𝖆𝖓𝖓𝖊 𝟔𝟑

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Ele é o único que eu queria poder esquecer. O único que eu adoraria não perdoar. E apesar de partir meu coração, é o ÚNICO.

Eu não queria mais falar e nem ouvir ele me prometer mentiras. Fiquei deitada com ele ao meu lado me fazendo carinho e acabei adormecendo. 

Acordei com o sol queimando minha cara e estava sozinha na cama. Hoje é aniversário dele e obviamente ele passaria com a família. Se fossem outros tempos, eu também estaria lá com ele. Mas o meu destino, aparentemente, é esse mesmo... ser sozinha. 

Levantei com a preguiça de um bicho preguiça e fui pro banheiro fazer minhas higienes e tomar um banho. Voltei pro quarto, coloquei só uma calcinha e passei alguns produtos no corpo e rosto enquanto pensava em várias paradas que eu queria fazer com o Lorenzo hoje. 

Meu celular tocou e eu apenas olhei pra ver quem era, Alice. Estranhei e atendi.

Alice: Oi, Anne. Tô preocupada com você desde ontem. 

Anne: Desculpa, amig... - Me corrigi - Alice. 

Alice: Como você tá? 

Anne: Cansada... bem cansada. - Deitei de lado na cama - 

Alice: Quer que eu vá ficar com você? - Franzi o cenho - 

Anne: Não, claro que não. Hoje é aniversário do seu pai. 

Alice: Eu não tenho nada pra comemorar com ele, Anne. 

Anne: Não faz assim, Alice... - Lamentei - 

Alice: E eu tô realmente preocupada com você. - Ela completou, me ignorando. Eu respirei fundo - Quer fazer o que? - Fiquei em silêncio. Eu queria fazer tantas coisas hoje e tudo se resumia a Lorenzo. Fechei os olhos afundando o rosto no travesseiro e já senti minha garganta arder - Quer dar uma volta na praia? 

Anne: Alice... - Funguei - Vai curtir o dia do seu pai, beijos e obrigada.

Desliguei e deixei o celular ao meu lado enquanto me esvaia em lágrimas. Eu queria tanto um colo, um abraço reconfortante, uma família que fizesse questão de saber de mim... queria não me sentir apenas objeto para as pessoas.

•••

Já era noite, eu assistia uma série de comédia que não arrancava riso nenhum meu e comia um poke bebendo vinho. 

Comprei uma passagem pra Jericoacoara pro Lorenzo e mandei pro email dele de presente de aniversário com um simples "Parabéns, te amo." E ele não me respondeu, deixei pra lá depois de remoer por bastante tempo... 

Quando terminei de comer, resolvi ir pra banheira. Coloquei uma música e me deixei relaxar. Voltei no quarto pra pegar um baseado e peguei outra taça de vinho, voltando pra banheira. Antes de começar a fumar, mergulhei na banheira ficando o máximo que conseguia e depois subi buscando por ar. 

Passei a mão no rosto, sequei a mão e acendi o baseado dando uma boa puxada. Agora sim eu conseguiria relaxar de verdade. Fiquei um bom tempo ali curtindo minha onda. Escutei meu celular tocar algumas vezes, mas não tinha forças e nem queria ir buscar. Depois de um tempo, pensando, viajando, avaliando minha condição, resolvi sair. 

Tomei um banho no chuveiro, me vesti com roupão e coloquei uma toalha na cabeça. Fui no quarto pegar meu celular e resolvi tirar uma foto, voltei pra banheira depois de tirar o roupão e posicionar o celular e tirei algumas. 

Coloquei a banheira pra esvaziar e voltei pro quarto, deitando na cama. Escolhi uma e postei com um texto que tinha visto. Era bem o meu humor de hoje...

 Era bem o meu humor de hoje

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Agora sei: sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão.

Eu não queria olhar o Instagram da Alice pra não ver o que pudesse me machucar, mas acabei indo ver. Não tinha muita coisa, mas um vídeo curto do parabéns do pai na área externa da casa deles me fez chorar. Assisti várias vezes e por fim, joguei o celular longe, me encolhendo na cama. Que dia de merda. Notei que tinha adormecido quando acordei com o Lorenzo me alisando. Forcei um sorriso pra ele e ele me abraçou dando alguns beijos em mim. Suspirei e me sentei, passando a mão no rosto.

Anne: Feliz aniversário. - Ele abaixou a cabeça - Como foi seu dia? 

Lorenzo: Não importa... eu só queria estar aqui. 

Anne: Nem o café da manhã você tomou comigo, como que você queria estar aqui? 

Lorenzo: Tive uma emergência. - Assenti com a cabeça, mordendo o lábio - 

Anne: Como você subiu? 

Lorenzo: O porteiro me conhece... - Ele veio alisar meu rosto, mas virei a cara e levantei -

Fui ao banheiro fazer xixi e escovar os dentes. Voltei pro quarto indo pro closet, vesti só uma camisola levinha, borrifei um body splash e voltei pro quarto penteando o cabelo. Sentei na cama e ele mexia no celular. Antes de soltar, ele virou o celular pra mim com a foto que eu tinha postado. Não esbocei reação.

Lorenzo: Linda! Como sempre é... - Esperei ele continuar - Mas além de estar pelada, tá cheia de hematoma a mostra. - Eu revirei os olhos - 

Anne: Veio aqui pra isso? 

Lorenzo: Não... mas você pode apagar? - Neguei com a cabeça - Anne... 

Anne: Você não gosta de me marcar? Conviva com isso.

Levantei, tacando a escova na pia do banheiro e borrifei um spray de perfume e brilho pro cabelo. Passei as mãos no rosto e me apoiei os braços na pia, abaixando a cabeça em cima. Meu Deus, me dê um up, por favor. Tira essa tristeza de dentro de mim. Eu engoli o choro algumas vezes e o Lorenzo puxou meu braço, me fazendo levantar. 

Me encarou e deu um beijo na minha testa enquanto levantava meus braços pra checar se eu tinha me machucado. Ele me suspendeu com facilidade, me colocando sentada na pia e ficou entre as minhas pernas. Alisava meu rosto, coxa, me cheirava e beijava o pescoço. Eu tinha as mãos descansadas na pia, não queria tocar nele, mas o toque dele em mim queimava. Eu sentia a minha buceta implorando por ele, tudo meu implorava por ele. 

Ele tentou me beijar duas vezes e eu não deixei, tentou colocar minhas mãos em seu ombro, mas eu voltava a relaxá-las na pia. Ele bufou quando percebeu e jogou meus produtos no chão, me dando um susto. Saiu do banheiro. Passei as mãos no rosto, respirando fundo e desci da pia voltando ao quarto. Ele não estava. Peguei meu celular e já iam dar duas da manhã. 

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