8. Caixa azul-bebê

93 6 0
                                    

- Quê? – franzi o cenho olhando distraidamente para os armários da cozinha, tentando imaginar o que tinha de bom ali dentro.

- A senhorita Loren, ela disse que veio buscar um vestido, mas o senhor não deixou nada aqui na portaria.

- Ah, é... Eu tinha me esquecido disso – bufei passando os olhos pela sala.

Eu não tinha a mínima ideia de onde aquele vestido poderia estar.

- Pede para ela subir, porque eu ainda tenho que procurar essa merda.

- Sim, senhor – disse simplesmente e desligou.

Certo, era só mais um dos vários vestidos curtos de Loren, não devia ser difícil de achar. Já que o único que sabe viver no meio da bagunça sou eu, era só ir até a parte que costumava ser dela no closet e estaria lá, enfiado e escondido em algum lugar, mas com certeza estaria lá!

Arrastei-me escada acima mais uma vez e logo estava dentro do closet com as gavetas baixas escancaradas, enquanto eu ajoelhado no chão, revirava todas elas até encontrar um vestido rosa, caído atrás de uma delas. Levantei do chão entre um suspiro cansado e meus olhos rapidamente capturaram, em uma das prateleiras mais altas, uma caixa azul-bebê. A famosa caixa. Aquela que Danny havia comentado há alguns dias e a mesma que Loren vivia me perguntando o que havia dentro dela, mas que eu sempre dava um jeito de mudar de assunto. Não estava intacta, mas ela ainda existia.

Mordi os lábios e balancei a cabeça negativamente, dando-me por vencido. Não adiantava fugir daquelas lembranças, até mesmo porque a maioria delas eram tão boas... Então estiquei os braços puxando-a para fora da prateleira de uma vez. Coloquei o vestido de Loren e a caixa em cima da cama e a encarei por alguns segundos, optando por deixá-la fechada.

Pelo menos por enquanto.

Tornei a apanhar o vestido e desci as escadas ouvindo a campainha tocar.

Abri a porta, revelando uma Loren encostada ao batente da porta. Ela estava bem vestida, de social, como se tivesse acabado de sair do escritório onde trabalha, e não me olhava diretamente. Não por muito tempo.

- Oi, encontrou o vestido?

- Sim. Aqui está – disse estendendo-lhe o vestido com uma mão enquanto a outra ainda estava na maçaneta.

- Obrigada – deu um breve sorriso, dando mais atenção à um pequeno detalhe do vestido em mãos do que o necessário.

No mínimo desconfortável.

- Erm... E como você está?

- Bem. E você?

Indaguei com calma vendo-a me analisar discretamente, de cima a baixo e começando a me sentir um pouco mal por estar bem de verdade. Entende? Eu estava bem sem ela e, dificilmente, aquela separação me causaria qualquer dano emocional algum dia. Eu sabia disso. Loren não, por isso demorou-se um pouco para enfim me olhar nos olhos e suspirar.

- Também. Bom, era só isso...

- Loren, quanto a nós... – eu a interrompi quando ela se desencostou do batente. – Eu sei que provavelmente você já saiba, mas quero que ouça de mim que a culpa não foi sua. Em nenhum momento você fez algo errado. Isso ia acontecer cedo ou tarde. Sinto muito por tudo.

- Tudo bem. Desculpe tê-lo chamado de filho da puta desgraçado e de várias outras coisas...

- Você não...

- Eu sim – ela me interrompeu assentindo e eu sorri amarelo.

- Eu devo ter merecido.

- Sim, você mereceu – ela rolou os olhos deixando que um fraquíssimo sorriso brotasse em seus lábios e se aproximou de mim, depositando um longo beijo em meu rosto. – A gente se vê por aí, Harry Judd.

Make It ChangeOnde histórias criam vida. Descubra agora