Capítulo 39 - As Horas

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O tique-taque impiedoso do relógio da parede do escritório de Draco estava deixando-o maluco. Ele bateu com o pé no chão impacientemente, e fingiu revisar alguns papéis que já estavam em cima de sua mesa há dias. Seu chefe, Jonah, estava mantendo-o constante vigilância, e checava seu suposto progresso a cada cinco minutos. Mas como Draco não estava fazendo nada, e muito dificilmente fingindo o contrário, Hermione ficou com pena dele e agarrou alguns de seus relatórios. Ela então os terminou ela mesma, entregando-os ao chefe como se estes fossem prova do trabalho árduo de Draco.

Draco sentiu-se um pouco envergonhado por permitir que ela fizesse aquilo por ele, mas no fundo achava que ela merecia por toda a angústia desnecessária que o havia feito passar até aquele momento.

Mesmo assim, sentiu-se mal. Ele deveria estar fazendo seu trabalho corretamente ao invés de confiar na amizade e boa vontade de Hermione.

O maior problema era que ele não conseguia se concentrar em nada. Sentira-se assim a semana toda. Ele sentia muita falta de Harry.

Apenas uma semana havia se passado desde a separação dos dois, mas para Draco parecia que haviam se passado meses. Quando ele finalmente conseguira Harry só para si, e até mesmo feito Harry confessar seus sentimentos por ele, o destino os separara. Draco não podia acreditar na sua má sorte. Mas ele entendia que Harry precisara ir naquela jornada de autoconhecimento sem ele. Era difícil de aceitar o fato de que ele tivera que ser deixado pra trás, mas não havia nada que pudesse fazer.

Mal podia esperar para deixar o trabalho e ir pra casa. Embora seu apartamento parecesse muito solitário e sem graça agora, era um lugar onde ele podia esperar por novidades de Harry.

Até o momento, nenhuma carta havia chegado a suas mãos. O único que lhe escrevia era Severus, mas tudo o que seu padrinho sabia era que Sirius e Harry haviam chegado bem ao Tibet. Severus também não parecia nada contente com a falta de notícias de Sirius. E nem Draco. Pensar que Harry não havia se importado em entrar em contato com ele pelo menos para lhe dizer que estava bem o magoara profundamente.

Suas inseguranças haviam voltado com toda a força. Ele tinha medo de que Harry voltasse completamente curado e determinado a terminar o relacionamento. Afinal de contas, ele não precisaria mais de Draco. Ou pior. Harry poderia nem mais voltar. As duas alternativas estavam deixando Draco ansioso. Até o momento ele havia conseguido se segurar pra não entrar em pânico. Mas era difícil. Era doloroso aparecer pra trabalhar todos os dias e fingir que estava bem quando não estava.

Draco estava abalado com muitas coisas. Harry estava no topo da lista, mas não era o único a aborrecer Draco. Havia também Lucius e Narcissa para aumentar seu estresse a um nível perigoso. Sua mãe estava lhe mandando cartas novamente. A audiência de seu pai estava se aproximando, e Narcissa parecia achar que Draco tinha que aparecer por lá e ajudar Lucius a ter sua liberdade de volta por uma obrigação familiar.

Algumas ameaças haviam chegado por correio-coruja também. Algumas delas eram de fãs irados de Harry, desapontados com o fato de que o herói deles estava namorando um Malfoy. Todos acusavam Draco de lançar um feitiço em Harry.

Outras cartas eram ainda mais preocupantes. Algumas vinham cheias de maldições perigosas. Outras traziam palavras aleatórias de ódio contra os homossexuais no geral.

Mas havia uma em particular que o estava perturbando muito. Uma pessoa se intitulando 'O Vingador' havia escrito apenas duas linhas até o momento: "Eu sei que você o salvou. Você pagará caro." Aquelas palavras haviam sido o bastante para fazer Draco sentir calafrios na espinha. Anexada à carta ameaçadora estava a foto de Draco beijando Harry no hospital.

Bem me quer, Mal me querOnde histórias criam vida. Descubra agora