Capítulo 35 - O Colapso de Harry

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Era como estar num sonho surrealista, uma realidade alternativa onde o que ele achava que era real na verdade não era. Justo quando Harry achara que sua vida não poderia ficar mais complicada, algo vinha e a deixava de cabeça pra baixo de novo. Harry vagamente pensou ter ouvido Draco perguntar a ele se estava bem, mas seus olhos estavam grudados no homem a sua frente; um homem que ele pensara estar morto há muito tempo. Lá estava o homem cuja morte nunca parara de assombrá-lo. Algo ficou entalado em sua garganta, e seus olhos queimaram com lágrimas não derramadas. Recusava-se a chorar, no entanto. Primeiro queria entender o que estava acontecendo.

- Sirius? – Harry perguntou num sussurro.

- Harry... – disse Sirius com um sorriso débil. Ele tentou se aproximar de Harry e tocá-lo (Sirius estivera morrendo de vontade de fazer aquilo por muito tempo), mas Harry deu um passo para trás de imediato e sacou sua varinha.

- Potter, abaixe a varinha! – disse Severus aborrecido, sacando sua varinha também.

- Severus, não faça isso! – Sirius o advertiu. – Ele já está assustado! Não torne a situação ainda pior!

Enquanto os olhos de Severus e Sirius se digladiavam silenciosamente, Draco não disse nada. Estava tão surpreso quanto Harry. As pessoas próximas a Harry sabiam do quão traumático havia sido a morte de Sirius para ele. Ver Sirius Black vivo era um choque imenso, e Draco só podia imaginar o que estava se passando na cabeça de Harry naquele momento.

Finalmente, Severus baixou a varinha com um suspiro resignado. Depois se voltou para Draco e disse:

- Vamos fazer um chá, Draco. Eles têm muito que conversar...

Draco não sabia se era uma boa ideia deixar Sirius e Harry sozinhos. Bastava olhar para Harry e confirmar suas suspeitas. Draco podia sentir toda a confusão e dor do moreno; mas acima de tudo, podia sentir a raiva de Harry. Mas justo quando Draco havia decidido ficar, Severus o agarrou pelo braço e o arrastou para fora.

- Que merda! – Draco reclamou, soltando o braço do aperto forte de Severus. – Não quero deixar Harry sozinho com aquele homem! O que você está pensando? Você me machucou!

Severus suspirou.

- Desculpe, Draco, mas Sirius vem esperando por esse momento desde que eu o resgatei daquela antiga passagem. A conversa é entre ele e Harry. É um momento só deles. Não posso interferir por mais eu que queira. Entendo o que você está sentindo. Está preocupado com Potter, e eu estou preocupado com Sirius. Mas... tudo que podemos fazer agora é esperar.

Draco franziu o cenho.

- Ele é mesmo Sirius Black? – Draco precisava se certificar daquilo, porque sabia que Harry devia estar se perguntando a mesma coisa.

- É claro que ele é Sirius! – Severus respondeu com uma careta. – Acha que eu deixaria Potter sozinho com alguém se fazendo passar por ele?

- Como isso é possível? – Draco perguntou sem acreditar muito. – Ele estava morto! Vocês todos disseram a Harry que ele estava morto! Deixou Harry passar por toda aquela dor por nada? E o que há entre você e ele? Achei que você o odiasse!

- E odiava. – Severus sentiu as palmas das mãos suadas. A conversa estava lhe deixando inquieto.

- Então por que ele está aqui com você? Por que...? – Draco parou abruptamente e arregalou os olhos ao máximo ao ser se dar conta de algo. – Oh, meu Deus! Você se casou com ele? Como isso é possível?

- Ah, me poupe, Draco. Você, mais do que qualquer outra pessoa, deveria entender. Afinal de contas, você odiou Harry Potter com todas as suas forças por boa parte da sua vida. Você até mesmo quis vê-lo morto. O mesmo aconteceu comigo e com Sirius. Estávamos atraídos um pelo outro, mas éramos muito teimosos pra perceber e aceitar. Além do mais, éramos de Casas opostas, e éramos homens. Essas coisas eram o bastante para deixar qualquer um louco. Nossas personalidades terríveis também não ajudavam... Mas tenho certeza de que você entende o que é amar e odiar uma pessoa ao mesmo tempo.

Bem me quer, Mal me querOnde histórias criam vida. Descubra agora