A última pessoa que Harry esperava que fosse bater a sua porta na manhã de domingo era Draco. Mas lá estava ele com seus cabelos loiros brilhando como ouro na luz do sol, seus olhos azuis encarando Harry friamente, suas mãos escondendo-se dentro dos bolsos da jaqueta de couro. Ele usava uma camiseta branca justa por baixo, e jeans preto que deveriam ser proibidos. Eles se encararam por alguns minutos, e então viraram os rostos, embaraçados.
Mesmo que Harry quisesse gritar e dizer a Draco que ele nunca mais queria vê-lo, apenas abriu a porta e deixou Draco entrar sem dizer uma palavra. A verdade era que ele não sabia o que dizer. Muitas perguntas estavam pipocando na sua mente, mas todas elas revelariam muito dos seus sentimentos, e ele não queria parecer frágil e confuso na frente de Draco. Por isso, ele apenas fez uma cara de indiferença como se nada de diferente houvesse acontecido entre eles; como se o beijo tivesse sido um sonho.
- Então, você está de volta. – murmurou Harry como se ele não esperasse por aquilo.
- Minhas melhores roupas estão aqui. Minha pasta também. Então, sim, estou de volta.
- Por quanto tempo?
- Trinta dias, Potter. Esse foi o nosso acordo, não? – Draco deu um sorrisinho. – Se você me der licença, tenho que rever uma papelada que deixei no meu quarto...
Pelo canto dos olhos, Harry observou Draco subir as escadas e sumir no corredor do segundo andar. Quis gritar para que Draco voltasse e conversasse com ele, mas não se atreveu a tanto. Afinal de contas, não sabia como agir na frente dele agora. Queria saber o que se passava na mente do loiro, mas não tinha coragem de perguntar. Como ele ansiava por fazer Draco revelar todos os seus segredos. Era como se Draco houvesse colocado um feitiço em Harry.
Pelo resto do dia, Draco o ignorou. Eles mal se viram, e quando isso acontecia, Draco rapidamente dava meia-volta e desaparecia. Harry não podia entender a estranha reação de Draco a sua presença. Era Harry quem deveria estar ignorando Draco, não o contrário. Se havia algo que mais irritava Harry era ser ignorado por Draco. Não podia imaginar as razões de Draco por estar tão calado. Não era do feitio dele de forma alguma. O Draco que ele conhecia teria entrando em sua casa fazendo gracinhas sobre aquele beijo embaraçoso. Não ficaria lançando olhares de esguelha para Harry.
Na hora do almoço, Draco cozinhou para ambos, mas não falou com Harry nenhuma vez, nem mesmo olhou pra ele. Harry deveria ter ficado feliz, mas ele não estava. Estava começando a se sentir muito zangado.
De tarde, Harry colocou de lado o livro que fazia de conta que lia com um suspiro frustrado, e marchou até o quarto de Draco. Não se importou em bater na porta antes de entrar sem pedir licença, afinal de contas, era sua casa. Entrou fazendo pouco caso da contrariedade de Draco e o encarou.
A respiração de Harry parou por um instante ante a visão de Draco sentado no parapeito da janela com uma pasta nas mãos. A luz do dia que desvanecia o fazia parecer um Angel quando incidia sobre seu rosto. As mãos de Harry se fecharam e ele resmungou.
- Certo. Vamos deixar uma coisa bem clara! – Harry começou inflamado. Não sabia exatamente o que dizer. Estava apenas zangado. Por isso, antes que pudesse pensar no que estava fazendo, as palavras escaparam de sua boca: - Nada aconteceu. Aquele beijo não significou coisa alguma. Portanto, se você está preocupado se Bill vai descobrir ou não, pode relaxar.
Draco ofegou ante a menção de Bill. Harry sentiu um prazer obscuro por mexer com ele finalmente.
- Não vou dizer nada. Nunca diria nada. Eu realmente respeito Bill. Você foi um bastardo por me beijar enquanto está com ele, mas esse é você, certo? Não se importa com ninguém a não ser com você mesmo.
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Bem me quer, Mal me quer
FanfictionQuatro anos após a derrota de Voldemort, Draco é intimado pelos Weasleys a ajudar Harry a sair de uma depressão profunda. Draco acha a ideia absurda, mas segue com o plano maluco de Hermione. Draco espera com isso enterrar seus sentimentos por Harry...