30. Agora

106 5 3
                                    

- Pare de me seguir! Eu não quero saber!

- E eu não tenho nem o direito de me defender? – indaguei enquanto tentava acompanhar seus passos. – Nós estamos andando... Não! Na verdade, eu estou praticamente correndo atrás de você, há um bom tempo nessa droga de colégio, e você não me deixa falar nada!

- Claro que não! Você tem direito a nada, Harry, porque eu vi! E não importa o que queira me dizer, você está errado – gesticulou, dizendo a última parte pausadamente.

- Ah, você viu? – disse em tom sarcástico e ela bufou, parando abruptamente de andar para se virar para mim e me encarar de braços cruzados. – Então você está vendo coisas demais! Eu estava sentado, esperando por você, para nós subirmos juntos para as salas, então ela apareceu do nada, se sentou ao meu lado e começou a conversar comigo. Foi só isso, Alice!

- Tudo bem, então vamos ver se eu entendi – ela sorriu em falsa animação, e deu um tapa um tanto quanto forte em meu braço, fazendo-me encolher um pouco.

Devo confessar eu estava realmente dividido. Não sabia se ficava irritado com minha namorada, por estarmos discutindo sobre uma situação em que eu era inocente, se achava Alice ainda mais adorável, com o rosto ruborizado, por estar irritada ou se sentia medo dela justamente por ela estar irritada. Era a primeira vez que ela agia de tal forma comigo.

- Brooklyn Kinsley... Estudante do décimo ano, com a qual eu só conversei uma vez na vida, e que já não gosto nem um pouquinho, mas que com certeza é sua amiga íntima há muito tempo – disse com expressão de desagrado, colocando uma das mãos na cintura. Tudo bem, medo se encaixava melhor agora. – Ela sempre chega mais cedo no colégio, porque nem no mesmo período que o nosso ela estuda, para apenas se sentar ao seu lado e lhe fazer companhia, justo quando eu não estou por perto.

- Isso parece mesmo horrível, com você falando assim – ironizei e ela rolou os olhos antes de me dar as costas e começar a subir as escadas que nos levavam até as salas de aula. – Olha, eu também não gosto de Joey, mas nem por isso eu reclamo!

- Primeiro, Joey não fica dando em cima de mim e, mesmo se ficasse, eu não daria corda para ele se enforcar. Segundo – levantou o indicador e me olhou apenas para completar: – Você reclama sempre que tem a oportunidade!

- Ali... Não dá para você parar em um lugar, só para conversarmos direito?

- Nós não precisamos conversar – ela gesticulou ao parar no meio do corredor. – Eu vou para a minha aula e você, para a sua, pronto!

- Fala mais baixo! – adverti, pois tinha gente tendo aula, e olhei à nossa volta antes de ver Ali arquear as sobrancelhas e cruzar os braços.

- Ou você pode voltar para o campus – ela começou e eu bufei. – Se quiser, aquela garota pode conversar com você a qualquer hora, rir, mexer no cabelo e ficar te alisando...

Ela não ia parar! Alice continuaria com aquilo até ouvir algo como um "você está certa", coisa que não iria acontecer de forma alguma, porque eu era claramente inocente! Então peguei um de seus pulsos e a puxei para a primeira porta aberta que vi. Banheiro feminino.

- Ela pode continuar com os abraços e beijinhos na bochecha. Isso tudo porque ela é mesmo muito gentil e atenciosa...

O banheiro masculino ficava na outra extremidade do corredor e eu nunca faria Ali entrar lá... Cocei a cabeça nervosamente enfim e entrei, trazendo-a junto comigo. Eu não queria saber de mais nada! Sabia que não costumava ser muito bom em conversar e lidar com situações assim, mas queria que nos resolvêssemos de uma vez, parados em um único lugar como pessoas normais, sem distrações ou interrupções e, para a nossa sorte, logo demos de cara com um grupinho de garotas.

Make It ChangeOnde histórias criam vida. Descubra agora