18. Saudades?

67 4 0
                                    

Quando o som da porta sendo destrancada chegou aos meus ouvidos, meus olhos se arregalaram no mesmo instante enquanto sentia que meu coração estava a ponto de explodir em meu peito. Desci os últimos degraus correndo com a intenção de impedir que essa fosse aberta, mas, antes que eu pudesse chegar perto de tocar a maçaneta, já era tarde demais. Ali entrou, mas parou abruptamente depois de dois passos com os olhos arregalados para a escada atrás de mim, para Brook.

- Ali...

- Se soubesse que esse era o seu motivo para não abrir a porta, eu nem teria me dado ao trabalho de procurar a chave.

- Alice, eu não...

- O que? Tinha razão, eu não devia ter vindo aqui, foi uma péssima ideia – ela me interrompeu encarando-me com seu olhar irritado antes de se virar a fim de sair da casa, mas eu segurei seu braço. – Me solta!

- Por favor?

- Me solta, eu não quero você perto de mim – pediu com firmeza, mas com olhos já marejados, e eu recuei.

- Me deixa pelo menos tentar...

- Tentar... Tentar o que, Harry? Tentar explicar? Adivinhei? – quis saber entre risos nervosos, deixando que lágrimas escapassem de seus olhos. – Acho que não vai dar. Eu tive que aguentar todo o seu ciúme e o seu drama sobre eu não ter contado uma coisa óbvia e ficar aqui, plantada na porta da sua casa, esperando pela sua boa vontade por mais de horas enquanto você... Você...

- Eu sei e sinto muito...

- É o meu último dia aqui!

- Eu sei! – disse em um tom mais elevado ao dar um passo à frente e ela deu dois para trás, mordendo os lábios. Odiava vê-la chorar, mas odiava ainda mais ser o motivo disso. – Sou um idiota e sei que o que fiz não tem explicação...

- Não, não tem mesmo! Nada explica isso – disse no mesmo tom e balançou a cabeça negativamente. – Mas tudo bem, como você disse, eu não me importo, não é?

- Ali, para! Você sabe que se importa...

- Não! – e levou as mãos ao rosto. – Não! Para!

-... Você disse que precisava de mim!

- Você não é insubstituível, Harry!

Suas palavras me atingiram como um forte tapa no rosto. Eu engoli a seco, atordoado, mas se realmente quisesse que ela ouvisse, que entendesse, tinha que continuar. Tinha que insistir. Não podia desistir dela.

- Eu te amo, você sabe disso. E você me ama! – consegui dizer.

Ela então parou por alguns segundos apenas para me encarar com seus olhos comprimidos, conseguindo assim quebrar com qualquer resquício de firmeza que ainda poderia haver em mim. A mais pura incredulidade era o que eles transmitiam. Sua respiração estava irregular como a minha e seu rosto, lavado por lágrimas, expressava toda a raiva e dor que eu causei a ela.

Era tudo minha culpa.

- Não diga isso! – ela apontou seu dedo para mim e veio em minha direção em passos largos e decididos. – NUNCA MAIS DIGA ISSO! SEU IDIOTA!

- Amor... – tentei alcançar seu rosto, mas ela deu um tapa em minha mão que se erguia.

- NÃO ME CHAME ASSIM! – gritou com a voz trêmula e, com suas mãos fechadas em punhos, começou a socar meu peito inutilmente. – EU TE ODEIO, EU TE ODEIO, EU TE ODEIO...

Make It ChangeOnde histórias criam vida. Descubra agora