𝖆𝖓𝖓𝖊 𝟐𝟐

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Alice: Pera aí, Murilo.

Murilo: O qu... Anne! - Ele exclamou e afastou a Alice de mim, erguendo o meu rosto pra ele; afastei a mão dele e segurou meu rosto com as duas mãos, me dando alguns selinhos e depois me abraçou - Estamos aqui, cara. Relaxa! - Disse, contra minha cabeça e beijou ali - Vem, vamos pro quarto.

Ele levantou e me ajudou a levantar. Alice me entregou o roupão e depois que vesti, fomos pra minha cama e a Alice colocou algodão com esparadrapo nos meus cortes. Eu estava calada, mas as lágrimas estavam presente. Silenciosas e pesadas!

Alice: Quer alguma coisa? - Neguei com a cabeça -
Murilo: O que aconteceu? - Neguei com a cabeça -
Alice: Ela sempre fica assim nessa época... - Respondeu por mim -
Murilo: Eu nunca vi ela assim.
Alice: Porque ela nunca deixou isso sair daqui de dentro do quarto dela.
Anne: Alice! - A repreendi -
Murilo: Love... - Me chamou, com pena - Que isso, cara. Que deprê é essa?
Alice: É por causa da mãe dela.
Anne: Parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui. - Disse, rude e funguei - Eu quero ficar sozinha.
Alice: Não vou te deixar sozinha, Anne.
Murilo: Amor, você não precisa ficar sozinha. - Ele ficou com o rosto próximo ao meu enquanto alisava o mesmo - Deixa a gente tentar te animar? - Ele sorriu e me deu um selinho. Afastei ele e neguei com a cabeça - Coe, Anne. Tu não precisa ficar nessa não, brother. Reage! - Disse, sério. Afundei o rosto no travesseiro e voltei a chorar - Amor... que isso, para com isso. - Ele tentou me puxar pra ele, mas eu o afastei novamente - Anne, por favor.
Anne: Me deixem sozinha. - Pedi, mordendo o lábio - Por favor... - Ele olhou pra Alice e voltou a me encarar; forçou um sorriso e distribuiu alguns beijos pelo meu rosto -
Murilo: Você não tá sozinha, já é? - Eu não respondi - Eu vou, mas é porque eu sei que a Alice vai saber te convencer melhor do que eu. - Ele deu um beijo no alto da cabeça da Alice - Me deixa informado. - Ela assentiu e ele saiu do quarto batendo à porta -
Anne: Manda mensagem pra ele não contar isso pra ninguém. - Pedi -
Alice: Ele não vai falar nada.
Anne: Por favor, Alice? - Implorei e ela revirou os olhos, pegando o celular e mandando um áudio pra ele - Obrigada. - Ela deitou ao meu lado, atrás de mim e me abraçou me fazendo carinho -
Alice: Vamos conversar? - Neguei com a cabeça - Vamos sim. Pode começar... - Disse, firme -
Anne: Por que trouxe ele?
Alice: Eu não esperava te encontrar nessa situação.
Anne: Você me conhece, Alice. Sabe a merda que é pra mim dezembro.
Alice: Ano passado você não teve um surto desse.
Anne: Claro que eu tive... só que você não estava aqui. - Disse, rude. Ela não respondeu - Desculpa... Você não tem nada a ver com isso. Você não precisa ficar com esse peso nas costas. - Me afastei dela, virando de barriga pra cima - Isso não é um problema seu. Ninguém tem culpa de eu ser tão rejeitada. - Ela estalou os lábios, revirando os olhos -
Alice: Como uma boca tão linda dessa consegue falar tanta merda? - Ela riu e virou meu rosto pra ela - Você não é rejeitada, Anne. Eu não quero ficar te dando lição de moral. Mas, porra, olha a vida que você leva... - Ela esticou o braço, sinalizando minha casa - O seu pai precisa estar ausente pra te dar todo esse conforto. Sua mãe, caralho, não está aqui, mas sua vó e a Vivi estão contigo desde sempre te dando todo o amor que poderiam dar. - Eu funguei - Eu não tenho mãe, não tenho vó que mora comigo, toda hora tem uma troca de funcionário lá em casa... você tem pessoas que te amam de verdade e que acompanharam seu crescimento bem do seu lado. Você não é rejeitada, brother.
Anne: Sua mãe morreu, Alice. A minha está viva e escolheu não me ter na vida dela. - Funguei novamente -
Alice: Sua mãe era nova demais e não estava preparada pra te educar, Anne. A melhor coisa que ela fez foi deixar sua vó te preparar pro mundo. - Estalei os lábios - Agora você já está crescida e mais independente, com certeza a hora que você quiser, ela vai estar com você.
Anne: Mas sou eu quem tenho que ir atrás? Se ela me quisesse na vida dela, me procuraria.
Alice: As vezes ela tem receio por justamente não ter tido peito de te criar. Você pode dar o primeiro passo, né?
Anne: Você sabe que eu já fui inúmeras vezes atrás dela. - Ela ia falar alguma coisa, mas eu continuei - E eu não quero mais falar sobre isso. Acabou, daqui a pouco esse surto passa. - Voltei a deitar de costas pra ela -
Alice: Isso! Acabou! Vamos focar em nos distrair comprando nossas coisas de fim de ano? Roupas, presentes do pessoal... - Não respondi e então, ela se apoiou na cama e me sacudiu - Me enrolou o mês inteiro, agora não tem mais jeito. Natal é amanhã, precisamos comprar as coisas. - Respirei fundo e passei as mãos no rosto - Ah! Qual é, melhor coisa do mundo é gastar dinheiro fazendo umas comprinhas, amiga. Bora!
Anne: Vai você. Eu não quero e não consigo sair da cama.
Alice: Você vai fumar um baseadinho e vai levantar dessa cama sim. - Ela levantou e foi abrir as cortinas do quarto - Vou chamar o Murilo pra ir com a gente e você tirar seu atraso. - Ela gargalhou e eu coloquei o travesseiro na minha cabeça -

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