23. Distância

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- O que foi, meu amorzinho? – Tom indagou de forma divertida quando colocou um copo sobre a mesinha de centro e se virou para mim, apertando meu rosto entre suas mãos. – Por que você está assim tão triste?

- Ah, sai fora, cara! – resmunguei e o empurrei, fazendo-o rir.

Vi ele chutar meus pés, obrigando-me a encolher as pernas, e puxar a poltrona ao meu lado para mais perto. Tom se acomodou ali, pegou seu copo de cerveja e suspirou.

- Vai ficar bêbado hoje?

- Não, acho que Gisele vai, então terei que cuidar dela.

- Não vai nem rolar uma comemoração pelo noivado? – perguntei sem nem precisar usar de um tom malicioso para que ele entendesse o que queria dizer. Ele já estava sorrindo ladino.

- Estamos comemorando desde o dia em que a pedi de fato. E já comemoramos hoje... Aí, nessa poltrona, inclusive, não deu nem tempo de limpar nada – ele disse com um sorriso gigante e eu me desencostei e levantei um pouco os braços, fazendo cara de nojo.

- Por favor, diz que é mentira? – pedi ao fechar os olhos de modo breve e ouvi Tom gargalhar.

- Sobre a poltrona, sim, é mentira – admitiu entre risos.

- Filho da puta – xinguei entredentes, mas ele continuou com seu sorriso divertido.

- O que? Eu não sou o Danny, estamos recebendo visitas hoje e eu só queria tirar uma com a sua cara – defendeu-se e eu tive que rir, lembrando-me de algo parecido que realmente havia acontecido durante uma de nossas turnês.

É, Tom não era o Danny...

- Mas ainda te acho um grande filho da puta.

- Tudo bem, mas e aí? – ele disse ao se inclinar discretamente em minha direção, perguntando em um tom baixo: – O que achou do noivo da Ali?

- Não gosto dele.

- Caramba, por que eu já esperava por essa resposta? – ele disse com os olhos comprimidos e eu sorri. – Você não acha que... Sei lá, talvez se sinta assim porque não pode tê-la? Porque não pode roubá-la de Robert, assim como fez com Joey?

Meu sorriso diminuiu e meus olhos desgrudaram de Tom, passaram pelo trio composto por Robert, Dougie e Danny, ainda no mesmo canto, e seguiram até o outro lado da sala, onde as garotas estavam.

- Já pensei bastante sobre isso – eu disse para Tom.

Vi que Tori parecia se sentir muito mais à vontade entre as velhas amigas de Gi, que havia deixado sua taça cheia de lado. Todas elas tinham a mesma postura, levemente inclinadas para frente, demonstrando interesse pelo assunto que desenrolavam enquanto riam baixinho. Até mesmo Missy parecia estar adorando tudo aquilo.

- Meu Deus, Sarah! – Gi exclamou de repente, fazendo todas se afastarem enquanto começavam a gargalhar, e deu um tapa no braço da garota ao seu lado antes de olhar rapidamente para Ali. – Ela pode dizer isso? Meu Deus, Sarah.

- É brincadeirinha, Gi, sua linda! – Sarah disse entre risos e abraçou de lado a amiga de expressão ainda incrédula, fazendo as outras rirem muito mais.

Então a conversa delas aos poucos retomou o volume anterior, embora os risos provocados ainda não estivessem totalmente contidos. Com a filha no colo e tentando se recompor depois de tanto rir, vi Ali respirar fundo e encostar a cabeça no ombro da filha, fechar brevemente os olhos e abri-los para encarar a aliança em sua mão direita. Ela mexeu a joia com a ajuda do polegar por poucos segundos e depois levantou os olhos para mim. Diretamente para mim.

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