Draco estava perdido. Soube disso no momento em que viu Harry entrar no banheiro. Ele mordeu o lábio inferior com força e cerrou os punhos na beira da pia, mas seu corpo não parou de tremer. Havia apenas um homem no banheiro além dele e de Harry, mas ao notar a tensão ao redor, o homem rapidamente desapareceu. Draco respirou fundo para acalmar seu coração, porém, foi em vão. Seu coração sempre batia apressado quando Harry estava por perto.
Seus olhos encontraram os de Harry pelo espelho, e ele quase gemeu. Harry estava irresistível naquela noite. As caminhadas matutinas e as refeições balanceadas lhe fizeram muito bem. O moreno perdera aquela palidez que o fazia parecer doente. E mesmo que seu corpo continuasse magro, já parecia mais saudável que antes. A velha chama nos olhos verdes estava de volta, fazendo com que ficasse difícil resistir a ele. E o fato de Harry não estar usando óculos destacava ainda mais aquele fato.
Harry estava muito atraente. Draco acostumara-se a vê-lo apenas com roupas casuais. Preto e vermelho definitivamente lhe caíam bem. Aquela sua nova aparência sensual era espantosa. Repentinamente, Draco se viu de volta no começo do seu sétimo ano em Hogwarts, quando se dera conta pela primeira vez de que havia se apaixonado por Harry. Aquele era o Harry que ele queria. Aquele era o Harry Potter que havia lhe enfeitiçado os sentidos no passado. Aquele também era o homem que Draco mais temia e odiava.
Ele podia lidar com o Harry Potter casual. Mas com o Harry Potter novo e melhorado, com Harry me-coma-agora-até-eu-perder-os-sentidos Potter, aquilo era bem diferente.
Tudo era muito confuso. Draco ainda não conseguia acreditar que o que estava vendo nos olhos de Harry era desejo. Harry lhe mandara vários sinais confusos naquela semana sobre os seus sentimentos, era bem verdade. Mas Draco imaginou que a covardia de Harry nunca deixaria que ele assumisse seus desejos. Além do mais, Draco escolheu ignorar seus próprios sentimentos por Harry.
Mas bastou olhar para Harry e ver que tudo estava arruinado, o que apenas mostrava quão frágil eram as defesas de Draco.
Num último recurso desesperado, Draco pensou em Bill e se ordenou que não perdesse o controle. Não importava o quanto ele quisesse agarrar aquela oportunidade, ele faria a coisa certa. Convenceria a si mesmo de que o que estava vendo nos olhos de Harry não era um convite, mas uma ilusão criada por seu próprio desejo. Ele iria piscar e Harry novamente olharia pra ele com a mesma animosidade da semana passada.
- Potter, - Draco começou, tentando soar indiferente. – estou surpreso em vê-lo aqui. Eu...
- Por favor, não faça isso. – Harry grunhiu.
Draco franziu o cenho.
- Não faça o quê?
Harry cruzou os braços, zangado.
- Isso.
- O quê? – Draco perguntou sem paciência.
- Não finja que não notou nada. E antes que você pergunte, sabe muito bem do que eu estou falando. – Harry começou a andar pelo banheiro, nervoso. – Isso não é fácil pra mim, ok? Tudo é uma grande confusão, e não tenho certeza do que devo fazer. Mas sinto que vou explodir se não fizer alguma coisa. Preciso resolver isso de uma vez por todas. Desde aquele beijo, isso é tudo o que eu penso, diariamente, por toda a maldita semana.
Draco não soube o que dizer, então apenas ficou quieto e esperou que Harry terminasse seu discurso apaixonado.
- Por isso eu decidi parar com essa brincadeira estúpida. – Harry continuou. – Talvez eu esteja errado, e esteja me comportando como um tolo, mas quando você me beijou eu senti algo e pensei que você sentiu o mesmo. E hoje, quando nossos olhos se encontraram, seus sentimentos se igualaram aos meus.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bem me quer, Mal me quer
FanfictionQuatro anos após a derrota de Voldemort, Draco é intimado pelos Weasleys a ajudar Harry a sair de uma depressão profunda. Draco acha a ideia absurda, mas segue com o plano maluco de Hermione. Draco espera com isso enterrar seus sentimentos por Harry...