Clueless 1

Pós-torneiro

Não sei que dia é hoje, talvez já seja segunda ou terça de novo. Só sei que Cedrico morreu na segunda passada e isso me deixa sem chão.

Desde a morte eu não saí do quarto, não estou indo para as aulas, não estou indo comer e não fui ao enterro. Não é drama, eu só não aguento, não tenho forças para isso.

Pansy traz as atividades e comida para mim. As atividades estou fazendo, mas a comida me enjoa. Não fui ao enterro pois com certeza eu não conseguiria mais sair de lá. Não estou pronta para ver o túmulo e saber que ele está lá dentro, sem vida.

As vezes meus amigos vem me ver, mas não consigo abrir a porta. Eu sei que eles precisam seguir a vida deles mas não entendo como conseguem dar risadas e levantar da cama.

Draco me trouxe aqui na segunda, na terça de manhã o expulsei do quarto. Antes eu sentia dor, sentia meu peito rasgar em mil pedacinhos mas agora, agora parece que todos os sentimentos e emoções sumiram. Não sinto mais nada, eu não sinto nem a dor da perda. Eu só sinto o vazio, vazio que ele deixou em mim.

Durante as noites tenho crises de ansiedade e Pansy sempre me socorre, ela tenta me levar para a enfermaria mas eu não deixo, não quero ir lá.

Fico pensando quando isso vai passar, se é que algum dia vai. Eu já estou esgotada, é como se nada tivesse mais importância. Como se eu não tivesse importância, não estou mais aguentando viver assim mas não consigo fazer nada...

A alguns dias depois da terceira prova, comecei a me cortar. Foi do nada, Pansy me trouxe o almoço e quando peguei a faca ela só deslisou para o meu pulso. As vezes até eu me acho louca mas sentir a dor física corrompe meus pensamentos vazios. Pq assim pelo menos eu sinto algo.

Pansy disse que hoje Dumbledore quer falar comigo, estou prestes a sair do meu quarto, mas o medo me detém. Quero ir lá e acabar logo com isso, mas não sei se consigo seguir em frente sem ele.

Passei pelos corredores e as meninas me olhavam com pena, como se eu fosse quebrar a qualquer momento, e talvez eu fosse mesmo, a qualquer momento posso quebrar e cair no chão chorando.

Das escadas escutei a comunal bem barulhenta, mas assim que pisei nela o silêncio se instalou. Novamente todos com pena de mim, eu odeio isso.

Tentei passar o mais rápido possível pelas masmorras e chegar depressa na sala do diretor.

Pelo caminho algumas pessoas tentavam me cumprimentar, mas eu só fingia não escutar.

Assim que parei na frente da sala do diretor, Snape estava saindo e me deu passagem.

- Boa noite senhorita Avery - disse o diretor.

- Boa noite diretor Dumbledore - eu disse e ele fez um sinal para que eu me senta-se na poltrona a sua frente.

- Sei que este momento está sendo difícil Camile, está sendo para todos, mas preciso que volte para as aulas, preciso que volte para as atividades da escola, infelizmente não podemos parar nossas vidas... entende? - ele disse,

Eu já tinha parado de escutar na parte de voltar para as aulas então apenas concordei com a cabeça.

- Se a senhorita precisar de alguma coisa, eu e os professores estamos a disposição - disse o velho barbudo.

- Obrigada, preciso voltar para o meu quarto arrumar as coisas para amanhã, com licença - eu disse e o velho assentiu,

O caminho da volta foi a mesma que o início, mas quando voltei a comunal só estavam Astória, Malfoy e sua gangue.

- Camile? Camile está tudo bem? - perguntou uma voz vindo do sofá, sei que é Blásio

Não! Não está nada bem! Amanhã tenho que aguentar todos fazendo a mesma pergunta e aguentar todos falando sobre Cedrico! Que inferno! Só quero voltar para o quarto, me dopar com remédios e dormir.

- Sim, está - eu respondi e uma lágrima se formou em meus olhos.

Virei para a escada e escutei alguns passos atrás de mim, em questão de segundos fui abraçada por Blásio. Seu peito estava tapando o meu choro e agradeci a Merlin por ele ter me abraçado. Ficamos um tempo assim até que ele disse.

- Vem, vou te levar para o teu quarto - ele disse e eu assenti.

Ele me levou até a porta e bateu uma vez na mesma que logo foi aberta por Pansy.

Pansy e Blásio me deitaram na cama, me cobriram e foram para o lado de fora. Fechei meus olhos desejando não acordar amanhã