Um Draco amuado chegou na Rua Grimmauld, número 12, as cinco da tarde em ponto, após ser repreendido pelo chefe Jonah Garfunkel por 'fingir' trabalhar o dia todo. Na verdade, continou o chefe, Draco havia feito muito daquilo nos meses anteriores. Jonah terminou seu discurso áspero insinuando que não era à toa que Draco era um Malfoy, porque todo mundo sabia que os Malfoys tinham problemas em dar duro no trabalho. E se Draco tivesse um problema com o que ele estava dizendo, que voltasse para sua Mansão e se tornasse um verdadeiro aristocrata não fazendo nada além de dar ordem às pessoas a sua volta que lhe fizessem seus desejos absurdos. Era pra isso que as pessoas ricas serviam.
Draco engoliu sua raiva por duas razões. A primeira: os Malfoys realmente nunca haviam dado duro na vida, e na verdade sempre haviam vivido do trabalho dos outros. Aliás, os negócios da família sempre haviam sido ilegais. Segundo: porque ele não queria ser demitido. Mesmo que fosse um Auror preguiçoso, gostava de sua profissão. Ele se identificava com ela.
Infelizmente, o passado de sua família sempre testemunharia contra ele não importava o que ele fizesse ou onde fosse. Sempre haveria pessoas como o chefe Jonah para jogar a sujeira dos Malfoys na sua cara.
Antes de entrar na casa de Harry, Draco respirou fundo e contou até dez para esfriar a cabeça. Sua raiva estava oscilante. Como Harry também tinha suas oscilações de humor, Draco queria estar preparado. Não queria mais brigar com Harry, especialmente depois do fim de semana que haviam passado juntos. Mas com Harry, era sempre uma incógnita. As dúvidas de Draco estavam deixando-o vulnerável e, em consequência, mais defensivo que o normal. Draco estava tão perturbado que sua cabeça começou a doer.
Estava quase indo para o quarto de mau humor quando ouviu o som de um violão sendo dedilhado e uma voz suave, mas desafinada, ecoando no corredor. O som vinha da sala de estar. Ele caminhou até lá como se estivesse encantado, e por um momento parou para franzir a testa para a Sra. Black que usava um par enorme de protetores de orelha e xingava baixinho. Ela torceu o nariz quando o viu e olhou para o outro lado. Ela vinha ignorando Draco e Harry desde que os dois haviam passado seminus pelo corredor no dia anterior.
Draco revirou os olhos, grato por ela não estar mais gritando no seu ouvido sobre obscenidades sendo perpetradas na sua antiga e conservadora mansão. Ele voltou a caminhar e apenas parou quando alcançou a porta da sala de estar.
A primeira coisa que o deixou chocado foi ver Harry vestindo roupas novas ao invés do usual jeans desbotado e da velha camiseta branca. O jeans azul-escuro e a camiseta vermelha lhe caíam perfeitamente. Os rebeldes cabelos negros estavam desordenados de uma forma moderna dando a Harry um ar de 'me-coma-agora'.
Draco sentiu seu coração batendo mais rápido, e ele se perguntou se Harry havia se vestido daquela forma por causa dele. Tomou aquilo como um bom sinal. Significava que Harry não iria se apavorar sobre o que acontecera no final de semana, nem iria xingar Draco e chutá-lo pra fora de casa. Subitamente, sua dor de cabeça já não mais lhe importunava tanto. Mas isso só durou por alguns segundos quando ele notou a segunda coisa chocante em Harry.
O moreno tinha um violão nas mãos e estava cantando. E se isso não fosse chocante o suficiente, a letra da música era. Engolindo em seco e cerrando as mãos na alça da pasta, escutou:
- Love is a special thing; lovers only need honesty... two hearts the same... beating in the name of romance. And I... don't care who gives in... 'cause it's only a game, the end is just the same... what remains is why you're crying alone... so alone...(*)
(Tradução: O amor é especial, amantes precisam apenas de honestidade... dois corações idênticos... batendo em nome do romance. E não me importa quem se entregar primeiro... porque é tudo um jogo, e o final é o mesmo... o que sobra é a razão de você estar chorando sozinho... tão sozinho...)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bem me quer, Mal me quer
FanfictionQuatro anos após a derrota de Voldemort, Draco é intimado pelos Weasleys a ajudar Harry a sair de uma depressão profunda. Draco acha a ideia absurda, mas segue com o plano maluco de Hermione. Draco espera com isso enterrar seus sentimentos por Harry...