34. Trégua ou guerra

93 2 0
                                    

- Alô? A... E a ligação caiu de novo... – sorri ironicamente colocando o telefone no gancho mais uma vez. – Ou estão tirando uma com a minha cara.

Suspirei e, quando pensei que eu finalmente poderia voltar para os meus papéis que estavam espalhados pela sala, o telefone começou a tocar de novo. Dei meia volta já bastante impaciente e atendi.

- Foi você quem ligou aqui nas últimas quarenta vezes?

- Erm... Não?

- Certo. Quem está falando?

- Garoto, é o Fletch! – ele disse e eu relaxei a postura. – Alguém ligou aí quarenta vezes e você não sabe quem é?

- Na verdade, não foram quarenta, foram apenas três vezes – rolei os olhos e ele riu do outro lado da linha. – Mas foram as três vezes mais irritantes de toda a minha vida.

Mentira, eu não estava nem me importando mais com isso.

- Entendi. Mas o que você tem para mim, hein? – quis saber e eu sorri olhando para as minhas queridas folhas sobre a mesinha de centro e, também, espalhadas pelo chão. – Alguma novidade sobre o projeto? Está criando?

- Apenas coisas boas para você, Fletch, como sempre!

- Ah, é isso mesmo que eu gosto de ouvir! – afirmou entre risos. – Mas você está bem, Harry? Sua voz está meio estranha, meio... Você está doente?

- Estou um pouco gripado, mas não se preocupe! Logo estarei melhor – me apressei em dizer a última parte.

Não queria que ele brigasse comigo e viesse com aquele mesmo discurso de sempre de que todos dos integrantes da banda, sem exceção, deviam se cuidar e bláblá, que corpo e garganta são muito importantes, pois são nossos instrumentos de trabalho e blá. Eu já sabia muito bem sobre tudo isso.

Pigarreei.

- Tudo bem, vou acreditar em você. Enfim... Não foi por isso que eu liguei, na verdade, tenho uma pergunta para te fazer.

- Manda!

- Garoto, a imprensa está me enchendo a paciência há pelo menos duas semanas, ligando e mandando e-mails, querendo saber sobre uma mulher e uma garotinha com quem você e os outros... Mas principalmente você! Estão sendo vistos e fotografados juntos com certa frequência – ele dizia e eu ri fraco podendo imaginá-lo andando de um lado para o outro enquanto gesticulava freneticamente. – No começo, eu pensei que fossem apenas fãs ou sei lá, mas agora já não tenho mais tanta certeza! Enfim, tem algo a me dizer sobre isso?

- Bem...

- Mas tem que ser algo concreto e verdadeiro. Porém não muito chamativo, está bem? – ele me interrompeu. – Para que eu possa emitir uma nota e então eles largam do nosso pé, você sabe como é... Por enquanto só estão de longe, criando suas próprias histórias e as publicando para instigar e criar interesse em torno disso, mas logo mais vão começar a atacar vocês, porque o público já quer saber... Você não tem acessado suas redes sociais?

- É, eu sei...

- Tanto vocês, quanto elas – Fletch me interrompeu mais uma vez, então pigarreei e me sentei no braço do sofá. Demoraria até que ele me deixasse falar. – Mas agora me diga algo bom para acalmá-los, mostrar que não é nada de mais. Pelo menos até que o novo projeto já comece a se encaminhar, pois vocês precisam de um tempo afastados.

- Acho que "verdadeiro, porém não muito chamativo" não vai rolar, Fletch.

- Ora, e por que não? Pelo o que eu vejo nas especulações dos parasitas... Digo, paparazzi. Você está saindo com uma moça que já é mãe, sei lá, pelo menos é o que parece, mas não é algo sério. Com você nunca é.

Make It ChangeOnde histórias criam vida. Descubra agora