Make It Change

33. Acredito em você

- Os senhores não preferiram evitar qualquer possibilidade de publicidade?

- Como assim? – Ali franziu o cenho.

- Sabemos que muitas pessoas públicas nos procuram, então é possível fazermos a coleta em outro ambiente, como no escritório de um advogado, por exemplo – a moça da clínica sugeriu. – Entretanto, mesmo neste caso, as coletas ainda precisariam ser realizadas simultaneamente, o que exige a presença de todos os envolvidos.

Estávamos os quatro, Robert, Ali, Missy e eu, sentados exatamente nessa ordem nas cadeiras em frente à mesa dessa moça, então olhei para Ali. Queria apenas saber sua opinião, pois já tinha certeza sobre a minha e, depois de nenhuma manifestação, balancei a cabeça em negação.

- Não, isso não é necessário.

- Tudo bem – a moça sorriu com um meneio de cabeça e tornou o olhar para os papéis que tinha em mãos. – Então essa será uma perícia DUO, em que os envolvidos são apenas o suposto pai e filho – e olhou para nós. – No caso, filha, correto?

- Isso mesmo – assenti.

- Desculpe a indiscrição, mas algumas perguntas ao decorrer do processo serão necessárias – informou e todos permaneceram em silêncio, então ela olhou para Ali. – A senhora é a mãe dela?

- Sim.

- E o senhor? – se referiu a Robert.

- Ela é minha noiva.

- Entendo. Quando iniciarmos a coleta, eu vou pedir para que o senhor aguarde na sala de espera, tudo bem? – a moça disse ainda em tom cordial e eu vi Robert franzir o cenho. – Devem estar presentes somente a criança, a mãe e o suposto pai.

- Eu não vou poder entrar?

- Infelizmente, não no momento da coleta.

- Eu não vou poder entrar, Alice? – ele olhou para a noiva, talvez esperando que ela dissesse algo, que protestasse ou sei lá! Mas ela continuou impassível.

- É só uma coleta de sangue, Robert – respondeu ao olhar para ele de forma breve e voltou a afagar os cabelos da filha, que jogava no celular da mãe.

Para ser sincero, eu tive muita vontade de rir por causa do modo como Ali falou, porque, primeiro de tudo, a presença de Robert aqui era totalmente dispensável e agora se achar no direito de exigir coisas, era um pouco... de mais! Não sabia que isso poderia ser possível, mas eu estava gostando cada vez menos dele.

Mas, observando Ali de soslaio, também percebi que ela estava muito incomodada com algo além disso. Ela não olhava e nem falava comigo direito... Na verdade, não tínhamos trocado uma única palavra até agora e, pelo jeito, o clima entre o casal já não era mesmo o dos melhores. O que aconteceu com os sorrisos e as mãos dadas?

- Bom, esclarecido sobre isso... – a moça chamou a nossa atenção, com o mesmo sorriso, provavelmente já acostumada com situações do tipo, tentando minorar qualquer constrangimento. – Devo dizer que a nossa clínica dispõe da tecnologia mais moderna que existe e de uma equipe técnica altamente qualificada. Aqui vocês encontram total atenção e sigilo. Estes papéis... – e entregou um envelope para mim e outro para Ali juntamente com uma folha, um tipo de cartilha e uma caneta. – Precisam ser devidamente preenchidos com o nome completo, a filiação e todos os outros dados, informações necessárias ao banco de dados do exame.

- Então, no caso, eu preencho pela Melissa?

- Sim! – a mulher assentiu e eu voltei meu olhar para o que tinha em mãos, ainda prestando atenção no que ela ainda explicava: – Assim que os senhores terminarem de preencher, por favor, coloquem o papel dentro do envelope e me entreguem, seus dados serão analisados e mantidos arquivados. Essa cartilha, – indicou a qual eu folheava. – Tem em seu conteúdo as normas do exame, informações sobre as responsabilidades, direitos e deveres de cada um de vocês dentro deste processo.