𝖆𝖓𝖓𝖊 𝟏𝟔

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Revirei os olhos, ele é maluco da cabeça. Neguei com a cabeça, agradeci o suco, tomei enquanto mexia no Instagram e então, saí de casa com a bicicleta, em direção a escola. Cheguei no horário, assisti todas as aulas e logo meti o pé pra casa. Hoje eu tinha balé. Alice e os meninos tinham faltado, aposto que estavam de ressaca rs

Tomei um banho, almocei e saí novamente. Alice chegou no segundo tempo da aula de balé. Conversamos coisas aleatórias quando a aula acabou, chamei ela pra ir lá pra casa, mas ela disse que ia encontrar com o Vagner e eu a xinguei um pouco, me trocando por piroca.

Cheguei em casa, tomei um banho relaxante, tranquei a porta do quarto, liguei a tv num canal de música, peguei o celular, baseado e isqueiro e fui pra sacada; sentei, acendi o baseado e peguei o celular que tinham algumas chamadas perdidas e mensagens. Arqueei uma sobrancelha e notei que estava no mudo. As chamadas perdidas eram do Lorenzo; abri o wpp e quando ia abrir a conversa dele, o celular começou a vibrar na minha mão, era ele. Respirei fundo, deixei chamar pensando se atendia ou não. Parou de vibrar, mas não demorou muito pra voltar a vibrar; atendi.

Lorenzo: Caralho! - Exclamou, puto. Traguei o baseado e soltei a fumaça - Só acordou agora?
Anne: O que foi? - Perguntei, calma -
Lorenzo: Quero te ver. - Disse, e eu arqueei a sobrancelha -
Anne: Você é maluco? Até algumas horas atrás estava me esculachando e agora me liga como se nada tivesse acontecido. - Eu falava calma, sem peso na voz. Não queria me estressar pra não entrar numa vibe ruim -
Lorenzo: Eu estava puto, desculpa.
Anne: Contigo é sempre assim, né? Tá puto; me xinga de puta pra baixo e aí eu tenho que passar por cima da minha dignidade pra esquecer e te desculpar.
Lorenzo: Eu não suporto saber que tu tá com outro e aí descarrego sem pensar nas consequências.
Anne: Esse é o preço a se pagar por não querer assumir algo comigo, Lorenzo.
Lorenzo: Porra, eu já te falei que não tem a menor possibilidade disso acontecer, Anne. - Ele dizia com raiva - A gente fica há tanto tempo sem assumir nada, por que tu tá com essa porra agora?
Anne: Porque eu cansei de esconder. Cansei de não poder estar com você quando quero, cansei de sofrer imaginando você com outra porque eu não pude ir até você. Cansei, Lorenzo.
Lorenzo: Aonde você está?
Anne: Não interessa.
Lorenzo: Eu vou te buscar. Quero te ver.
Anne: Para. Para de me usar. Eu tô na merda, eu sempre fico na merda por causa de você. Caralho, você tá namorando, cara. Você assumiu uma mulher e não tá nem aí pros meus sentimentos.
Lorenzo: Caralho, Anne, eu não sabia que você estaria no restaurante. Tu acha que eu queria te fazer passar por essa situação?
Anne: Nao, claro que não. Queria deixar tudo bem cômodo pra você. A novinha apaixonadinha que quando você estala os dedos se desdobra pra te dar e a mulher que você desfila com os amigos.
Lorenzo: Você ta falando merda.
Anne: É só o que eu faço, né ? Falar merda.
Lorenzo: Você quer o que? - Estalei os lábios - Fala, porra.
Anne: Você sabe, eu te disse.
Lorenzo: Eu não posso te assumir, porra.
Anne: Ta, eu já aceitei. Boa tarde.

Desliguei, passei as mãos no rosto e abracei as pernas. Acabou, dessa vez é de verdade. Eu não quero mais ver ele na minha frente. Acabou! Eu vou me libertar dele de uma vez por todas, chega. Ele já brincou demais comigo. Já me usou demais. Eu vou viver minha vida. Se ele tem vergonha de dizer que está comigo, eu vou sumir da vida dele. Eu vou sofrer? Obvio, eu amo ele mas, vai passar, claro que vai. Ninguém nunca morreu de amor, eu não serei a primeira.

•••

Tem um mês desde meu último contato com o Lorenzo. Meu pai já tinha ido embora e eu voltei as minhas atividades normais, ou melhor, me obriguei a voltar. Hoje é sexta-feira e eu aceitei ir a um parque na barra com a Alice e o Otto. Estava me arrumando e a Alice estava aqui comigo. Nos despedimos da minha vó, esperamos o uber e logo chegamos ao parque. Compramos uma cerveja pra cada e fomos andar pelo local. Acho que meia hora depois, Otto me ligou avisando que estava perto da bilheteria dois. Avisei a Alice e então, seguimos até lá. Ele me abraçou, depositando um beijo no alto da minha cabeça e trocou dois beijinhos com a Alice. Ele perguntou se iríamos nos brinquedos; olhamos uma pra cara da outra, sorrindo e então, assentimos chocando as mãos. Ele riu, negando com a cabeça e foi pra fila da bilheteria. Me entregou uma nota de cem e pediu pra irmos buscar mais cervejas. Alice me deu o braço e fomos pro bar.

𝕸𝖊 𝖆𝖉𝖔𝖗𝖆Onde histórias criam vida. Descubra agora