Capítulo 23 - Manual do Amor

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Foi a bom encontrar a Sra. Black dormindo em seu quadro. Harry não tinha certeza de que conseguiria lidar com os comentários maliciosos dela naquela noite. Não após o acontecido entre ele e Draco no banheiro da boate. Ficou vermelho ao pensar naquilo. Era difícil de acreditar que havia perdido o controle daquela maneira. Era difícil acreditar que havia gemido e estremecido nos braços de Draco. Agora que eles estavam de volta na mansão e a paixão havia arrefecido um pouco, Harry estava tendo dúvidas sobre a coisa toda.

"Isso é mesmo típico de você, Harry." ele pensou consigo mesmo, amargo. "O clássico lance Harry Potter, hein? Vai colocar mesmo toda a culpa em Draco, seu bastardo? Sabe muito bem que dessa vez a culpa foi sua!"

Draco estava vivenciando algo semelhante. Sua paixão havia esfriado rapidamente ao dizer a Bill que estava indo embora sem olhar nos olhos dele. Bill não havia pedido por explicações, e aquela falta de ciúmes havia sido uma facada no orgulho de Draco. Agora Draco estava confuso e um tanto zangado, se perguntando se Bill encontraria conforto nos braços de Fleur.

E havia Harry, o principal problema, o gatilho que havia bagunçado a vida de Draco. Draco sabia o que se passava na mente de Harry. Podia ver na forma como a linguagem corporal de Harry havia mudado depois de saírem do banheiro para encarar a realidade. Aquilo o deixou triste e cônscio do fato de que, se realmente queria Harry, teria que lidar não só com as constantes mudanças de humor dele, mas também com seu constante estado de negação.

- Potter? – Harry ouviu Draco chamar por ele e estremeceu.

Harry nunca notara o quão sexy era a voz de Draco. Era como um toque suave na sua pele. Harry se virou esperando encontrar o famoso sorrisinho nos lábios de Draco, mas tudo que achou foi desapontamento nos olhos azuis.

- Estou vendo – disse Draco com um sorriso fraco. – que você já mudou de ideia. Tudo bem. Na verdade, já esperava por isso.

Esperava? Harry não sabia que era tão previsível. Mas pensando bem, não era aquela mesma previsibilidade na sua personalidade que deixara ele e tanto outros em perigo no passado? Voldemort havia feito daquilo uma arma contra ele. Não era tão difícil prever seus passos. E Draco, que provavelmente tinha um diploma em Harry Potter, sabia daquilo tão bem quanto Voldemort.

Harry queria deixar de ser tão previsível. Queria fazer algumas mudanças em sua vida. Mas para que aquilo ocorresse, teria que se abrir com Draco. Teria que dizer a Draco que mesmo que não tivesse problema com alguns carinhos e beijos, não sabia se conseguiria lidar com uma noite de sexo selvagem com um homem. Estava com medo de suas próprias emoções. Até aquele momento, nenhuma mulher havia feito com que ele perdesse o controle como Draco. Mas era sexo gay. E pelo modo como Draco o havia provocado no banheiro, Harry seria o passivo. Estava se sentindo conflitado. Queria fazer sexo com Draco, mas tinha medo.

Se ele se abrisse com Draco sobre o assunto, o loiro iria rir dele e tudo voltaria à estaca zero. Harry voltaria a odiá-lo de novo, e as batalhas verbais recomeçariam.

Mas se Harry não se abrisse, havia a remota possibilidade – na verdade grande – dele se apavorar no meio da coisa toda. Então Draco iria ou gargalhar ou ficar bravo com ele, o que não seria tão diferente da primeira hipótese.

- POTTER! – Draco exclamou, aborrecido.

- O quê? – Harry perguntou, perturbado.

- O que há com essas caretas todas?

- Não estou fazendo caretas! – Harry respondeu rapidamente.

- Está sim. – Draco cruzou os braços e suspirou. – Olha, o que acabou de acontecer entre nós dois... Podemos culpar a lua cheia, certo? A lua nos enfeitiçou. Sabia que era uma má ideia, mas... Bem, não importa. Já tenho alguém, e apesar do que você acha, não gosto de trair meus parceiros.

Bem me quer, Mal me querOnde histórias criam vida. Descubra agora