21. Leve desconforto

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#Alice's POV

- Confortável? Humpf... Nem um pouco!

Ótimo, Alice, parabéns! Parabéns pela coragem, porque noção você não tem, não é, querida? Você merece até um prêmio, porque dessa vez conseguiu se superar no quesito "ideia mais idiota e desconfortável que já teve a infelicidade de sugerir nos últimos anos".

Agora você deve estar toda marcada pela costura das roupas e com a pele atrás dos joelhos irritada por conta da calça jeans justa com a qual resolveu dormir, além da dorzinha nos seios que não só os arames, mas o sutiã todinho causava. Acho que não é necessário nem falar sobre a maquiagem que ainda está nessa sua cara de idiota.

Ah! E mais um detalhe importante que, assim como todo o resto, é apenas mais uma consequência de suas escolhas... Você está presa nessa cama por dois braços muito fortes, que não querem largá-la de forma alguma!

Você deveria ter ido dormir com a sua filha... Não! Deveria ter saído daqui quando teve a primeira chance... Ou melhor, não era nem para ter vindo a esse apartamento, para começo de conversa, porque quando você acha que está tudo sob controle, acaba sempre cedendo. Principalmente quando o assunto em questão é Harry Judd.

Foi exatamente assim com o beijo na cozinha e está sendo aqui. Você aguentou firme quando ele disse tudo aquilo que, por muitos anos, você esperou ouvir, não disse coisas que não devia e até disfarçou bem em certos momentos. Mas, ainda assim, olha a situação em que você se meteu! Que vergonha, Alice! Será que você nunca aprende qual é o jeito certo de se fazer as coisas?

Tudo bem, tudo bem, chega! Sem pânico.

Respira...

Acho que não vai adiantar em nada eu mesma me repreender agora que já fiz o que fiz. Vou tentar parar de me culpar também, até mesmo porque é perfeitamente aceitável o fato de que nós estamos apenas dividindo a mesma cama e não fizemos nada além de dormir durante esse meio tempo.

Mas... Ahm, o que a minha filha, que deve estar no quarto ao lado, pensaria se parasse junto àquela porta entreaberta e visse isso? Se me visse dormindo de... Hm, de conchinha com um homem que não é o meu noivo? Certamente ficaria confusa, não saberia no que pensar e, com certeza, este meu noivo está me esperando em casa neste exato momento.

Ai, meu Deus, Robert está me esperando em casa neste exato momento! Tudo bem, agora um pouco de pânico até que faz muito sentido.

Inspirei profundamente e, com a maior delicadeza do mundo, tentei afastar um dos braços de Harry de minha cintura, mas ele só fez me apertar mais contra si.

- Por favor, Harry, me solta? – choraminguei em um sussurro exausto.

Olhei a minha volta, pensando na melhor forma de me soltar dele, e suspirei mais uma vez. Eu não queria ter que acordá-lo para uma despedida constrangedora como a que, com certeza, teríamos pela forma como estávamos tão juntos agora.

Ao me lembrar de uma ideia que costumava dar muito certo com meu noivo, tateei acima de minha cabeça à procura de algum travesseiro e encontrei nada, só a cabeceira da cama. Então me virei devagar entre seus braços até ficar bem de frente para ele, com sua respiração quente batendo diretamente contra meus lábios, fazendo-me engolir em seco ao sentir algo estranho acontecer em minha barriga e em meu peito.

Perto demais. De novo.

Tentei me manter calma, afinal isso não era nada demais, certo? Inspirei devagar a fim de clarear meus pensamentos, já que toda aquela proximidade estava me afetando desde que acordei, e senti o cheiro dele me invadir, me extasiar no mesmo instante. O mesmo perfume agradável que ficou gravado em minha memória depois das incontáveis vezes em que Harry me puxou para perto de si, evitando que caíssemos mais uma vez no rinque de patinação.

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