10. Doce

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Dougie era quem havia tirado todas aquelas fotos, achando-se o máximo com sua câmera fotográfica analógica. Sabe aquelas, que as imagens são capturadas e gravadas em filme, em negativo, e que depois você tinha que levar em determinada loja para revelar as fotos? Na época era de última geração. Mas, de qualquer forma, Ali adorava cada uma delas e eu também.

- Pelo amor de Deus, Dougie! Chega de fotos, cara. Que saco!

- É o primeiro ensaio nosso que a Ali vai ver, eu só queria registrar – explicou ao dar de ombros.

- Dougie, chega. Até eu estou ficando cansada dessa câmera – ela disse em um tom exausto, passando as mãos pelo rosto.

- Caramba, eu não estou fazendo mal para ninguém... – ele resmungou baixo e estalou a boca, jogando a câmera de qualquer jeito em cima do outro sofá, e eu rolei os olhos.

- Não, só está me cegando com a porra do flash – disse ironicamente e recebi um tapa de Ali na perna.

- Olha a boca!

- Pois eu espero que a gente fique tão famoso com a banda, que você não vai nem poder andar na rua direito, de tantos flashes que vão estourar na sua cara – Dougie disse sério ao cruzar os braços, mas só nos fez gargalhar.

- Nossa, Dougie, que praga terrível que você acabou de jogar para cima de mim! – eu disse entre risos e ele jogou uma almofada em minha direção, errando vergonhosamente. – Estou me sentindo mesmo muito amaldiçoado, por favor, me perdoa?

- Otário.

- Trouxa.

- Certo, certo... Ali, você quer alguma coisa? – Tom perguntou ao se levantar do sofá.

Tínhamos acabado de sair do colégio e estávamos apenas nós cinco na casa dele. Seria a primeira vez, depois de muitos pedidos insistentes, indiretas e olhares de cachorrinho sem dono – que ela sabia muito bem que surtiriam o efeito esperado, pelo menos em mim – que tocaríamos algumas de nossas músicas para Alice ouvir.

- Tem Coca-Cola? – Danny perguntou.

- Cara, você vem aqui praticamente todos os dias, pode muito bem levantar essa sua bunda gorda do sofá e ir à cozinha pegar o que quiser – Dougie disse e Tom concordou. – Aliás, eu também quero uma Coca. Valeu, Tom! – e voltou sua atenção à televisão e nós rimos.

- Ali, você quer alguma coisa? – tornou a perguntar.

- Não, obrigada – ela sorriu.

- Tudo bem, na hora que quiser, é só pedir. Eu vou lá em cima ver se minha irmã já chegou da escola e vocês três, babacas, se quiserem alguma coisa, sabem onde fica a cozinha.

Tom nos olhou uma última vez, como se quisesse ter certeza de que havíamos entendido suas instruções, e já nos deu as costas, subindo as escadas rapidamente de dois em dois degraus enquanto Danny e Dougie se levantavam do chão e do sofá onde estavam sentados, indo para a cozinha e resmungando por não terem sido servidos.

Não, eles não eram nem um pouco folgados, mas foram muito convenientes ao deixarem o cômodo naquele momento.

Enfim sozinhos, sentados nos extremos opostos do mesmo sofá de três lugares, Ali e eu nos entreolhamos brevemente. Ela mordia de leve o lábio inferior e eu sorria ladino. Estiquei-me, passando o braço em volta de sua cintura e, em um movimento rápido, a puxei para o acento vago ao meu lado. Alice me encarou, reprimindo o sorriso, e eu subi minha mão livre até seu rosto para tomar com devoção os seus lábios macios aos meus.

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