Capítulo 36 - Confissões de amor

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Severus suspirou ao saber que o momento do tão esperado confronto havia chegado. Estivera esperando os olhares furiosos de Sirius e suas palavras assassinas por um longo tempo. Elas lhe eram mais familiares do que as palavras de amor que eles às vezes conseguiam professar um para o outro. Mas ele desejou estar errado, porque não esperava que as palavras de ódio de Sirius doessem tanto.

Severus se culpou por baixar suas defesas agora que finalmente estavam juntos. No passado, teria apenas dado de ombros e seguido em frente, ou amaldiçoado Sirius com um feitiço. Não podia mais fazer isso, não quando eram casados.

A quem ele estava enganando? Ele nunca havia sido capaz de dar de ombros para nada que tivesse a ver com Sirius. Sirius sabia melhor do que ninguém como irritá-lo com sucesso.

Do que Sirius estava acusando-o agora? Ah, sim. Algo sobre como Severus havia mentido pra ele, como sempre fazia, aliás. Harry havia sofrido todos aqueles malditos anos por causa dele, o ex-Comensal da Morte. Isso fez com que Severus ficasse imaginando se aquela mancha em sua vida seria jogada na sua cara pelo resto de sua existência. A gritaria de Sirius parecia não terminar nunca, e Severus não soube como conseguiu conter a raiva. Apenas sentou-se ali e ficou escutando Sirius brigar com ele sobre como não havia nenhuma vida feliz como Auror, nem esposa e nem filhos para o pobre Harry. Havia apenas dor e sofrimento, apenas sentimentos de culpa.

Severus sorriu amargamente. Dor e sofrimento faziam parte da vida. Severus tivera sua cota de sofrimento também. Na verdade, sua cota havia sido excessiva para uma pessoa só suportar. E alguém se importava? Apenas Dumbledore se importara, e mesmo seu velho mentor não tivera escrúpulos em colocar a vida de Severus em risco pelo bem da causa. Por que com Harry seria diferente? O garoto havia crescido sendo tratado como um príncipe por todos. Tudo que Severus fizera no passado fora para o bem de Harry Potter. Se eles tivessem educado o rapaz melhor, ao invés de tentar tanto diminuir seu fardo, Harry não teria se tornado tão mimado e difícil. Eles deveriam ter dito a Harry o que se esperava dele desde o começo ao invés de lhe esconder a verdade.

Harry Potter era o pobre orfãozinho. E daí? Harry realmente pensava que era o único com um passado horrível e uma infância infeliz? Severus deu um sorrisinho de escárnio silenciosamente. Harry não sabia nada sobre sofrimento. Severus havia experimentado o que realmente era dor, tortura e rejeição desde o nascimento. Se alguém achava que os Dursleys eram assim tão terríveis, era porque eles não conheciam o pai de Severus.

E daí se Severus estava com um pouco de ciúmes? E daí que ele não havia dito a Sirius a verdade sobre Harry? Ele realmente não sabia nada sobre o estado mental do garoto. Como poderia? Havia abandonado tudo para ir atrás de Sirius e trazê-lo de volta. Da última vez que ouvira falar de Harry Potter, ele era um estudante Auror espetacular e tinha uma noiva. Severus havia presumido que ele seguira em frente com sua vida e era agora um excelente Auror e pai de dois ou três diabinhos. Afinal de contas, Harry possuíra tudo para fazer sucesso. Não era culpa de Severus as coisas não tinham saído bem como ele imaginara.

Severus estivera tentando seguir em frente com sua vida também. Estivera lutando contra seus próprios demônios. Estivera perseguindo sua própria felicidade ao salvar seu único amor. Mas ninguém se preocupara em agradecê-lo. Nem o pirralho e nem seu amante cabeçudo haviam se dado conta de que o reencontro deles só fora possível graças a Severus.

Sabia que estava sendo injusto com Harry, afinal de contas, o garoto enfrentara muitas dificuldades na vida. Mas ele não se importava. Severus queria pensar na sua própria felicidade pra variar. Além do mais, não havia feito nada tão terrível quanto Sirius estava sugerindo. Ele realmente não sabia nada sobre a depressão de Harry e seus pesadelos com Voldemort. Fora informado daquilo há apenas alguns minutos. A vida miserável de Harry não era sua culpa em absoluto.

Bem me quer, Mal me querOnde histórias criam vida. Descubra agora