𝕸𝖊 𝖆𝖉𝖔𝖗𝖆

𝖆𝖓𝖓𝖊 𝟓𝟓

Minha relação com a Alice está como se tivéssemos acabado de nos conhecer. Nos falamos esporadicamente no WhatsApp e em dia de balé, quando temos aulas juntas, eu fico meio travada de puxar qualquer assunto com ela ou qualquer outra pessoa porque eu fico com a sensação de que todos sabem o que aconteceu. Eu não sei mais e nem como voltar a desenrolar uma relação de amizade com a Alice e isso me mata e pra ela parece que tanto faz como tanto fez. 

Me inscrevi nas aulas de luta com o Maurício e tentava me distrair lá durante esses dias de solidão e tédio que foi o que me restou.

Durante esse início de mês de novembro nós saímos umas três vezes no máximo e sempre era com a galera, ou seja, sem muito contato de confidentes como antes. Já no finzinho do mês, iria rolar o aniversário do Heitor na casa dele no recreio. Eu aceitei ir depois de confirmar com o Otto se ele iria. Mas aí eu lembrei que provavelmente o Lorenzo iria e depois que tivemos aquela pequena discussão aqui em casa, bloqueei ele em tudo, inclusive o próprio número para que não conseguisse me ligar. Já iria fazer algum tempo que não tínhamos contato mas eu tô sentindo que isso será interrompido hoje no aniversário do Heitor. 

Depois de pegar um solzinho pela manhã na piscina do prédio, subi pra começar meu ritual de cuidados com rosto, corpo e cabelo pós sol e enfim, me arrumar para o aniversário que seria no início de tarde. Fumei um baseadinho pra entrar no clima e não demorou muito pro Otto mandar mensagem avisando que tinha chegado. Conferi se tinha pego tudo e desci fumando mesmo. Entrei no carro dando um abraço nele e ele pegou o baseado da minha mão dando um doiszinho também. Ele deu partida mas teve que parar pra abastecer e aproveitou pra ir comprar uma cervejinha pra gente. Joguei a ponta pela janela quando apagou e quando ele voltou, tirou uma foto minha e só me mostrou quando tinha postado.

"Minha copiloto"

Eu caí na gargalhada, peguei a cerveja, brindamos e bebemos. Ele deu partida e seguimos rindo, cantando e se provocando maliciosamente. Chegamos um tempo depois e já estava relativamente cheio. Procurei o Heitor por cima e quando encontrei, fui até ele lhe cumprimentando e parabenizando. 

Otto me puxou com ele quando foi falar com uns amigos e depois fomos pegar cerveja no bar, brindamos e viramos. Voltamos pra perto dos amigos dele porque eu não tinha ninguém que conhecia aqui, além do Heitor que estava dando atenção aos seus amigos. Aos poucos foram chegando mais gente e eu bebendo e interagindo com os amigos do Otto. Murilo chegou com o Vagner e eu avisei ao Otto que iria lá falar com eles. Nos abraçamos, fomos até o Heitor pra eles cumprimentarem ele e depois fomos no bar pegar mais cerveja. Ficamos trocando uma ideia ali. 

Do nada a Alice apareceu passando o braço pelo meu ombro me dando um susto. Rimos e nos abraçamos. Olhei rápido e vi o Lorenzo com a esposa na rodinha de amigos que eu estava antes. Cruzamos nossos olhares mas logo virei ficando de costas pra ele e dei um gole na minha bebida. Fui fazer um prato com churrasco e sentei pra comer enquanto mexia no celular. Quando eu terminei de comer, continuei sentada mexendo no celular pra esperar a comida dar uma assentada já que eu comi tanto e meio rápido por causa da larica e de tanto tempo sem ter comido. 

Murilo apareceu me puxando pra rodinha pra gente dançar e eu fui. Tocava eletrônica. O Murilo em momento nenhum tentou ficar comigo, mas eu notei que ele estava na intenção de uma das amigas do Heitor. A noitinha foi se aproximando, eu já estava mais animada que antes por conta da bebida e do lolo que tinha inalado umas duas vezes que um dos amigos do Heitor tinha me oferecido. Tava me acabando na onda da música ou achei que estava e o Otto apareceu me oferecendo uma garrafinha de água, eu aceitei, dei um abraço nele pulando no seu colo e fiquei me balançando no ritmo da música ainda no seu colo. Ele pedia pra eu beber a água e quando ele começou a se afastar da rodinha que eu estava antes, eu bebi a água toda. Ele me sentou na poltrona e sentou ao meu lado. Eu me recostei no sofá, e tava tentando controlar a respiração que estava acelerada.

Otto: Quer outra água? - Eu encarei ele sorrindo e neguei com a cabeça - Quer tomar um banho? 

Anne: Só se você for tomar comigo. - Ele riu e apertou minha coxa. Coloquei as pernas em cima dele e virei de lado no sofá, ficando de frente pra ele - Vamos procurar um banheiro? - Eu caí na gargalhada e ele acabou rindo também - Quero outra água. - Eu ia levantar mas ele me impediu- 

Otto: Deixa que eu pego, fica sentada aí pra desacelerar um pouco. - Eu bati continência e rimos.

Voltei a meio que deitar no sofá e comecei a procurar pelo meu celular, mas não encontrava. Levantei desesperada e comecei a procurar pelo sofá e mesa. Não encontrei e fui atrás da galera que eu estava antes e comecei a perguntar mas não estava com ninguém. Fui procurar pelo Otto que já estava se aproximando 

Anne: Perdi meu celular. - Choraminguei pra ele e o abracei -

Otto: Tá comigo, gatinha. - Eu o encarei e fiz bico pra que ele me desse um selinho e assim ele fez, alisou meu rosto e me deu a mão nos levando de volta pra onde estávamos sentados antes, ele me entregou a garrafinha de água já aberta e dei um goladão depois de agradecer ele - Vai curtir mais? 

Anne: Tá querendo ir embora? 

Otto: Pior que tô. - Disse, parecendo cansado e eu mordia as pelinhas da boca - 

Anne: Pode ir, eu peço um uber. 

Otto: Eu te trouxe, eu te levo. - Eu sorri pra ele e apertei suas bochechas - 

Anne: Fofinho. - Falei com voz de bebê. Ele me fez cócegas - 

Otto: Fofinho o caralho. - Rimos -

Brincamos mais um pouco e eu avisei que iria ao banheiro. Saí saltitante porque eu ainda estava na onda, feliz, leve e fui fazer meu xixi que não parecia ter fim. Lavei as mãos e joguei um pouco de água no rosto também que acabou borrando a maquiagem e aí eu aproveitei pra tirar ela de vez.