2. Heineken

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- E aí, cara? Vamos? – Tom disse assim que abri a porta. – Está todo mundo lá embaixo, só falta você.

- Espera aí!

Pedi e fiz o caminho de volta até meu quarto em passos rápidos. Peguei o celular e a carteira que estavam sobre a cama e dei uma olhada em volta para ter certeza de que não estava esquecendo nada de importante. Olhei-me no espelho para dar uma última ajeitada no cabelo e enfim desci as escadas.

- Agora vamos! – passei por Tom, brincando com o molho de chaves entre os dedos, e ele veio atrás de mim para apertar o botão do elevador.

- Então... Hm, a Loren foi embora mesmo? – perguntou depois que tranquei a porta do apartamento.

- Bom, parece que não há mais nada dela aqui. O closet está praticamente vazio agora, porque ela ocupava a maior parte. A pia do banheiro não está mais lotada daqueles perfumes e maquiagens dela...

- Poxa, cara, sinto muito por isso – ele sorriu sem mostrar os dentes e me deu dois tapinhas no ombro antes de entrarmos no elevador.

Aquele era o seu sutil sinal de apoio amigo. Coisa que era comum entre nós há anos e que, neste exato momento, fez com que eu me sentisse até um pouco aliviado depois dos julgamentos aleatórios e de todo o resto que tive que ouvir hoje. Tudo o que eu mesmo estava pesando sobre mim sem que realmente me desse conta, de repente já não estava me incomodando tanto. Então inspirei profundamente fixando o olhar no painel que indicava os andares pelos quais passávamos e dei de ombros.

- Não sinta.

- Você não gostava dela de verdade, não é? – perguntou e eu apenas balancei a cabeça em negação. – Que bom, porque eu também não.

- Que coisa horrível para se dizer, cara, eu acabei de terminar um relacionamento sério – encarei Tom rapidamente com os olhos comprimidos, fazendo-me de ofendido, mas com um sorriso divertido no rosto.

- Você não vale nada mesmo, hein? Tem vergonha não? – indagou entre risos e eu dei de ombros. – Não está se sentindo nem um pouco triste pelo término?

- Tom, pela primeira vez depois de quase três meses eu estou indo ao Black Cat solteiro! Deixa o Danny saber que você está querendo me deixar para baixo logo agora – adverti-o com o cenho franzido, vendo as portas do elevador se abrirem. Ajeitei o casaco em meu corpo e saí na frente ainda podendo ouvi-lo gargalhar.

- Depois dela, você supera qualquer outra em questão de segundos, não é? – ele disse em tom de brincadeira, mas, ainda assim, suas palavras fizeram-me vacilar por um breve momento.

- As madames já estão prontas?

Danny perguntou impaciente, praticamente grudado no portão social de meu condomínio, e nós rimos mandando-lhe o dedo médio. Na verdade, eu o agradeci mentalmente por ter me salvado de uma provável avalanche de lembranças que me atingiria depois do que Tom dissera. Eu não precisava disso agora.

Então vi Danny deixar as mãos caírem pesadamente ao lado de seu corpo antes de se virar e se afastar em direção ao carro de Dougie, que estava ali parado ao meio fio atrás do carro de Tom.

- Você vem comigo e a Gi – Tom informou.

- Vai me contar a história ou não, Harry? – Gi perguntou logo que entrei e eu até me assustei. Caramba, mal tinha fechado a porta.

- Nossa, Fraser! Não dá para esperar um pouco, não? – perguntei apoiando a cabeça no encosto do banco.

- Vocês me deixaram curiosa, Judd! Paciência não é o meu forte – defendeu-se ao levantar as mãos na altura dos ombros.

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