19. Apenas brincando

96 4 0
                                    

- E então?

- Era o tal noivo.

Rolei os olhos e suspirei ao me sentar de qualquer jeito em meu sofá, relaxando todo o corpo ali ainda que essa parte da conversa não fosse a que mais me agradava. Então Tom, sentado na poltrona próxima a mim, me encarou com as sobrancelhas arqueadas, esperando que eu continuasse.

- Nós estávamos conversando e rindo, nem percebemos quando um táxi parou praticamente ao nosso lado. Aposto que mais um pouquinho e...

- E o que? E vocês teriam se beijado?

- Por que não? Ela me beijou antes.

- Acha mesmo que Alice, mãe e noiva, arriscaria tudo o que aconteceu nos últimos anos apenas para ficar contigo? – indagou tediosamente, brincando de forma distraída com a caixinha entre os dedos. – É muita pretensão.

- Mas, por alguns segundos, foi o que ela fez.

- Não força a barra, Harry.

- Foi o que ela fez!

- E se arrependeu logo em seguida.

- Mas... Mas Alice está tão...

Gesticulei e grunhi em frustração, me afundando ainda mais no sofá. Já não sabia nem como descrever o quão completamente maravilhosa era a Alice que conheci anos atrás, então imagine agora!

Agora, que ela habitava meus pensamentos com maior frequência e que gastava apenas um pouco de seu tempo comigo e me fazia querer mais. Mais dos olhares, dos sorrisos, das mordidas no lábio inferior e do rosto ruborizado com facilidade em constrangimento. Mais da sua presença, que exalava força e independência, fascinando-me e atraindo-me e...

E fazendo eu me sentir um completo idiota.

Ouvi Tom rir, resgatando-me de meus devaneios, e tratei de me recompor entre um suspiro pesado e desgostoso.

- Bom saber que estou divertindo você.

- Diz logo como o cara é.

- É um cara qualquer, não importa. Ah, e ela me apresentou como "Harry, um velho amigo" e ele respondeu "então você é o Harry?", tipo... – gesticulei, realmente confuso. – Eu não entendo. Não contei, mas aconteceu praticamente a mesma coisa com a prima dela.

- E você não pensou que, não sei, talvez ela o rotule como o namorado mais patético que teve na vida? – debochou e eu logo joguei uma almofada em sua direção, acertando-o no rosto.

- Parabéns, Thomas, piadinha sensacional! – disse em tom sarcástico vendo-o jogar a almofada sobre a outra poltrona.

- Então você não a vê desde aquele dia?

- É, faz quase uma semana. Mas quem está contando, não é mesmo? – dei de ombros, fazendo-o rir mais. – De qualquer forma, vou ver a Missy hoje.

- Vai ver quem? – ele fez careta ao cessar os risos, incrédulo.

- Alice estará junto – expliquei. – Ela disse que a menina gostou de mim, e eu também gostei dela, então por que não agradar?

- Você está contando mesmo com que isso dê certo?

- Isso o que?

- Isso, ganhar Ali pela filha? – quis saber e eu franzi o cenho sentando-me corretamente.

- Não, não é bem assim...

- Mas é o que parece.

- Você só está dizendo isso porque ainda não conheceu a menina – defendi-me. – Eu gostei mesmo dela.

Make It ChangeOnde histórias criam vida. Descubra agora