36. Posso?

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- Com certeza tem várias já espalhadas por aí em revistas, na internet, em programas de fofoca da televisão... Eu não sei sobre muita coisa, porque não procuro saber. E as fotos, tudo bem, mas a maioria do que dizem é muita mentira inventada para atrair atenção. É sempre assim com pessoas públicas!

- Acho que essa foi tirada ontem... – disse de forma pensativa e logo balançou a cabeça negativamente. – Acho não, pensando bem, tenho certeza que foi! São as mesmas roupas que vocês usavam ontem.

- E como era a foto?

- Ahm, você estava agachado, abraçando-a enquanto ela estava com os olhinhos fechados com força – gesticulou e eu assenti já assimilando a situação.

- Foi ontem mesmo, quando ela me disse que sempre sentia minha falta – comentei calmamente, vendo Ali abaixar o olhar e dar um longo suspiro.

- Acha que vão me julgar por isso? – quis saber e deu uma risada contida sem humor algum. – Porque, sinceramente, eu mesma já estou me julgando, condenando...

- Na verdade, eu falei com o Fletch hoje – disse, atraindo sua atenção mais uma vez. – Concordamos que, provavelmente, não farão isso se tivermos o resultado do exame em mãos e se eu deixar bem claro de que é a minha vida e, se por mim está tudo bem, ninguém deve se preocupar com nada.

- Suas fãs vão achar que sou uma bela de uma golpista e me odiar para sempre.

- Ah, com certeza! Pode esperar por um ataque pelo Twitter, será a primeira guerra virtual – brinquei rolando os olhos e ela riu.

- Melhor do que um ataque na rua!

- Não, elas não fariam isso. Já os parasitas... – levantei um dos ombros e ela fez uma leve careta. – Mas relaxa, não é como se as pessoas de fora fossem importantes, podemos lidar com isso.

- E será que podemos abrir o laudo juntos? Missy, você e eu?

- Claro – sorri e ela assentiu.

Assim um silêncio confortável se instalou entre nós por alguns instantes e isso fez com que eu me sentisse ainda mais tranquilo. Estávamos há horas sentados no sofá, desde pouco tempo depois que Poppy foi embora, conversando calmamente sobre várias coisas, algumas aleatoriedades e, aos poucos, nos entendendo sobre questões mais sérias como esta. Era exatamente isso o que eu queria. Então Alice suspirou, a fim de afastar as preocupações, e deixou que um sorriso brotasse em seus lábios.

- Tudo bem, agora me conte algo sobre você – disse com certa animação. – Mas tem que ser alguma coisa que eu ainda não saiba!

- Sobre mim? – franzi o cenho rindo e ela assentiu com veemência. – Não existe nada que ninguém saiba sobre mim, minha vida é um livro aberto.

- Ah, corta essa, Harry! Até parece que você não tem um segredinho sequer.

- Alguma coisa que você não saiba... – cocei a nuca pensando bem e tentando me lembrar de algo. – Não, nada.

- Como assim?

- Não lembro de nada agora – menti e ela dobrou levemente o lábio inferior em um bico, mais conhecido como "ato de covardia contra a minha pessoa", então desviei meu olhar e suspirei. – Está bem, acho que tem uma coisa, sim! – joguei a mão para o alto de forma displicente, fazendo-a rir.

- O que é? Anda, me conta! – pediu entre risos ao se aproximar um pouco mais e levou as mãos à orelha, animada em ouvir o tal segredo.

- Uma coisa que você ainda não sabe é que... – pigarreei um tanto sem jeito e disse tudo de uma vez, praticamente atropelando as palavras: – Eu ainda tenho aquela caixa.

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