Draco nunca se esqueceria do estresse que teve que passar naquele frio começo de Dezembro. Durante as duas semanas que se seguiram, ele teve que aguentar uma série de julgamentos e infindáveis depoimentos na Sala de Tribunal número 10. Haviam sido horas e horas de humilhação, algo que necessitara de muita coragem.
Não havia sido fácil testemunhar contra Lucius tendo-o a apenas alguns metros dele, encarando Draco com olhos assassinos. Havia sido ainda mais difícil expor sua vida pessoal para todos no Tribunal. Mas tinha que ser feito. A tortura que sofrera nas mãos de Smear, a violência, o estupro... E a pior parte: dizer a todos que Lucius era o culpado por trás de todas aquelas coisas horríveis.
Seus esforços valeram a pena. Seu depoimento foi um definitivo e final golpe da longa ficha de crimes de Lucius. Foi o suficiente para trancá-lo para sempre. Enquanto Lucius era levado por um grupo de cinco Aurores – Hermione sendo um deles – ele lançou a Draco um último olhar de ódio avisando-o para tomar cuidado porque ele ainda iria causar muitos problemas.
Durante aqueles quinze dias, Draco quase não teve tempo de conversar com Harry apropriadamente. Tinha pavor em imaginar o que Harry estava pensando dele após ouvir sobre a verdadeira história do seu passado. Embora Harry houvesse tentado falar com ele antes, Draco preferira adiar a dolorosa conversa para depois do julgamento de Lucius.
Porém, agora que tudo estava acabado, Draco decidira se isolar e encarar seus demônios sozinho. Decidira ignorar as ligações insistentes de Harry o máximo possível. Em sua mente, tinha que percorrer aquele caminho das lembranças de seu passado sozinho para encerrá-lo de uma vez por todas antes de começar um novo. Contra os protestos de Hermione e Boss, entregou sua carta de demissão e foi se esconder num hotel perto do Ministério.
A verdade era que ele se sentia um fracassado. Seu orgulho estava aos pedaços. Ele havia estado tão certo de si mesmo. Havia pensado que era invencível, mas dois encontros com Lucius haviam provado que ele estava errado. Havia se deixado capturar numa armadilha infantil, e nem havia tentado sair dela por conta própria. Hermione e Harry tiveram que libertá-lo. E pior, foi sua mãe quem ajudou a pegar Lucius no final.
A impressão que tinha era a de que havia vivido uma mentira até aquele momento. Estava arrasado e deprimido. Antes havia sido um dos melhores Aurores do pedaço. Era dono de um apartamento ótimo e levava uma vida maravilhosa. Mas agora ele era apenas patético.
Começou a beber todas as noites para ajudá-lo a dormir, o que só serviu para fazer com que ele se sentisse ainda pior.
No sábado à noite, um dia depois da prisão de Lucius, um Harry muito zangado arrombou seu quarto de hotel sem seu consentimento, tirou-o da cama e o chacoalhou até que Draco não tivesse alternativa a não ser reagir.
- Mas que porra é essa, Potter? Me solta! – Draco gritou. Empurrou Harry com todas as suas forças, mas foi ele quem acabou perdendo o equilíbrio e caindo na cama.
Porque sua cabeça ainda sentia os efeitos do uísque da noite passada, viu o quarto rodar.
- O que diabos você quer? – perguntou a Harry de mau-humor.
Harry cruzou os braços e ergueu as sobrancelhas.
- O que eu quero? Bem, vamos ver. Estou procurando pelo meu namorado, Draco Malfoy. Viu ele em algum lugar? – Harry perguntou sério.
Draco fez uma careta.
- Pare de tentar bancar o engraçadinho...
- Por um acaso eu estou rindo?
Draco olhou para ele e viu que, realmente, Harry parecia bem sério. Nunca o vira com aquele olhar antes. Também o fez perceber o quão maravilhoso e atraente Harry estava. Não havia reparado em como a aparência do moreno melhorara desde que voltara do Tibet. Havia perdido muita coisa.
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Bem me quer, Mal me quer
FanfictionQuatro anos após a derrota de Voldemort, Draco é intimado pelos Weasleys a ajudar Harry a sair de uma depressão profunda. Draco acha a ideia absurda, mas segue com o plano maluco de Hermione. Draco espera com isso enterrar seus sentimentos por Harry...