Três dias depois, Draco se viu sentado perto da janela, fazendo caras e bocas, amaldiçoando o destino e se odiando por protagonizar uma cena tão patética. Estava tão distraído que mal notou a entrada de Severus no aposento. Draco não conseguia tirar os olhos de Harry e Sirius, ambos voando no vasto céu cinzento como se não houvesse amanhã, e se divertindo à beça. Ele quase roeu todas as unhas, e grunhiu de insatisfação quando ouviu a risada alegre de Harry ao avistar o Pomo de Ouro.
- Quer aquele uísque agora? Parece que você está precisando. – disse Severus se divertindo ao observar Draco.
- Quero, por favor. – Draco respondeu. Ouviu uma risada suave atrás dele e se virou para olhar feio na direção de Severus. Seu padrinho o encarou de volta, silenciosamente dizendo: 'eu não te disse?' O sangue de Draco ferveu. – O que foi? – ele rosnou.
Severus despejou uísque para ambos e entregou um copo cheio para Draco. Depois de tomar um gole do seu próprio copo, Severus disse:
- Nada. Só estava... pensando sobre algumas coisas.
Draco ergueu as sobrancelhas.
- Coisas como... o quê?
- Coisas como... – Severus fez uma pausa por um minuto, depois disse com um sorriso escarninho: – Eu não te disse?
Draco o olhou de forma sombria. Depois, voltou a olhar para o céu no exato momento em que Harry pegava o Pomo e abraçava Sirius. Na opinião de Draco, a cena toda era lamentável. Harry estava se comportando como se ainda tivesse 12 anos e quisesse impressionar o pai com suas habilidades.
Bem que Severus o avisou sobre aquilo. Ele havia dito a Draco que, uma vez que Harry e Sirius fizessem as pazes, Severus e Draco ficariam em segundo plano. Draco havia rezado muito para que o resultado fosse diferente, mas Severus estava certo. Draco sentia como se nem existisse na maior parte do tempo.
Seus sentimentos sobre o assunto eram contraditórios. Por um lado, estava feliz por Harry. Por outro, estava fulo da vida. Ele agora desejava – bastante egoisticamente – que Harry não houvesse aceitado as desculpas de Sirius tão facilmente. Afinal de contas, Sirius nem havia se importado em procurar por ele.
Era Draco quem agora se sentia emburrado e sozinho. Bem, não tão sozinho. Ele tinha Severus e Johnny Walker, o uísque, para lhe fazer companhia e para lhe fazer ficar mais deprimido ainda. Encostou a cabeça no batente da janela e suspirou pesadamente.
- Pensei que estivesse feliz por ele. – apontou Severus maldosamente.
- E estou. – disse Draco secamente. – Isso não quer dizer que eu não tenha vontade de sufocá-lo até a morte por me deixar de lado e me ignorar completamente nesses últimos dias. Quer dizer, será que eles não se cansam? Não vejo Harry assim tão empolgado há muito tempo.
- Está com ciúmes. – declarou Severus com um sorriso malicioso.
- É, eu estou mesmo. – Draco admitiu amargo. – E estranhamente, você está aceitando isso muito bem.
Severus tomou outro gole de uísque e então fez uma careta.
- Estou tão zangado quanto você. A única diferença é que já estou acostumado. Sei que não sou prioridade na vida dele. Primeiro foi James, depois Lupin, depois os Marotos, depois a Ordem e agora... Harry. – Severus pareceu triste por um momento, depois o momento passou. – Não posso ganhar deles. O que eu vou ganhar ficando aborrecido com isso? Estou velho e exausto. Cansei de ficar reclamando sobre coisas que nunca vão mudar. Deixe que eles se divirtam. Ao menos ele fica comigo à noite...
- Não quero vir em segundo lugar na vida dele! – Draco explodiu. – Estou cansado de ser o segundo! Eu nem era o inimigo número um dele em Hogwarts, droga! Eu quero ser o número um! Eu mereço! Fui eu quem tirou ele da depressão, não Black! Ele estava se escondendo de Harry enquanto eu estava lá tentando ajudá-lo. E o que é que eu ganho em troca? NADA! Nem mesmo à noite!
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Bem me quer, Mal me quer
FanfictionQuatro anos após a derrota de Voldemort, Draco é intimado pelos Weasleys a ajudar Harry a sair de uma depressão profunda. Draco acha a ideia absurda, mas segue com o plano maluco de Hermione. Draco espera com isso enterrar seus sentimentos por Harry...