32. A falta que faz

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Eram 8h e pouquinho da manhã e eu já estava de pé. Ainda me sentia um pouco doente, minha garganta começou a arranhar na mesma noite em que meus amigos estiveram aqui e eu tomei remédio, mas não adiantou de nada. Odeio ter que admitir, mas nenhum dos remédios que tomei até então me fizeram melhorar e talvez eu devesse mesmo ir ao médico.

Já disse que estou odiando estar doente? Se sim, desculpe, mas eu estou e vou continuar reclamando. Fala sério, em alguns momentos em que tossia, parecia que meu pulmão viria junto e cairia sobre meus pés!

Mas enfim, ontem ficamos somente Snoop e eu no apartamento, então aproveitei e liguei para minha mãe. Fazia tempo que não conversávamos e a cada dia que passava eu sentia ainda mais a falta da minha família. Meu pai, que não é muito de conversar pelo telefone, apenas mandou um 'Oi', enquanto Katherine, minha irmã mais nova, fez questão de conversar comigo.

Falamos sobre várias coisas, mas ela parecia mesmo ter ficado chateada por eu não ter dado notícias depois que voltei de turnê e, mais ainda, por não ter contado sobre Ali ter voltado do Brasil. Eu comentei que hoje fariam exatos trinta dias desde que havíamos nos reencontrado (não que estivesse contando, claro) e ela deixou bem claro de que estava indignada comigo. Katherine adorava Alice e, assim como meus amigos, achava que ela foi a minha melhor namorada até hoje. Mas agora estava tudo bem, tudo esclarecido.

Ah! E não falei sobre Missy ser minha filha, na verdade, esperava poder dizer isso depois do resultado do exame que faríamos hoje mais tarde. Esperava mesmo poder dizer isso.

E foi engraçado conversar com minha irmã, pois o único conselho que me deu sobre tudo o que lhe contei foi "roube a noiva", o que só me fez rir, mas, de certa forma, aquela não era uma má ideia e eu fiquei pensando naquilo por um longo tempo durante a noite até enfim pegar no sono.

Também arrumei a casa... Aliás, apenas organizei e coloquei as coisas em seus devidos lugares. Nada de limpar mesmo, varrer e coisas desse tipo, deixei essa parte para a governanta que minha irmã me recomendou, que eu já havia contatado. Essa senhora disse que não teria problema se eu precisasse dela hoje e ela, provavelmente, chegaria daqui alguns minutos, mas eu não a esperaria agora, queria sair, então apenas lhe dei as instruções básicas por telefone mesmo, avisando sobre Snoop e explicando que eu mesmo podia cuidar dos meus instrumentos musicais.

Assim, tomei meu café da manhã e peguei a coleira de Snoop na lavanderia, colocando-a no mesmo, que estava todo feliz, andando de um lado para o outro enquanto balançava o rabo freneticamente. Com a carteira e celular em meus bolsos, deixamos o apartamento e, ao mesmo tempo em que eu trancava a porta, Snoop se afastou um pouco de mim e se sentou em frente ao elevador. Há quanto tempo não saíamos mesmo?

Pedi para Ian, o porteiro, que encontrasse alguém do próprio prédio para ficar à disposição da nova governanta caso ela achasse que seria necessário, pelo menos por um tempo até eu voltar, afinal, não estarei no apartamento quando ela chegar e algumas dúvidas sobre o condomínio podem surgir. Depois disso, enfim saímos, caminhando por uns bons quarenta minutos ou mais enquanto o céu ainda estava escuro e o ar, frio e espesso.

Eu sentia as maçãs do rosto e a ponta do nariz gelado e não duvidava nada que estivesse com o rosto corado por isso ou que depois me arrependeria caso a gripe piorasse, mas, na verdade, eu não me importava, só queria andar um pouco e pensar. Ou até mesmo não pensar. Eu realmente preferia não pensar sobre coisa alguma.

- "I've found a reason for me to change who I used to be... (Eu encontrei uma razão para mudar quem eu costumava ser...)" – cantei baixinho. – A reason to start over new and the reason is you (Uma razão para começar tudo de novo e a razão é você).

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