13. Sede

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- Tudo bem?

Reprimi meu riso enquanto a encarava com o cenho franzido, achando graça de seu comportamento. Desde o mesmo instante em que abandonamos meu carro e o silêncio entre nós predominou, ela mordiscava o lábio inferior de tempos em tempos e, agora, estava com os braços cruzados e batia repetidamente no chão com o fino salto da bota preta que usava.

Estávamos parados em frente à porta do apartamento de Tom há poucos segundos e eu tinha acabado de apertar a campainha, esperando que alguém enfim aparecesse para nos receber.

Eu podia sentir todo o nervosismo que ela ainda tentava evitar transparecer, por isso tinha me limitado apenas a observá-la, cedendo-lhe o espaço que talvez estivesse precisando. Mas também queria que ela relaxasse um pouco!

Não é nada demais.

- Tudo bem.

- Você parece um pouco nervosa.

Então ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha e deixou as mãos caírem ao lado do corpo antes de dar um suspiro pesado, virando-se para mim.

- Eu estou muito nervosa!

Ela enfim confessou com um lindo sorriso no rosto que traduzia todo o seu estado, fazendo-me rir um pouco e não pensar duas vezes antes de unir uma de suas mãos quentes e macias à minha. Foi um movimento completamente involuntário, juro. Eu tinha apenas a intenção de confortá-la e essa foi a ação mais simples que encontrei ao meu alcance naquele momento, mas só depois me dei conta do que havia feito.

Contato físico ainda não era algo muito comum, e nas poucas vezes em que aconteceu foi algo impensado. Instintivo. E, tão surpresa quanto eu com a quebra de mais aquela barreira entre nós, Ali pareceu prender a respiração enquanto mordia os lábios e piscava em minha direção, então eu sorri calmamente. A intenção ainda era fazê-la relaxar.

- Calma, Ali. Não tem razão para ficar assim.

Seu rosto adotou aquele tão conhecido tom rubro quando ela abaixou o olhar até nossas mãos, então a porta se abriu chamando nossa atenção de imediato e revelando uma Gisele extremamente sorridente, que logo estendeu os braços para a amiga.

- Amor da minha vida!

- Gi!

Ali sorriu entre um suspiro ao se virar de frente para ela, rapidamente sendo puxada para um longo e apertado abraço. E aos poucos sua mão se soltou da minha, dedo por dedo, para que seus braços pudessem corresponder devidamente à toda demonstração de carinho que ela recebia.

- Você, hein? – Gi disse com um sorriso, afastando-se um pouco para poder olhá-la diretamente. – Que bom que veio!

- Estava sentindo sua falta.

- Mudando de país como quem muda de roupa e não ligando para avisar as amigas, é claro que estava sentindo minha falta, Sawyer! Você sabia que os tempos mudaram e que redes sociais existem? – ela rolou os olhos, e Ali enfim se soltou dela, rindo.

- Como gosta de um drama, hein, Fraser? Não mudou em coisa alguma.

- Claro, foi preciso um Harry Judd esbarrar contigo em um pub qualquer e arruinar seu vestido caríssimo para que eu conseguisse seu telefone.

- Nem era tão caro assim.

- Isso não muda o resultado – Gi se defendeu gesticulando em minha direção e as duas me olharam.

- Gi! – dei o meu melhor sorriso e abri os braços para também receber um abraço seu, mas ela logo fechou a cara.

- Não fala comigo, Judd.

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