44. Um cara legal

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 - Acho que o nosso passeio furou dessa vez – disse para Missy.

Eu estava sentado em um tipo de mureta, eu acho, que separava o gramado de todo o concreto no Jubilee Gardens, e ela, em pé sobre a grama à minha frente, balançava o corpo de um lado para o outro, com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco branco e os olhos atentos nas pessoas à nossa volta. O fim da tarde já se aproximava, então o clima estava mudando, as pessoas estavam mais agasalhadas e logo aquele não seria o melhor lugar para eu continuar com Missy se não quisesse que ela ficasse com mais frio.

Suspiramos ao mesmo tempo.

- Desculpe, pequena. Eu queria que você pudesse ver como é dentro do Palácio e, se tivéssemos chegado mais cedo, talvez teríamos visto os guardas fazendo alguma coisa de diferente ou... – estalei a boca, frustrado. Só ficar olhando as coisas não era assim tão divertido. – Hoje é o seu dia! Se quiser, podemos ir a outro lugar, ainda temos tempo...

- Mas eu estou gostando do passeio! – ela me interrompeu e me olhou, sorrindo com as bochechas e a ponta do nariz rosados pelo frio. – Estou aqui com você, gostei de ver o Palácio de pertinho... Os contos de fada não parecem ser tão bobos agora.

- Mesmo?

- Sim! E a London Eye... É bem grandona mesmo! Deve dar um medo ficar lá em cima – arregalou os olhos e eu ri, assentindo. – A gente pode voltar outro dia, não é?

- Sempre que quiser!

- Mamãe e a tia Sarah podem vir também? – quis saber e se virou para subir onde eu estava sentado.

- Sim.

- Até o Danny?

- Você gosta do Danny? – franzi o cenho e ela riu.

- Ele é legal.

- Então ele merece um adesivo? – perguntei me levantando enquanto ela começava a andar vagarosamente, com os braços um pouco abertos para se equilibrar sobre a beira da mureta.

- Acho que sim – sorriu e segurou a mão que ofereci para ajudá-la a se equilibrar.

- É, então o Danny também pode vir.

- Todo mundo?

- Todo mundo.

- Até mesmo o Snoop?

- Ahm... Nesse caso, eu vou ter que ver direitinho se ele pode – eu disse e andamos mais um pouquinho. – Está com fome?

- Não.

- Legal, mas eu estou. Vamos à cafeteria que tem aqui na Belvedere Road, preciso satisfazer a vontade das minhas lombrigas – eu disse e ela riu, acelerando o passo.

- Não, eu não quero, Harry – negou entre risos, soltando de minha mão para unir as suas atrás do corpo.

- Você está me desafiando? – franzi o cenho e ela pulou sobre a grama, me olhando com um sorriso sapeca brincando em seus lábios.

- Claro que não! – disse tentando reprimir o sorriso e deu alguns passos cegos para trás, arrumando a touca azul, que estava quase cobrindo seus olhos, sobre a cabeça.

- Pois eu acho que você está – comprimi os olhos e ela não conseguiu deixar de rir, encolhendo os ombros, ainda andando para trás.

- Eu só não quero ir.

- Mas você vai, porque eu estou morrendo de fome!

- Hã-han, não, não! – e balançou a cabeça negativamente, colocando as mãozinhas na cintura, e eu ri.

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