41. Da família

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ATENÇÃO: Esse capítulo contêm cenas de violência contra mulher.

- Você não precisa falar nada – Gi me interrompeu e deu um meio sorriso quando percebeu que eu permaneceria em silêncio. – Nós estamos aqui. Sarah, Tori e eu estamos aqui por Missy e por você, para apoiar suas decisões e ajudar em absolutamente tudo o que for preciso. Tudo mesmo.

- Não temos ideia de como foi ou como é o relacionamento de vocês nos mínimos detalhes – Tori disse. – E, não vou negar, é impossível não formar uma opinião sobre o assunto, acho que vai ser um pouco difícil também não pensar da mesma forma que Sarah, mas... Se quiser conversar é só chamar, nós vamos correndo assim como fizemos hoje!

- Então, por favor, nem pense em esconder qualquer coisa de nós outra vez – Gi comprimiu os olhos. – Principalmente se... Bem, você sabe... Se por acaso ele passar dos limites.

- Está bem.

- Promete? – ela insistiu e eu dei um sorriso fraco.

- Prometo. Obrigada – suspirei em alívio e as duas entrelaçaram seus braços aos meus, uma de cada lado.

- Vem aqui, Sarah, meu amor – Gi chamou dando dois tapinhas nas pernas e logo minha prima estava em seu colo.

Com as duas ali, o assunto foi rapidamente encerrado, dando espaço para mais uma conversa boba e despreocupada que já me arrancava risos enquanto Tori encostava a cabeça em meu ombro.

- Estou preocupada, cunhada. E se você perceber só quando for tarde demais? – ela disse depois de um tempo, em um tom baixo o suficiente para que somente eu ouvisse.

Sem desviar os olhos das outras duas, virei minimamente o rosto para demonstrar que estava ouvindo. Estava ouvindo muito bem e, na verdade, já estava até sentindo meus músculos se tencionarem sob a pele em antecipação ao que sabia que viria a seguir. Então Tori completou:

- E se você deixar escapar a chance que tem de admitir para si mesma que também ama Harry e que está com Robert apenas por medo?

- Não está mais tão ruim – ele disse segurando meu queixo e eu afastei sua mão com um tapa, arrastando o corpo para me sentar no outro extremo da cama e manter uma distância segura.

- Onde está Missy? – quis saber ao puxar as cobertas para mais perto.

Fazia alguns dias que eu estava trancada naquele maldito quarto, então a única coisa que queria desesperadamente naquele momento era vê-la, ter certeza de que estava bem e matar a saudade.

- Não vai tomar do café que eu trouxe especialmente para você? – perguntou indicando a bandeja à sua frente sobre a cama.

De fato, ela me parecia muito convidativa, mas decidi que não iria comer enquanto permanecesse trancada aqui. Não tinha mais o que fazer, não tinha saída e essa foi a única forma (imprudente, eu sei) que encontrei de tentar fazê-lo desistir da loucura que estávamos vivendo. Eu ainda estava tão irritada e enojada!

- Não. Eu quero ver a minha filha. Agora.

- Você não precisa agir dessa forma comigo...

- O que você fez com ela? – indaguei com cautela mesmo que estivesse sentindo um medo repentino.

- Alice... – começou com calma ao se sentar na ponta da cama, mas eu o interrompi.

- Eu só quero saber sobre a minha filha, será que dá para você me dizer?

- Ela está bem! – respondeu em tom firme. – Eu jamais faria mal algum àquela criança, é sua filha e não é ela quem vem me decepcionando.

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