deveria tê-lo advertido para o que encontraria a seguir. Algo estava muito errado.

A sala principal estava incrivelmente limpa. Harry piscou algumas vezes tentando se lembrar do que acontecera no dia anterior. Sua mente estava quase que completamente vazia. Ele se lembrava vagamente de ter visto Draco Malfoy, mas aquilo provavelmente havia sido apenas um sonho ruim.

Talvez Tilly houvesse voltado. Elfos domésticos eram assim, não eram? Mesmo quando eles eram expulsos, geralmente voltavam para seus mestres. Mas Harry não se lembrava de ter ouvido Tilly assoviar alguma vez.

Ouviu o assovio de novo e o seguiu até a cozinha. Lá ele parou de repente. Havia um loiro na frente do balcão da cozinha com suas costas voltadas para Harry. Uma varinha estava repousada sobre a mesa perto de um livro aberto de receitas. Ele franziu a testa. Teria Hermione contratado um criado pra ele?

Harry continuou observando o loiro até que sua presença fosse notada. Ficou chocado ao reconhecer Draco Malfoy.

- Ah, a bela adormecida finalmente acordou! – disse Draco com um sorrisinho. – Então, como se sente?

Harry ficou mudo. Não queria parecer tão surpreso, mas estava. Seu inimigo estava em sua cozinha com uma faca bem afiada em suas mãos. Harry apontou sua varinha na direção de Draco, que revirou os olhos. Será que ele estava tendo uma alucinação? Escutara de alguém que aquilo era um dos sintomas do alcoolismo. Talvez Draco não estivesse mesmo ali; ele era apenas um produto da imaginação de Harry – embora Harry não soubesse explicar por que ele alucinaria com Malfoy pra começo de conversa. Bem, alucinações eram como pesadelos, não eram?

- Largue a varinha, Potter. – disse Draco com indiferença. – Temos mesmo que passar por isso de novo?

Harry ouviu Draco suspirar e segurou sua varinha com firmeza ao vê-lo se aproximando.

- Não se mova, Malfoy, ou eu juro por Deus que irei enfeitiçá-lo. – ameaçou Harry por entre os dentes.

Draco suspirou pesadamente e colocou a faca em cima do balcão.

– Olha, estou aqui porq ue...

- Não quero saber! Cale a boca e saia! – Harry gritou.

- Posso pelo menos te preparar um almoço? Parece que você está precisando.

Bem me quer, Mal me querOnde histórias criam vida. Descubra agora