25. I don't wanna miss a thing

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- Eu disse que era fácil!

Abaixei o celular e me arrastei sobre o tapete até estar sentado ao lado dela, de frente para a mesinha de centro, onde ela havia se instalado para fazer o dever de matemática, e eu franzi o cenho para o caderno que estava aberto ali.

- Mentira que você já terminou.

- Pode ver, se quiser – Missy levantou levemente os ombros, então eu trouxe o caderno para mais perto.

- Nossa, meus parabéns! Você é muito inteligente! – admirei vendo todas as contas de soma feitas à lápis com aqueles pequeninos e bem redondinhos números, formando os resultados corretos.

- Obrigada! – disse entre um riso curto e eu voltei a olhá-la.

- Não tem mais nenhuma lição aí?

- Não, era só essa que estava incompleta – explicou enquanto fazia carinho em Snoop, que não desgrudou dela nem por um segundo sequer desde que chegamos.

- Tem certeza?

- Bom... Você sabe ler palavras em português?

- É... Acho que não vai ser hoje que vou conseguir lhe ajudar com todas as lições de casa – declarei ao fechar o caderno e ela riu antes de devolvê-lo à mochila.

E a campainha tocou.

- Tudo bem, não se sinta mal, português é um pouco difícil mesmo.

- Eu sei! – disse entre risos e enfim me levantei, seguindo em direção à porta principal.

- Mas mamãe é uma boa professora.

- Eu sei disso também – sorri ao dar uma piscadela, fazendo-a sorrir. – Está com fome?

- Um pouco – a ouvi responder ao mesmo tempo em que abri a porta, vendo meus amigos com várias sacolas em mãos.

- Ouviram? Ela acabou de dizer que está com um pouco de fome, mas tenho certeza de que foi apenas por educação. Por que demoraram tanto? – quis saber e Dougie riu empurrando para cima de mim as quatro sacolas que carregava.

- Para de drama e pergunta para o seu amigo Danny o motivo de nossa demora – ele disse ao entrar no apartamento. – Oi, Missy!

- Eu não sei de nada – Danny se defendeu seguindo o mesmo caminho que o outro. – E aí, tampinha?

Comprimi os olhos para os dois e Tom entrou no apartamento logo em seguida com mais três sacolas em mãos, cumprimentando-me com um leve meneio de cabeça antes de fechar a porta atrás de si.

- Você disse "nada de bebida" e Danny já ia trazer duas garrafas das mais fortes – explicou, atraindo a atenção do mesmo. – Ele está carente, coitado, não arranja ninguém e quer afogar as mágoas na bebida.

- Ei! Se for para inventar mentiras, nem precisa se dar ao trabalho de tentar explicar – Danny o repreendeu fazendo-me rir.

- Ah, é! Foi mal, cara, não quero ferir seus sentimentos – disse em falso tom de culpa e se virou para mim outra vez. – Na verdade, ele chora as mágoas à noite, quando a cama fica grande demais, fria demais...

- Vai s... – ele começou, mas logo foi interrompido pelo punho de Dougie em seu estômago, fazendo-o soltar um gemido sôfrego.

- Não está vendo que temos uma pequena dama aqui?

- É, e acho que Alice não vai gostar muito de saber que estamos fazendo a filha dela passar fome e ouvir palavras feias, além de ver gente feia como vocês – Tom acrescentou e todos olhamos para Missy, que encolheu os ombros enquanto a timidez dava cor e um leve sorriso ao seu rosto.

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