37. Evoluindo

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- Como você foi parar lá? – arqueei as sobrancelhas e ela sorriu balançando a cabeça em negação. – Sério, eu quero muito mesmo saber.

- Passo.

- Quê? Ali, isso não vale! – reclamei em tom de indignação fazendo-a rir levemente.

- Sinto muito, falo sobre qualquer outra coisa, mas não sobre isso – e encolheu os ombros.

- Por quê?

- Primeiro porque não sou boa em mentir e, depois, porque não quero ter que tentar mentir para você.

- Mas por que você mentiria?

- Simplesmente porque não foi um momento muito legal na minha vida, não é algo sobre o qual eu queira me lembrar agora.

- Por que não? – insisti um pouquinho mais e ela comprimiu os olhos para mim.

- Você está querendo me enrolar! – acusou entre risos e me deu um leve tapa no peito. – Enfim, já disse: passo!

- Está bem! – concordei com um leve meneio de cabeça e ela levou a taça de vinho aos lábios. – Então vamos mudar de assunto... Fale sobre Missy. Você vai alterar os documentos e dar a ela o meu sobrenome?

- Melissa Judd Sawyer?

- Melissa Sawyer Judd! – retruquei de modo incisivo ao acertar a postura e Ali riu mais, logo dando de ombros.

- Acho que ela mesma pode decidir isso em um outro dia.

- E vou poder vê-la quando eu quiser, não é? Nada daquelas palhaçadas de a cada quinze dias ou somente aos finais de semana, feriados e nas férias? – quis saber fazendo uma leve careta em desagrado. – Sei que vocês já têm uma rotina e que precisaríamos nos organizar, mas às vezes eu passo meses longe de casa, em turnê com a banda, então acho até que mereço mais do que isso.

Esperei por uma resposta e apenas vi Ali sorrir de forma doce com as maçãs do rosto em um leve tom rosado, tomando suavemente uma de minhas mãos à sua, entrelaçando nossos dedos.

- Espero que saiba que você será mesmo um ótimo pai – declarou mostrando-se orgulhosa. – E era isso... Só isso que eu queria para Missy e ninguém seria melhor do que você.

Sorri com isso e depositei um beijo no dorso de sua mão. Alice tomou um longo gole de vinho, acabando com o conteúdo de sua taça e, depois de se esticar um pouco para colocá-la no chão junto à minha que ainda estava meio cheia, ela se virou, ficando praticamente de frente para mim.

- Preciso dizer que Missy tem muito de você.

- É, eu sei. Os olhos, talvez até o cabelo...

- Não, não só isso! – ela me interrompeu abanando o ar. – Acho que o gosto pela música é algo que veio de você e até quando dorme, tem que sempre estar abraçada a algo ou alguém, porque se não acorda no meio da noite... Às vezes fico pensando e imaginando se isso pode ser genético ou sei lá!

- Ah, Ali, isso já está parecendo coisa de histórias de uma adolescente – disse com um sorriso divertido e ela riu.

- Lógico que não!

- Aposto que nós apenas fazemos parte da imaginação de uma garota de dezesseis anos...

- Mas, Harry, é verdade!

- GAROTA! – gritei ao olhar para cima e até Snoop, que dormia tranquilamente até então, se mexeu em sua almofada, enquanto Ali gargalhava. – Se tem mesmo alguém aí, escrevendo a história da minha vida, por favor, tem algumas partes que merecem melhoras. Até mesmo a Alice, que não está falando coisa com coisa.

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